Lisboa |
Assembleia Diocesana de Catequistas, na Benedita
“Toda a catequese tem como princípio apresentar Jesus Cristo”
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou aos catequistas que “a catequese é o eco da Palavra que Deus nos dirige”. Na Assembleia Diocesana de Catequistas, na Benedita, D. Manuel Clemente deixou “uma palavra de agradecimento e reconhecimento” a estes agentes da pastoral, e pediu-lhes uma “atenção redobrada à Palavra de Deus”.


“Toda a catequese tem como princípio, como finalidade, apresentar Jesus Cristo, Palavra de Deus, comunicação de Deus, e depois como lugar em que nós vamos crescendo em Cristo para louvor de Deus e serviço dos irmãos. É muito importante ter isto bem presente: a catequese é o eco da Palavra que Deus nos dirige, essa Palavra é Jesus Cristo, que é uma realidade concreta, é uma Pessoa definida e é em relação a esta Palavra que nós crescemos na fé, na confiança e na fidelidade”. Foi esta a mensagem que o Cardeal-Patriarca quis deixar aos cerca de 700 catequistas que participaram na conferência da tarde da Assembleia Diocesana de Catequistas, organizada pelo Sector da Catequese do Patriarcado, no passado Domingo, 8 de abril.

Na igreja paroquial da Benedita, falando sobre ‘A Palavra que a catequese ecoa’, D. Manuel Clemente reforçou depois que “a palavra catequese significa eco”. “Diz-se uma palavra e ela fica a ecoar, a ressoar. É um eco que há dois mil anos continua, não é como o eco físico, que dizemos uma palavra e que depois ressoa uma vez, duas vezes, três vezes e perde-se… Esta foi dita há dois mil anos e é um eco permanente, porque nunca perde a força. É o eco da vitória de Jesus Cristo sobre a morte”, explicou. Neste sentido, aconselhou: “O que os catequistas têm de passar na catequese, a miúdos e a graúdos, é que a morte está vencida, por Jesus Cristo, e também como se vence a morte, ou seja como Jesus Cristo a venceu, em Páscoa, passando com Cristo deste mundo para Deus e fazendo como Jesus Cristo, vencendo em nós tudo aquilo que nos afasta de Deus”. “Com Jesus Cristo, vivemos sempre com o Pai”, desafiou.

 

Deus na Palavra, na liturgia, na caridade

Depois de uma manhã com diversos ateliês, que reuniram 530 catequistas no Externato Cooperativo da Benedita, a tarde foi de encontro com o Cardeal-Patriarca, que refletiu sobre o tema do ano pastoral, ‘Fazer da Palavra de Deus o lugar onde nasce a fé’. “Fé é uma palavra sinónima de outras como confiança, fidelidade. Mas a quem? Com quem? Para nós, cristãos, tudo isto tem uma concretização e essa concretização chama-se a relação com Cristo. Porque acreditamos que Cristo é a Palavra de Deus, dita e feita, não assim abstrata, não especulativa, não teórica, mas na vida de uma pessoa”, apontou. “A nossa fé é esta vida na Palavra de Deus, que é Jesus Cristo, que nos faz crescer em Cristo e que nos faz depois também ecoar – e aí temos a catequese – as palavras de Cristo”, acrescentou.

D. Manuel Clemente lembrou depois a Constituição Sinodal de Lisboa, documento programático da diocese, com 70 pontos, que pode ser encontrado na página do Patriarcado na internet (www.patriarcado-lisboa.pt). “Estamos em pleno ano pastoral 2017-18, e este é o primeiro ano da chamada receção sinodal, que vai durar três anos. Este primeiro ano está a ser sobre a Palavra de Deus, no próximo ano será sobre a celebração da Palavra de Deus, ou seja, a liturgia, e depois o último ano desta receção sinodal, em 2019-20, será sobre a concretização caritativa do que refletimos. Portanto, Deus na Palavra, Deus na liturgia, Deus na caridade”, explicou aos catequistas.

