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Celebrações de Natal na Sé de Lisboa
“Conhece e experiencia Deus quem sai de si para bem dos outros”
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Nas celebrações de Natal, na Sé, o Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou os cristãos perseguidos em todo o mundo e desafiou os fiéis a procurarem “ocasiões constantes de Natal a sério”, junto dos mais frágeis.

 

A “desproporção” entre o império de César Augusto e a humildade de Maria, que foi escutada na narração do Evangelho da Missa da Noite de Natal, foi assinalada pelo Cardeal-Patriarca para lembrar os cristãos que são perseguidos em todo o mundo. “Augusto no auge do seu império sobre todos e Maria na humildade que a define em tudo”. Esta “abissal diferença” e a oposição do império à notícia do nascimento de Jesus “redundaria na perseguição aos discípulos de Cristo”. Tal acontecimento, “não foi problema só então” – referiu D. Manuel Clemente. “Nesta mesma noite, em que passados dois milénios celebramos entre nós e em paz o Natal de Cristo, muitos irmãos nossos arriscam a vida para o fazerem noutras latitudes, publicamente ou mesmo discretamente. Não há grande intervalo nas notícias de perseguições e atentados, de igrejas destruídas, de prisões, maus tratos e humilhações vitimando cristãos – sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos e famílias. E quase sempre em consequência de poderes que exorbitam da sua esfera, desrespeitam consciências e discriminam por motivos religiosos”, sublinhou o Cardeal-Patriarca.

O contraste que “persiste e deve persistir entre a grandeza do Império e a humildade do Natal”, “deve existir em tensão criativa e humanizante”. Para o Cardeal-Patriarca, antigas e novas ideologias políticas “tomam o poder e põem-no ao seu serviço, reduzindo drástica ou disfarçadamente o campo dos que lhes resistem. Tão convictas de si próprias, ignoram ou desclassificam tudo o mais: tradições que persistem pela verdade, bondade e beleza que transportam; legítimas crenças religiosas que libertam o espírito e criam comunhão: tudo isto sofre e com isto sofreremos realmente todos”, alertou D. Manuel Clemente, na homilia da Missa da Noite de Natal, na Sé.

 

Humanizador

Em contraposição à ruina do Império de Augusto, o Cardeal-Patriarca destacou a humildade dos Magos que acorreram ao presépio para ver o Menino. “Com Ele queremos coincidir na humildade do coração, que dá todo o espaço a Deus e em Deus a cada um, novo ou idoso, saudável ou doente, forte ou fragilizado, no arco inteiro da existência, da conceção à morte natural, como ela se define. É o Presépio que congrega o mundo, não qualquer império que ultrapassasse os seus limites e se esquecesse do primeiríssimo dever de respeitar e promover a dignidade de cada pessoa humana. Se partirmos do Império de qualquer ‘Augusto’ que seja, corremos o risco de o contrafazer a ele próprio, num totalitarismo desumanizador. Se partimos de cada pessoa, como naquele Menino o próprio Deus quis recomeçar connosco, faremos do poder um serviço autêntico e capaz para o bem comum de todos”, referiu D. Manuel Clemente, na celebração da Noite de Natal.

Na sua homilia, o Cardeal-Patriarca sublinhou também o serviço aos mais frágeis, que pode ser alcançado pela conversão ao ‘Reino do Céu’ que “não se impõe, senão pela verdade que transporta”. “Não impera, serve, com atenção prioritária aos mais pobres e frágeis. Reparemos, a finalidade é participarmos da natureza divina; a conversão é o contrário da concupiscência, sendo esta a vontade de captar para si tudo e todos.  Assim começa o Reino e o seu primeiro trono é o Presépio, como depois será a Cruz”, assinalou D. Manuel Clemente.

 

Encontro com Jesus

Na manhã do dia de Natal, a 25 de dezembro, na Sé, o Cardeal-Patriarca de Lisboa começou por lembrar todos aqueles que reconduziram os fiéis até Cristo, ao longo da vida de cada um.  “Também nós tivemos anjos, estrelas e sobretudo o Espírito que nos trouxe a Cristo, como, agora ressuscitado, plenifica a sua presença no mundo, em múltiplos sinais de palavra, gesto e encontro. Dizer anjos é dizer mensageiros, dizer estrela é dizer luz, dizer Espírito é reconhecer que só Deus nos atrai a Deus, que Se manifesta em Jesus Cristo. Como Ele mesmo disse: «Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não atrair; e Eu hei de ressuscitá-lo no último dia» (Jo 6, 44). Sim, no último dia em que já começamos a amanhecer, cumprindo-se finalmente tudo o que se havia de cumprir”, referiu D. Manuel Clemente, convidando a agradecer a Deus por todos os que foram e continuam a ser “anjo e estrela, que nos chamam ao encontro de Jesus e nos iluminam o caminho e o local”.

