Domingo |
À procura da Palavra
A espera feliz
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DOMINGO I DO ADVENTO Ano B

“Vigiai, portanto, visto que não sabeis

quando virá o dono da casa.”

Mc 13, 35

 

Conhecemos tantas esperas, que até a sabedoria popular as cristalizou em dois tipos fundamentais: “Quem espera, desespera” e, “quem espera, sempre alcança”! Se o que há-de vir ou acontecer pode não depender imediatamente de nós, há sempre um modo passivo ou activo de esperar. Há sempre vida a contemplar, a agradecer, a engrandecer, a viver. Mais do que “roer as unhas” no temor do inesperado, ou ter por princípio que, “patrão fora, dia santo na loja”, importa não desperdiçar o dom de cada momento, como cantava Vinicius de Moraes: “E a coisa mais divina / Que há no mundo / É viver cada segundo / Como nunca mais.

 

Entramos no Advento deste ano à espera da água que caia do céu, e reavive a terra ressequida do calor e do fogo. Contra as nossas pretensões de senhores do mundo, consumidores e delapidadores da natureza, recordamos como são frágeis as nossas seguranças. É ocasião de reavivar responsabilidades, mudar comportamentos, estabelecer prioridades. O advento cristão é também isso. Não esperamos que o dono da casa venha fazer o que nos deu poderes para fazermos. E se a casa é a “casa de Jesus”, que veio substituir a casa de Israel, esta família onde todos têm plenos poderes, todos são necessários, e ninguém pode ser excluído, ela não tem fronteiras de nenhuma espécie. O único perigo é adormecermos e morrermos de inacção!

Imagino Jesus sentado com Pedro, André, Tiago e João, no Monte das Oliveiras diante da grandeza do Templo de Jerusalém. As palavras de Jesus devem ter assustado os discípulos: terremotos, guerras, perseguições, falsos messias, destruição de Jerusalém, as estrelas a cair do céu e as forças do céu abaladas! E termina com o convite a vigiar. Em cinco versículos insiste quatro vezes na vigilância. Não é o medo que Jesus quer suscitar mas o compromisso, a espera activa e feliz de quem cuida da casa e dos irmãos, de quem aguarda o sol nascente, que vence a noite e as trevas. É a alegria de trabalhar para o dono da casa que confia poderes e dá o tempo para que tudo possa crescer. O tempo, que será abraçado pela eternidade, ganha uma grandeza que nos interpela. É caminho que não se percorre de qualquer maneira, que convida ao maior bem possível, que sacode os adormecidos e os indiferentes, que fortalece os audazes e criadores, e revela como todos somos amados e importantes para Deus. Assim, neste tempo onde a criação está sempre a realizar-se, o “nosso tempo”, podemos descobrir o que dizia o poeta António Botto: “O mais importante na vida é ser-se criador. Criar beleza.”

Assim, esta espera é feliz porque sabemos que Aquele que esperamos anda no meio de nós, é descoberta do que todos podem fazer, é alerta para que ninguém adormeça nem deixe por semear o que tem de belo e de bom, é confiança feliz de que, como dizia um personagem do filme “O Exótico Hotel Marigold”: “No fim estará tudo bem. Se ainda não está é porque ainda não é o fim!” De que tipo são as nossas esperas?

P. Vítor Gonçalves
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