Lisboa |
Visita Pastoral à Paróquia de São João de Deus
“Pôr o Espírito de Jesus em tudo”
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A Paróquia de São João de Deus é uma “paróquia sinodal”, onde cada cristão é desafiado a ser um “agente ativo e não simplesmente um destinatário daquilo que se propõe”, aponta o pároco, cónego Carlos Paes. Durante a Visita Pastoral a esta paróquia da cidade, D. Nuno Brás apelou aos adolescentes da catequese para “não desconfiarem” da vontade de Deus quando interpelados na sua vocação.

 

A Paróquia de São João de Deus, em Lisboa, apresenta-se não como uma paróquia “piramidal”, onde um vértice é o sacerdote que depois conta com os colaboradores para aplicar a sua ideia, mas como uma paróquia “circular, em vários círculos concêntricos, com um eixo e uma cabeça, que é Jesus Cristo”. A descrição é feita, ao Jornal VOZ DA VERDADE, pelo pároco, cónego Carlos Paes, que está nesta paróquia desde 1982. A “capacidade de acolher” é aquilo que é mais preservado nesta paróquia da Vigararia Lisboa IV. “Atrás do acolhimento vem um desafio para a inclusão”, garante o pároco, que destaca um facto “curioso”: “A igreja de São João de Deus tem quatro portas, que estão abertas, desde as 8h30 até às 23h00, todos os dias”. “Estão abertas porque as pessoas procuram”, sublinha.

 

Referência

A grande movimentação que existe, diariamente, em todos os espaços da paróquia mostra a disparidade quando se fala de uma paróquia-tipo, no centro da cidade. Em plena Praça de Londres, a Paróquia de São João de Deus conta, por exemplo, com quase 550 crianças na catequese – o que, juntamente com outros grupos e movimentos, obriga a um planeamento semanal para a utilização das salas. “O número de crianças na catequese era uma coisa que nos surpreendia. Agora já sei que é assim. A paróquia não é tanto o território, mas é uma comunidade referência. Ao longo dos tempos, as pessoas viram uma referência nesta paróquia e é isso que faz com que ela, hoje, seja muito frequentada. Por exemplo, quem tem filhos e netos, mesmo que não viva na paróquia, gosta de os trazer aqui, para a catequese. No ano passado tivemos mais de 100 batismos, o que é surpreendente”, refere o cónego Carlos Paes.

 

Diversidade

Em plena rua, ou até ao entrar na igreja, em horas próximas às Missas Dominicais – que habitualmente totalizam mais de 1000 fiéis –, é fácil encontrar carrinhos de bebé. Para o cónego Carlos Paes, este facto “é expressão de uma certa reciclagem da população”. “São pessoas com formação escolar superior e cultura média superior, que tornam a paróquia realmente urbana, até nesse aspeto da cultura predominante”, descreve o pároco. Estas características levam também a paróquia a contar com vários e diversificados grupos de leitura e oração. “O que é comum numa paróquia, aqui é muito diversificado porque a paróquia é grande”, refere. Toda esta “diversidade” acabou por “surpreender” o Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Nuno Brás, durante a Visita Pastoral à Paróquia de São João de Deus que decorreu entre 28 de novembro e 3 de dezembro.

 

Corpo de Cristo

No entender do pároco, de 78 anos, foi uma Visita Pastoral que “correu muito bem e, por isso, com um balanço positivo”. “A Visita Pastoral acaba por ser um acontecimento com um significado muito especial, porque constitui um pretexto para que a própria paróquia tome consciência de si mesma, de forma apresentar-se ao Bispo, em todas as suas expressões, desde as administrativas às pastorais, que, neste caso, foram agrupadas em três áreas: uma ligada à Evangelização direta, outra à Espiritualidade e Liturgia e a terceira à Ação Sociocaritativa”, descreve o cónego Carlos Paes.

