Missão |
Ana Paula Alves Costa, Projeto SABI
Dar-se incondicionalmente
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Ana Paula Alves Costa nasceu em Lisboa, a 25 de junho de 1957. É licenciada em História de Arte pela Universidade Nova de Lisboa e prepara-se para iniciar o mestrado em Património, na mesma universidade. Em agosto de 2017 esteve em missão na Paróquia de Fajã de Cima, nos Açores (Ilha de São Miguel / Ponta Delgada).

 

Dar o melhor, em todos os sentidos

Até aos 15 anos viveu em Monsanto, perto de Santarém, “numa aldeia onde fui feliz e me alicerçou para a vida. Vivi no campo com o cheiro da terra, da natureza”. Cresceu numa família católica, “com o testemunho de uma mãe e pai muito presentes e ativos, que me ensinaram desde pequena o valor do amor, respeito e proximidade, afetos e principalmente muitos abraços e carinho com a comunidade, paróquia e família. Exemplo que me acompanhou no meu desenvolvimento como ser humano, alicerces que preservo, que me dão força e procurei transmitir aos meus filhos”, como partilha. Em 1976 concluiu o 12º ano de escolaridade do Ensino secundário no Liceu D. Pedro V, em Lisboa. “Entretanto, e devido ao meu gosto pelas artes e os tempos um pouco conturbados que se viviam na altura, ingressei na Escola António Arroio em Lisboa que concluí em 1979.Nesse mesmo ano surge um convite de trabalho na APPCDM, Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Mental de Lisboa (na Ajuda) que aceitei e onde trabalhei durante dois anos. Uma experiência dura ao início, aprendi a lidar com a deficiência quase profunda, problemas inerentes ao desenvolvimento psico-motor, a Trissomia 21. Depois aprendi que à minha volta era só Amor, Deus estava ali todos os dias connosco. Só tinha que dar o meu melhor em todos os sentidos, profissionalmente, e também a nível humano, cuidar com carinho e paciência apesar das dificuldades. Sentia que tinha que passar essa mensagem aos pais que ao deixar os filhos na instituição como se fossem um peso, era o que eu sentia todos os dias de manhã, estas crianças/adultas eram uma bênção de Deus, eram os seus filhos amados. Um desafio saudável”, diz-nos. “Apesar de já não ser jovem, resolvi correr atrás dos meus sonhos, sonhar não tem idade. Nesse sentido voltei a frequentar de novo o ensino superior em 2014, fui sempre muito curiosa. Move-me o querer aprender, o conhecimento, o saber e o contacto com os jovens, partilhar a alegria de viver. Em Maio do ano corrente 2017, conclui a minha licenciatura em história de Arte na Universidade Nova de Lisboa, e preparo-me para iniciar o mestrado em Património na mesma universidade nos próximos dois anos”, partilha.

 

Aceitar na Fé e na Esperança

Casou em abril de 1980 e dois anos depois nasceu o seu primeiro filho. “Nasceu prematuro, necessitando de cuidados e muita atenção, pelo que tive que deixar instituição onde trabalhava para cuidar do meu filho, que graças a Deus recuperou de tudo”, diz. “Em 1984 entrei para a Universidade de Lisboa, tinha acabado de fazer vinte e sete anos, iniciando a Licenciatura em História durante quatro anos. Outro sonho que corri atrás. Não consegui, no entanto, concluir a mesma pois em Agosto de 1987, nasceu a minha filha Maria Inês. Os momentos mais bonitos e cruciais da minha vida foram o nascimento dos meus filhos e que me orientaram no sentido da disponibilidade e espírito de missão que foi crescendo em mim, o qual estou aqui hoje, a testemunhar e partilhar. A vida não é como a idealizamos, é como Deus escreve. E Deus escreve bem. Ele sabe o que faz. Aceitar na Fé e na Esperança é o caminho e tudo se torna mais fácil, foi o que aprendi. A Maria Inês nasceu com uma deficiência profunda que a incapacitou durante os vinte e quatro anos de vida junto de nós. Partiu em Dezembro de 2011, e o céu abriu-se em festa para a receber, ela era um Anjo na terra, uma bênção de Deus, um presente do céu para mim, sua mãe, que de novo largou tudo, profissionalmente falando, em prol da família, para cuidar, e dela em particular. Várias vezes me senti abençoado por Deus, é muito forte, desde os meus meninos da APPCDM até á chegada dos meus filhos e em especial da Inês. Se falo dos meus filhos nesta experiência e testemunho de vida, é porque de facto têm sido eles e com a ajuda de Deus, um marco nas minhas decisões e passos. Ao abdicar, ao contrário do que a palavra pressupõe, ganhei muito mais do que deixei para trás, e isso confere sorrisos e paz. Ela foi a minha mestra durante vinte e quatro anos”, partilha na primeira pessoa.

 

A missão continua!
Sentiu a necessidade de “continuar a dar incondicionalmente, agora aos outros”. Em 2013 e 2014 fez parte do projecto de voluntariado Sênior da Domus Vida Residenciais em Lisboa, “a dar aos que apenas necessitam de atenção e carinho.” Conheceu depois o projeto Sabi e partilha a sua experiência: “O SABI entrou de uma forma inesperada mas ao mesmo tempo algo que eu já procurava no sentido de vivenciar de um modo mais profundo a riqueza do amor de Deus, e que fazia parte do meu percurso, continuar a dar mais e mais, aliás o lema deste projecto. A caminhada e formação que o Projeto SABI engloba rumo à Missão futura, campos de Trabalho, contacto com a população carenciada de Lisboa ao longo do ano, retiros, conduziu-me de novo ao trabalho de voluntariado no Hipódromo de Lisboa, acompanhando crianças deficientes, terapia com cavalos durante o ano 2016/2017.Partimos os quatro com alegria para a Paróquia de Fajã de Cima nos Açores, na Ilha de São Miguel / Ponta Delgada, em Agosto de 2017, dispostos a dar e chegamos à conclusão que recebemos mais do que demos, criando laços fortes com a comunidade insular. Estivemos em contacto com a população, com os jovens, participamos nas actividades da paróquia, com os idosos, dançamos, cantámos, partilhamos as horas do dia com sorrisos e abraços. E deixamos Amigos para a vida, ficou a saudade e alegria de voltar. Estamos juntos. A missão continua”, conclui.

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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