O novo projeto da Comunidade Vida e Paz chama-se ‘Frescos comVida’ e disponibiliza cabazes com legumes e frutas biológicas. A iniciativa sustentável da instituição do Patriarcado de Lisboa pretende ser uma oportunidade de reinserção para os utentes.

Alho francês, cebola, alface, beterraba, nabiça, nabo e muito mais. Nos cabazes de legumes e frutas, do projeto ‘Frescos comVida’, há produtos biológicos, plantados e colhidos pelos utentes da Comunidade Vida e Paz, que são depois vendidos a todos os interessados. A iniciativa está a ser implementada, desde o fim do ano passado, nos dois centros da instituição, na Venda do Pinheiro e em Sobral de Monte Agraço. “Para além de criar uma oportunidade de trabalho para pessoas que já foram sem-abrigo, é também um projeto sustentável do ponto de vista ambiental e económico”, explica, ao Jornal VOZ DA VERDADE, Henrique Joaquim, diretor-geral da Comunidade Vida e Paz, sublinhando que os produtos são biológicos e os sacos reutilizados.

Os legumes e frutas são produzidos nos centros da Comunidade, plantados, colhidos e embalados pelos 18 utentes que integram o projeto. Todas as semanas, é divulgada a lista com os produtos disponíveis – sempre da época – e os clientes podem optar entre dois cabazes: um maior, vendido por 10 euros, e outro mais pequeno, que custa 6 euros. “Basta consultar o nosso site ou contactar-nos por telefone. Quando as pessoas estiverem a comprar os nossos legumes estão a adquirir um produto amigo do ambiente, transformado por pessoas que se transformaram”, diz Henrique Joaquim.

Uma vitória

João Paulo Ribeiro esteve na rua e foi acolhido pela Comunidade Vida e Paz. Hoje é o formador responsável por este projeto de agricultura biológica. “Sempre gostei de agricultura e jardinagem e aceitei este desafio com muito gosto. Dou formação na quinta do Espírito Santo, na Sapataria, Sobral de Monte Agraço, e na Venda do Pinheiro”, diz João, de 50 anos. “É uma experiência muito gratificante. Sinto que estou a fazer algo de útil. Como já estive no lugar deles [dos utentes], sei também que os incentivo a querer ter uma vida melhor. Alguns dizem-me: ‘Se o Sr. Ribeiro conseguiu, nós também vamos conseguir’.”

Uma das grandes mais-valias da iniciativa é também contribuir para a recuperação da auto-estima dos utentes. “É uma vitória ver as pessoas pouco a pouco a terem aquele entusiasmo, a gostarem mais de si. Muita gente tem uma autoestima muito em baixo. Todo este processo de cativar as pessoas, lidar com elas, ensiná-las com calma, dar-lhes a nossa experiência, é muito importante”, afirma João Paulo Ribeiro.

Além de suportarem os custos da iniciativa, a Comunidade Vida e Paz pretende distribuir futuramente as receitas da venda de cabazes pelos utentes. “Procuramos capacitar e formar os utentes para que possam ter uma vida autónoma, nesta ou noutras áreas, como a carpintaria, por exemplo”, diz Henrique Joaquim.

As encomendas são feitas de segunda à quinta-feira, e as entregas realizadas à sexta-feira à tarde, na sede da comunidade, em Alvalade, em Lisboa, ou nos centros da Venda do Pinheiro e de Sobral de Monte Agraço. “O próximo passo é encontrar um parceiro para alargar a distribuição e fazer entregas ao domicílio”, diz Henrique Joaquim.

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Frescos comVida

Como encomendar?

Pode encomendar os cabazes do projeto ‘Frescos comVida’ em https://www.cvidaepaz.pt/loja. O levantamento é feito na sede da Comunidade Vida e Paz, em Lisboa (Rua Domingos Bomtempo, nº7, 1700-142 Lisboa), às sextas-feiras, das 16h até às 21h. Em alternativa, pode também efetuar o levantamento dos cabazes num dos centros da instituição na Venda do Pinheiro ou no Sobral de Monte Agraço.

Cabaz grande - 10¤

(Alface frisada, Alface roxa, Nabo, Nabiça, Cebolo, Couve Portuguesa, Couve coração, Laranja, Limão, Louro)

Cabaz pequeno - 6¤

(Alface frisada, Nabo, Nabiça, Cebolinho roxo, Couve portuguesa)

Pode também adquirir o saco ecológico por 5¤ (criado em lona publicitária perfurada e 100% reciclada)

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Um novo núcleo na Amadora

A Comunidade Vida e Paz abriu um novo centro de atendimento na freguesia da Falagueira-Venda Nova, na Amadora, para sem-abrigo e toxicodependentes. O Espaço Aberto ao Diálogo (é este o nome do novo núcleo) foi inaugurado no dia 14 de fevereiro e, à semelhança do núcleo de Chelas, permite que os utentes satisfaçam as necessidades básicas de higiene. Num recenseamento realizado em 2017, foram sinalizadas 31 pessoas em situação de sem-abrigo, na cidade da Amadora.

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Erradicar os sem-abrigo

A meta é do Presidente da República: até 2023, Marcelo Rebelo de Sousa não quer que haja pessoas a viver na rua, por falta de condições. “Com o empenho de todos, inclusive do Presidente, acho possível alcançar esse objectivo”, diz Henrique Joaquim, presidente da Comunidade Vida e Paz. O plano de ação da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo 2017-2023 (ENIPSSA) foi aprovado em Novembro de 2017 e é composto por 100 medidas, cuja implementação está orçamentada em 60 milhões de euros.  Habitação permanente, alargamento da intervenção na saúde e integração profissional são algumas das áreas que contempla.