 

Sair de si

Recordando uma passagem do Evangelho escutada na celebração – ‘O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós’ –, o Cardeal-Patriarca de Lisboa convidou a consolidar este “sentimento, convicção e prática neste ‘dia’ definitivo” no presépio do mundo. “Teremos nas nossas casas e nas nossas ruas, nas nossas ocupações e visitas, nas nossas comunidades e grupos, ocasiões constantes de Natal a sério. E não apenas com o que naturalmente nos agrada e afinal aprisiona. Mas com o mais carente de companhia e apoio, com o mais diverso de proveniência ou condição, mesmo com o mais inesperado ou incómodo. Como Deus se encontrou connosco em Cristo, do presépio à cruz, e só por este caminho estreito se alargou em Páscoa.  Assim permaneçamos uns com os outros e uns para os outros”, desejou D. Manuel Clemente, deixando um convite a experienciar Deus: “Conhece e experiencia Deus quem sai de si para bem dos outros, como Jesus veio ao nosso encontro, para bem de todos. Aí encontramos o nosso ‘dia’ de Natal, no nascimento recíproco que com Cristo nos oferece ao mundo”.

 

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Mensagem de Natal

Solidariedade e presença

Na tradicional mensagem de Natal, transmitida na televisão e na rádio, na noite do dia 24 de dezembro, D. Manuel Clemente começou por lembrar a “grande solidariedade” demonstrada pelos portugueses, após os “trágicos incêndios” que atingiram o país, durante o ano 2017. Foi um ano “marcado pela grande solidariedade de tantos que, na altura e ainda agora, estiveram e estão presentes e ativos para minorar e ultrapassar os efeitos da tragédia, com contribuições materiais e pessoais, que reforçam o que naturalmente cabe fazer às entidades públicas”, sublinhou.

A mensagem do Cardeal-Patriarca de Lisboa foi também dedicada à “grande solidão” em que vive uma “parte considerável” dos portugueses, sobretudo idosos. Lembrando o episódio evangélico da apresentação de Jesus no Templo, onde foi acolhido por dois idosos, Simeão e Ana, D. Manuel Clemente lançou um convite para se olhar para a existência humana como “uma longa expetativa de respostas cabais e profundas, que só o tempo vivido e convivido geralmente pode dar”. “Como se diz, e bem, é um ‘saber de experiência feito’, dando à palavra ‘experiência’ uma grande densidade humana. Cada idoso é uma experiência de vida e uma interpelação à convivência, que nos faz melhores, quando lhe correspondemos”, referiu o Cardeal-Patriarca, na mensagem onde desejou um feliz Natal a todos os portugueses.

 

 

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Missa no Dia Mundial da Paz

“A paz recebida, é uma paz oferecida”

Na sua primeira homilia do ano 2018, na Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, o Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou a Mensagem do Papa Francisco para o 51º Dia Mundial da Paz, assinalado a 1 de janeiro, para desafiar os cristãos a serem os protagonistas da paz. “Temos que ser os primeiros agentes e colaboradores desta pacificação. Também com as etapas que o próprio Deus exerceu no mundo: fazendo-se um de nós em Jesus Cristo, crescendo numa família e alargando-se nesta família a que todos pertencemos – os batizados –, a família de Deus. Assim, a paz recebida, é uma paz oferecida”, sublinhou D. Manuel Clemente, na homilia da Missa que decorreu na igreja paroquial da Benedita, na Vigararia de Alcobaça-Nazaré.

Na celebração, D. Manuel Clemente lembrou ainda os emigrantes que procuram o país, “tantas vezes, por pura sobrevivência”. “Porque, das terras de onde provêm, nem têm paz, nem têm sossego, nem têm nada. Por isso, alargando as nossas famílias a esta grande família em que a sociedade se deve tornar para os que são de cá e para os que nos procuram, nós recebemos a paz, oferecemos a paz e crescemos na paz”, referiu.

 

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Missas de Natal nas prisões

Abrir o coração à luz de Cristo

Nas celebrações de Natal nos Estabelecimentos Prisionais do Linhó e Alcoentre, que decorreram no dia 28 de dezembro, o Bispo Auxiliar de Lisboa D. Joaquim Mendes convidou a população prisional a deixar-se iluminar pela verdadeira “luz” que é trazida na celebração do Natal. “A luz de Cristo é uma luz interior, que nunca se apaga; uma luz que gera vida, esperança e alegria. É esta Luz que somos convidados a acolher na celebração do Natal. Uma Luz que nos ilumina por dentro e que nos guia por caminhos de verdade, de fraternidade, de paz”, referiu D. Joaquim Mendes, que já no dia 21 tinha celebrado a Eucaristia no Estabelecimento Prisional da Colónia Penal de Sintra.

Dirigindo-se aos reclusos, o Bispo Auxiliar de Lisboa desafiou-os a abrirem o coração. “Precisamos tanto de luz na nossa vida, que é atravessada por tantos momentos de escuridão, de desânimo, de tristeza e até de revolta. Aí está Cristo, oferecendo-nos a sua Luz para nos ajudar a vencer as trevas que tantas vezes pairam no nosso coração. Abramos o coração a Cristo, acolhamo-lo na fé”, desejou D. Joaquim Mendes, apelando a que a vivência do Natal possa “trazer para o dia-a-dia” a “proximidade de Deus, a dignidade humana, a verdade, a fraternidade, o perdão, a ajuda recíproca e a paz”.

texto e fotos por Filipe Teixeira
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