Missão |
Rita Penela, Projeto Sabi
“Trago na mochila também a vontade enorme de embarcar novamente!”
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Rita Penela nasceu a 21 de abril de 1991, na Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra. Trabalha na Direção-Geral do Consumidor, no Ministério da Economia, desde setembro de 2016. É membro do Projeto Sabi e este ano esteve em missão em S. Tomé e Príncipe.

 

Colocar-se à disposição para partir

Viveu e cresceu na Praia da Vieira (concelho da Marinha Grande) até ingressar no Ensino Superior em 2009 no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. O jornalismo era “um sonho de vida, porque queria ter a oportunidade de falar a todos sobre temas que normalmente não são abordados, no sentido de conseguir impactar consciências meio adormecidas na sociedade”. Devido a este sonho, fez a sua escolha de formação académica e optou pelo curso de Ciências da Comunicação, fez uma pós-graduação em Práticas e Estudos Jornalísticos e termina este ano o Mestrado em Jornalismo. O seu desejo de missão surge desde o seu percurso de catequese e das aulas de Educação Moral e Religiosa Católica. “É muito engraçado perceber isso com muitos anos de distância, mas agora é muito claro para mim que há algumas pessoas que marcaram este meu percurso que me trouxe até aqui. Uma delas foi o catequista Rui e outra, claramente, o Professor Carlos Lourenço que sempre foi um testemunho de caridade e entrega ao outro na vida. Mais tarde, com a entrada no Corpo Nacional de Escutas há a Dirigente Mónica que nos impele a ir mais longe e a pegar na mochila e na Palavra e a partir”, partilha. Por sentir que na sua vida faltava um grupo onde “pudesse estar em oração” e sentir-se “a olhar para o futuro, de entrega, com os mesmos olhos de quem está ao meu lado” em setembro de 2016 decidiu entregar-se também ao Projeto Sabi. “Um Projeto onde nos é dado espaço para crescer, onde a noção de confiar naquilo que é o plano de Deus para cada um de nós nos coloca à prova em vários momentos, onde estreitamos laços e fica claro que podemos dar sempre mais”, diz-nos. Após uma “caminhada de um ano”, que incluiu campos de trabalho e retiros, colocou o seu mês de agosto “à disposição da organização do projeto para que pudesse ser enviada para qualquer uma das missões, em Portugal ou lá fora. Para minha enorme surpresa no dia das revelações, de cada missão e grupo missionário, o meu nome surgiu entre 5 (António, Sara, Sofia, Francisca e eu), para serem enviados a 6 de agosto a São Tomé e Príncipe.”

Partir para a missão completamente despojada de expectativas
Sobre a missão, partilha na primeira pessoa: “Parti para a missão completamente despojada de expectativas e com o coração disponível para que Jesus pudesse ocupar o espaço necessário em mim e isso era sinónimo de me entregar totalmente, a cada dia, todos os dias. A presença do Projeto SABI em Santana reflete-se na dinamização de um Campo de Férias para Crianças e Jovens durante 3 semanas, nas instalações da Paróquia e, duas vezes por semana, em tardes nas Roças de Mestre António e Praia Almoxarife e Uba Budo. Este ano, pela primeira vez, foi criada uma primeira semana, com os jovens que iam ser monitores do campo de férias nas 3 semanas seguintes, para que pudéssemos ter um período de entrosamento maior com eles (nós, os 5 missionários SABI) e alinhar aquilo que seria o trabalho a realizar durante as aulas e os tempos de atividades fora das salas. As surpresas começaram cedo. Quando se parte em missão, muito daquilo que achamos que levamos é a nossa vivência da Fé e que só podemos passá-la àqueles que nos vão acolher… Mas em São Tomé bebi mais daquilo que é a vida de um Cristão do que muitos dias de caminhada na minha vida cá em Portugal. Durante a primeira semana, por exemplo, numa das dinâmicas em que explorávamos a noção de compromisso com a família, depois de um tempo de debate sobre o diálogo e a importância da caridade, a Jessica, uma das monitoras mais jovens, prontamente me silenciou ao dizer: “Numa família onde não haja Deus, não há família”. Recordo esta frase muitos dias agora que já voltei… Estava tudo efetivamente dito, o facto de todos trazerem Jesus na boca, em cada momento e na forma como olham o futuro foi uma das muitas revelações que senti ao longo da missão e que me fizeram crescer. O desafio de viver 24/24h com 4 pessoas que, até partir em missão apenas tinham partilhado alguns fins-de-semana de entre um grupo de mais de 20 pessoas, foi vivido num ambiente fraterno de amor e muita compreensão, amenizando alguma sensação de impotência face à realidade local que em alguns momentos foi surgindo e que, especialmente na primeira e segunda semana me foram difíceis de gerir. Faço minhas as palavras do António que algum tempo depois de termos chegado escrevia um texto onde dizia que tinha partido com 4 amigas e regressado com 4 irmãs, eu parti com 3 amigas e um amigo e voltei com 3 irmãs e 1 irmão somados à família. O sentido de Corpo e união que vivemos em muito ajudou a suportar os desafios que se impõem a quem parte em missão, tendo os momentos de oração da noite sido, na minha opinião, essenciais para cimentar a nossa vivência da Fé e de grupo. Santo Agostinho deixou-nos uma frase belíssima que me acompanhou especialmente durante este tempo de missão: “Ama e faz o que quiseres”. Deus só nos pede que amemos os nossos irmãos, neste Corpo que formamos. E o este “só” não é fácil, mas reflete-se em cada ação que praticamos na nossa vida, na entrega que colocamos naquilo que fazemos e no quanto somos capazes de amar até aqueles com quem não concordamos ou em quem não conseguimos encontrar uma única ponte de contacto connosco. É nos momentos em que mais nos é difícil compreender e aceitar que mais somos chamados a amar e a escutar. A ouvir e a ter uma postura de caridade, de companhia. Claro para mim é, também, aquilo que de maior trouxe desta missão: Sentir e ver Jesus revelado em todo o momento. Desde o mais simples sorriso de uma criança, onde todos conseguimos – com facilidade – alcançar Jesus, à conversa mais improvável numa Roça onde, mais uma vez, se percebe que o que está no centro da vida daquelas pessoas é o essencial: Deus. A procura constante que fazemos da presença de Deus entre nós, no meu caso não teve lugar durante o tempo de missão porque pude experimentar verdadeiramente o que é ser-se filho muito amado e ser-se filho muito amado em missão é amar, com todas as nossas forças. Acima de tudo, aquilo que trago de São Tomé e Príncipe é a ambição de conseguir falar a todos de Jesus, como lá me falaram. Trago na mochila também a vontade enorme de embarcar novamente, de poder entregar-me mais tempo e crescer com quem tanto tem para me ensinar. Não querendo tocar o cliché de quem parte em missão, mas tocando, efetivamente aquilo que se traz é exponencialmente maior do que aquilo que podemos, em soberba, pensar que levamos.” 

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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