Foram várias as realidades pastorais que receberam a visita de D. Nuno Brás, ao longo de uma semana. Na assembleia com os adolescentes da catequese, que decorreu no passado dia 29 de novembro, no auditório da igreja de São João de Deus, o Bispo Auxiliar de Lisboa apelou ao sentido comunitário. “Não há cristãos sozinhos. Nós somos cristãos sempre uns com os outros. Vocês são membros do mesmo Corpo de Cristo que eu. Somos membros desta mesma realidade que é a Igreja. É uma riqueza!”, garantiu D. Nuno Brás aos adolescentes a partir do 4º ano da catequese.

Perante o resultado de um questionário prévio feito aos diferentes anos da catequese paroquial, e onde foi abordado o tema ‘A descoberta da vida como vocação’, os catequizandos expressaram falta de “maturidade” para se poderem questionar sobre a sua vocação. O Bispo Auxiliar lembrou que a “vocação não é algo que escolhemos, mas algo a que somos chamados”. “Temos que aprender a não desconfiar de Deus. Deus quer o melhor para cada um de nós e, por isso, se nós descobrirmos aquilo que Ele quer para cada um temos mais segurança nesse caminho do que simplesmente daquilo que eu acho, gosto ou gostava”, referiu D. Nuno Brás.

 

Palavra iluminadora

Um dos momentos mais significativos da Visita Pastoral foi a visita ao maior empregador que se situa na Paróquia de São João de Deus: a sede da Caixa Geral de Depósitos. Segundo o pároco, cónego Carlos Paes, a presença de D. Nuno Brás nas instalações da entidade bancária acabou por se tornar “uma bênção para todos os trabalhadores que o acolhiam”. “Estas experiências também ‘puxam’ pelos Bispos e o D. Nuno Brás tem uma grande proximidade e atenção, sempre com um sorriso. A visita foi sempre muito interessante e as pessoas gostaram muito da sua comunicabilidade e até de uma palavra iluminadora que ele dizia com muita espontaneidade, mesmo não levando nada escrito”, salienta.

Estes e outros momentos da Visita Pastoral foram vividos de forma muito particular pelo cónego Carlos Paes, como “uma oportunidade para dar conta do que existe” na comunidade paroquial e a sua missão como pastor. “Isto faz-me comparar toda esta riqueza a uma grande orquestra, com vários naipes, em que cada naipe tem um conjunto de instrumentistas, todos diferentes. Quando guiados por uma boa equipa e Mestre, podem produzir um acontecimento musical. Nessa orquestra, a única pessoa que não toca instrumentos é o pastor, porque a função dele é dar visibilidade à cabeça e ao eixo da comunidade que é Jesus Cristo, que faz com que todos funcionem em harmonia”, descreve.

 

Espírito de Jesus

Para o futuro, “os desafios estão feitos”, garante o pároco. “Estamos a seguir a Constituição Sinodal de Lisboa. É um documento que orienta toda a pastoral e traz-nos o desafio para não ficar tudo na mesma, uma renovação permanente. Procuramos que seja uma paróquia sinodal, em que cada cristão seja um agente ativo e não simplesmente um destinatário daquilo que se propõe”, define o cónego Carlos Paes, que conta com a colaboração do vigário paroquial, padre Robson Cruz, e de três diáconos permanentes: António Antunes, João Carmona e Rui Mesquita. “As pessoas têm que estar habilitadas a pôr o Espírito de Jesus em tudo aquilo que tocam, desde a família e a catequese, até ao emprego e aos tempos livres e, sobretudo, uma participação esforçada e consciente da Palavra de Deus, porque esse é o grande desafio que nos foi lançado pelo nosso Patriarca e pelos Bispos Auxiliares a toda a diocese, para estes três anos pastorais. É uma alegria ver a capacidade que as pessoas vão tendo para corresponder”, refere o cónego Carlos Paes.

texto por Filipe Teixeira; fotos por FT e Paróquia de São João de Deus
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