Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
A alegria da santidade para todos
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Depois do breve interregno pascal que habitualmente fazemos, regressamos com grande alegria: a alegria da celebração da Páscoa que nos faz perceber a renovação que Deus quer continuamente operar em nós para nos aproximar, cada vez mais, d’Ele propondo-nos um projeto de uma vida em santidade. Aquela santidade que não está reservada apenas a alguns, mas a todos, como nos veio lembrar esta semana o Papa Francisco.

A publicação na passada segunda-feira, 9 de abril, da Exortação Apostólica ‘Gaudete et Exsultate’, sobre o chamamento à santidade no mundo atual, veio trazer-nos mais um sinal de esperança, contrariando aquela ideia pessimista de que já não há nada a fazer, o mundo está perdido, não há solução, é o fim do mundo, etc... Pelo contrário, o Papa Francisco vem alertar-nos, mas sobretudo entusiasmar-nos, para uma atitude de alegria verdadeira, porque apesar de todas as dificuldades, sofrimentos, angústias, problemas, perseguições que possamos viver, Deus tem algo maior para nos dar, “a vida verdadeira, a felicidade para a qual fomos criados”, e essa passa pela santidade.

As primeiras palavras deste novo documento papal, ‘Alegrai-vos e Exultai’, que dão nome à exortação apostólica, são citação do Evangelho de São Mateus (Mt 5,12) no decorrer do grande programa de vida que Jesus apresenta, ‘As Bem-Aventuranças’. Apesar de não ser biblista, a minha curiosidade quis confirmar qual a palavra original utilizada neste texto bíblico para referir esta atitude de alegria. No texto grego, a partir do qual são feitas as diversas traduções dos Evangelhos e que normalmente serve para perceber o sentido do texto, a expressão utilizada por Jesus, ‘Kairete’, ou seja, ‘Alegrai-vos’, utiliza o mesmo verbo conjugado pelo Anjo Gabriel quando encontrou Maria e este lhe anunciou que Deus tinha um projeto para a sua vida, o de ser Mãe do Filho de Deus. Maria era a ‘cheia de graça’ e a expressão ‘kaire Maria’ (‘alegra-te Maria’), que foi depois traduzida por ‘Ave Maria’, traz este mesmo convite da parte de Deus.

Não sei se houve, da parte do Papa Francisco, esta intencionalidade, mas apesar de esta exortação – mais uma com ‘alegria’ no título – ter sido assinada a 19 de março, quando completou cinco anos do início do seu pontificado, o texto foi tornado público no dia em que a liturgia da Igreja celebrava a solenidade da Anunciação do Senhor. Pode, até, não haver relação, mas pessoalmente senti essa ‘coincidência’ e alegrei-me por ela.

No Evangelho de São Mateus, Jesus deixa este mesmo convite “a quantos são perseguidos ou humilhados por causa d’Ele”. A alegria que não é apenas um sentimento, mas uma forma de estar, porque Deus “quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa”, alerta o Papa Francisco, sublinhando e recordando o convite de Deus a Abraão: “Anda na minha presença e sê perfeito”.

Este é apenas o primeiro parágrafo deste texto espiritual e com grande marca jesuíta que todos deveremos ler. Nesta edição do Jornal VOZ DA VERDADE, deixamos um breve resumo com vista a despertar a sede de uma leitura que se quer atenta, mas sobretudo de coração aberto e disponível para acolher as diversas interpelações que nos são feitas. Esta exortação é como que um manual de espiritualidade, com exemplos concretos, exame de consciência e sugestões para uma vida em santidade que nos é apresentada como algo acessível a todos.

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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