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“A Palavra de Deus faz um caminho dentro de nós”
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O Papa Francisco criticou aqueles que, nas Missas, substituem as leituras da Bíblia por outros textos. Na semana em que foram apresentadas novas diretrizes sobre as universidades e as faculdades da Igreja, o Papa apontou a “indiferença” como inimiga e voltou a defender a vida “desde a concepção até à morte natural”.

1. Nesta quarta-feira, 31 de janeiro, o Papa Francisco criticou aqueles que substituem as leituras da Bíblia que são proclamadas durante a Missa por outros textos, recordando que tal decisão é “proibida” pela Igreja Católica. “Algumas escolhas subjetivas, como a omissão das leituras ou a sua substituição por textos não bíblicos, estão proibidas. Mas ouvi que alguns, se houver uma notícia, leem o jornal, porque é a notícia do dia. Não! A Palavra de Deus é a Palavra de Deus! Podemos ler o jornal depois, mas ali lê-se a Palavra de Deus, é o Senhor que fala”, disse o Papa, durante a audiência-geral, na Praça de São Pedro. Francisco também pediu que os leitores e salmistas se preparem para a celebração, de forma a transmitir a “grande riqueza” das leituras bíblicas, e convidou a valorizar o Salmo Responsorial, com o canto de “pelo menos do refrão”. “A Palavra de Deus faz um caminho dentro de nós. Escutamo-la com os ouvidos, passa pelo coração, não permanece nos ouvidos, deve ir ao coração e do coração passa às mãos, às boas obras”, concluiu.

 

2. A Santa Sé apresentou, no passado dia 29 de janeiro, a nova constituição apostólica “Veritatis Gaudium”, ou em português, “A Alegria da Verdade”. No documento que lança diretrizes sobre as universidades e faculdades da Igreja, o Papa Francisco refere que a atual “mudança de época” exige a “renovação do sistema de estudos eclesiásticos”, e “chegou o momento” de o fazer. A data de publicação é de 8 de dezembro de 2017, dia em que se assinalaram os 52 anos do fim do Concílio Vaticano II. Francisco diz que “chegou o momento” de se avançar com a renovação dos estudos eclesiásticos no contexto da “nova etapa da missão da Igreja”, que só assim será uma Igreja “em saída”, respondendo aos desafios da atualidade. “Não vivemos apenas uma época de mudanças, mas uma verdadeira e própria mudança de época”, caracterizada por uma “crise antropológica e sócio-ambiental global”, escreve o Papa, para quem é preciso “mudar o modelo de desenvolvimento” e “redefinir o que é o “progresso”. O Papa fala ainda da importância da “interdisciplinaridade” e do “trabalho em rede” entre as várias instituições de ensino da Igreja “em todas as partes do mundo”, porque isso permitirá criar “sinergias” com outras instituições académicas e tradições culturais e religiosas, dando vida a “centros especializados de investigação que aprofundem o diálogo com os diferentes campos científicos”, onde se estudem os problemas que hoje afectam a humanidade e se proponham “pistas oportunas e realistas de resolução”.

 

3. No mesmo dia, no Vaticano, Francisco recebeu os participantes numa conferência internacional contra o antissemitismo e recordou o “silêncio ensurdecedor” do campo de concentração nazi de Auschwitz, onde esteve em julho de 2016, durante a Jornada Mundial da Juventude, considerando o mal como fruto da “indiferença”. “Recordo este silêncio ensurdecedor de que me apercebi na minha visita a Auschwitz-Birkenau: um silêncio inquietante, que apenas deixa espaço para as lágrimas, à oração e ao pedido de perdão”, referiu o Papa, perante os participantes na conferência internacional. Na sua intervenção, Francisco partiu da palavra “responsabilidade”, que mais do que analisar as causas da violência implica “estar prontos e ativos” na resposta. “O inimigo contra quem lutar não é apenas o ódio, em todas as suas formas, mas, ainda mais na raiz, a indiferença; porque é a indiferença que paralisa e impede de fazer o que é justo”, precisou. Para o Papa a indiferença é como um “vírus” que contagia os dias de hoje, “tempos nos quais estamos cada vez mais ligados aos outros, mas cada vez menos atentos aos outros”. É nesta indiferença que está “a raiz perversa, a raiz de morte que produz desespero e silêncio”, apontou Francisco.

 

4. Num discurso aos membros da Congregação para a Doutrina da Fé, no passado dia 26 de janeiro, em Roma, Francisco lamentou que o “processo de secularização” esteja a “absolutizar o conceito de autodeterminação e autonomia” levando vários países a defender a eutanásia “como afirmação ideológica da vontade de poder do homem sobre a sua vida”. “Isso levou até a considerar a interrupção voluntária da existência humana como uma escolha ‘civilizacional’”, disse ainda o Papa, concluindo que “é claro que onde a vida não vale pela sua dignidade, mas pela sua utilidade ou produtividade, tudo se torna possível. Perante isto há que reafirmar que a vida humana, desde a concepção até à morte natural, possui uma dignidade que a torna intangível”. A mentalidade moderna lida mal com conceitos como a dor e o sofrimento, considera Francisco, mas “sem uma esperança confiável que o ajude a enfrentar a dor e a morte, o homem não consegue viver bem nem conservar uma perspectiva de esperança sobre o seu futuro. Este é um serviço que a Igreja é chamada a prestar ao homem contemporâneo”.

 

5. Numa celebração ecuménica que assinalou o fim do oitavário de oração pela unidade dos cristãos, no passado dia 25 de janeiro, Francisco falou sobre a perseguição dos cristãos, perante uma delegação composta por representantes de diferentes confissões religiosas. “Também os cristãos de hoje encontram muitas dificuldades no caminho, rodeados de tantos desertos espirituais, que fazem secar a esperança e a alegria. Pelo caminho há, inclusivamente, perigos graves que põem a vida em risco”, referiu o Papa, apelando à unidade de todos os cristãos. “Tal como os israelitas do êxodo, os cristãos são chamados a guardarem, juntos, a memória do que Deus cumpriu neles. E, ao reavivar esta memória, podemos ajudar-nos uns aos outros e a enfrentar, só com as armas de Jesus e a doce força do seu Evangelho, todos os desafios, com coragem e esperança”, disse.

No mesmo dia, o Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé) anunciou, em comunicado, que o arquiteto português, Souto de Moura, é um dos convidados para a concepção do seu primeiro pavilhão na Bienal de Arquitetura de Veneza, que vai decorrer entre 26 de maio e 25 de novembro deste ano, com um pavilhão na ilha de San Giorgio Maggiore.

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