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P. Duarte da Cunha
A Europa grita, vem Senhor Jesus
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No tempo do Advento rezamos muitas vezes: Vem Senhor Jesus.

É um grito do coração de quem sente que precisa mesmo de ser salvo. Mais ainda, é sinal que se sabe que essa salvação não é abstrata ou mítica, mas tem um nome: Jesus Cristo. Neste pedido há como que uma profissão de fé: eu creio que Jesus é o nosso Salvador.

Esta certeza não pode vacilar! Mesmo sabendo que ela é experimentada em simultâneo com a consciência de pecado e de fragilidade que todos reconhecemos ter.

É, certamente, um grito pessoal. A salvação é pessoal e tem de ser pedida e acolhida pela liberdade de cada um. Mas a pessoa não é uma ilha nem pode pedir para ser salva sozinha!

Por isso pedimos que Jesus venha também para os outros. Antes de mais, pedimos que venha aos que nos são mais próximos. À nossa família como um todo e a cada um dos seus membros. Porque cada um é único! Testemunhar dentro da família a certeza de que a salvação vem de Cristo, embora nem sempre seja fácil, é o primeiro grande desejo que o amor familiar gera em quem tem fé: queremos que Jesus seja reconhecido por cada um dos irmãos, filhos, pais, primos, tios. O mesmo vale pela positiva. Quando experimentamos a alegria da comunhão de fé na família, isso tem um impacto particular na vida.

Queremos ir ainda mais longe. Quem encontra Jesus Cristo quer o que Ele mesmo quer. Quer chegar a todos! E nós queremos Jesus Cristo para o País, e para o Continente e para o Mundo inteiro.

Estando há já vários anos empenhado na Igreja ao nível do Continente, percebo com cada vez mais clareza que é mesmo de Jesus Cristo que o Continente precisa. É d’Ele que cada país precisa e que a Europa precisa. E neste tempo de Natal é muito claro que Ele tem muitas portas fechadas na Europa. Por vezes até dos lugares onde estão a festejar o Seu nascimento! É cada vez mais raro vermos nas Cidades, na televisão ou nos filmes natalícios a relação entre o Natal e Jesus Cristo. Falam de bons sentimentos, mas esquecem-se da origem! Por vezes já nem os cartões de boas festas trazem uma referência a Jesus.

Não digo só que é raro ver pessoas a viver como Jesus nos mandou. Pecadores sempre houve. E por isso foi sempre necessário dizer: vem Senhor Jesus.

Hoje o problema é este paradoxo: celebrar a festa do Nascimento de Jesus Cristo sem falarmos d’Ele nem com Ele.

Parece que as pessoas andam tão distraídas do essencial e tão stressadas com tantas coisas que deixaram de escutar o grito do coração que faz ver que nada deste mundo lhe basta. Os nossos contemporâneos, se e quando sentem que precisam de ajuda, dirigem-se a tudo e todos, mas não a Jesus Cristo! É verdade que é importante o desenvolvimento económico, mas ele não nos salva do pecado, das tensões, dos medos sobre o futuro, etc. É também certo que a política e os acordos de paz ou de cooperação ajudam a ter uma vida mais tranquila, mas não garantem a vitória sobre o egoísmo ou sobre o fechamento em nós mesmo, nem evitam a tentação da corrupção ou da indiferença perante o outro. É verdade que as comunicações sociais nos fazem saber tantas coisas da vida dos outros e de quem sofre, mesmo de quem está muito longe, mas não me parece que consigam gerar a reconciliação e a comunhão que todos desejaríamos para o mundo! Por vezes até fomentam mais as tensões!

A Europa, aliás todos o mundo ocidental, já foi mais cristão. Não sei se mais bem-comportado, se mais honesto e se mais justo. Mas mais cristão, certamente já foi. Porque era a Jesus que recorria para pedir a graça da conversão e era para Jesus que olhava para aprender o sentido da vida. E, por isso, mesmo quando as coisas não corriam bem, havia esperança. Porque se sabia que Deus na Sua misericórdia nunca nos abandona. Quando havia pecado, pedia-se perdão a Deus e aceitava-se o desafio de mudar de vida com a ajuda da Sua graça. Já quando se pede a outros salvadores ajuda (dinheiro, política, media, etc.) vemos que estes nem conseguem mudar o coração nem são capazes de incutir a esperança.

Precisamos de Cristãos, com famílias e comunidades onde a fé esteja viva e seja experimentada com alegria, que estejam na vida do trabalho, da economia, da política, dos media, para dizerem a todos a certeza que só com Jesus Cristo o mundo se salva.

A Europa e o mundo precisam de cristãos que não tenham dúvidas que só Jesus salva! E que gritem: Vem Senhor Jesus.