 

Ambiente cristão

Perante uma igreja da Benedita repleta, o Cardeal-Patriarca não deixou de referir que “o primeiro lugar da catequese é a família cristã”. “Quando isto é aprendido em casa, quando as primeiras palavras que nós aprendemos estão no sinal da Cruz, quando a convivência com Jesus e com a Mãe de Jesus, Nossa Senhora, é uma realidade que enche a vida das crianças e dos bebés e à medida que vão crescendo, quando depois, quer na oração, quer na vida de todos os dias vai acontecendo a relação com Deus, e tudo isto acontece em casa, é a melhor escola. É nesse sentido que a família é a Igreja doméstica, a Igreja que acontece na casa de cada um”, salientou. Desta forma, considerou “prioritário” todo o trabalho que a Igreja tiver “com as famílias, na preparação das famílias, no acompanhamento das famílias, ajudando-as a vencer as crises que sempre aparecem”.

Para o Cardeal-Patriarca, “no ato de catequese – eu nunca digo aula de catequese –”, mais importante do que a transmissão de conhecimentos ou ensinamentos é a criação de um ambiente cristão. “Cada um de vós, ao compartilhar com as crianças e os adolescentes, com os jovens e com os adultos, em qualquer fase da catequese, o que é a vida cristã – que é a vitória de Cristo sobre a morte, e como é que a morte se vai vencendo na nossa vida, quando se vence o egoísmo e se dá lugar à caridade –, quando isto acontece e se vai dizendo, se vai convivendo, isto pega-se. Pega-se pelas palavras que nós transmitimos, pela aplicação de cada catequista a transmitir corretamente aquelas noções, aqueles ensinamentos, aquelas práticas, mas pega sobretudo pelo ambiente em que as crianças se sentem bem porque são estimadas, em que se conta a história de Jesus como elas a podem entender, em que elas aprendem a viver o Evangelho de Cristo com gestos muito simples de atenção aos outros”, assegurou aos catequistas. “Isto é um tesouro! Como catequistas, temos nas mãos um tesouro, que é o melhor que a Igreja tem para oferecer: a Pessoa de Jesus Cristo transmitida aos pequeninos. O catequista é semeador, a semente é a Palavra de Deus. Depois, garanto-vos que Deus fará o resto e que vos deixará admirados”, terminou D. Manuel Clemente.

 

“Atenção redobrada à Palavra”

Depois de falar aos catequistas, o Cardeal-Patriarca presidiu à Eucaristia com que terminou este encontro diocesano, sublinhando a necessidade de estes agentes da pastoral serem também catequizados. “Primeiro, precisamos nós próprios de ser catequizados, isto é que a Palavra de Deus seja, para cada um de nós, uma catequese permanente. Ouvimo-la, com certeza, lemo-la em casa, certamente, mas deixemos que a Palavra de Deus fique a fazer eco no nosso coração”, desejou, partilhando depois um momento que tinha vivido horas antes: “Esta manhã, num dos ateliers por onde passei, tive ocasião de ouvir uma belíssima parte de uma ‘lectio divina’, e reparei, como toda a gente, e não éramos poucos, que alguém comentou: ‘Isto é o Céu!’. Ficou-me no coração essa exclamação e era isso mesmo que estava a acontecer, era o eco, era a catequese desta Palavra no coração das pessoas”.

Nesta celebração, em que após a homilia os catequistas repetiram um gesto que é próprio da Vigília Pascal, a profissão de fé na forma batismal, D. Manuel Clemente convidou depois os mais de 700 catequistas presentes a terem uma “atenção redobrada à Palavra de Deus”. “Se no vosso dia-a-dia houver lugar para esta catequese permanente que a Palavra de Deus nos proporciona, se todos os dias tiverdes um tempinho, uns minutos – porque não com o Evangelho do dia, que hoje está tão acessível –, para seguir a Palavra de Deus de cada dia, até de preferência lida à noite, na véspera, para que depois durante o próprio sono ela vá germinando nos vossos corações, ides ver como fica tudo diferente. Tudo fica diferente se for a partir da Palavra de Deus e da catequese permanente que ela nos proporciona”, garantiu o Cardeal-Patriarca, sublinhando que “o ato catequético é um ato fundamental para a introdução na vida eclesial”. “A catequese não é um ato nosso, é o eco dos atos de Jesus. Não é uma palavra nossa, é o eco das palavras de Jesus”, terminou.

 

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Agradecimento aos sete mil catequistas da diocese

O Cardeal-Patriarca de Lisboa deixou “uma palavra de reconhecimento e de agradecimento” aos catequistas, que são “a primeira linha da evangelização”. “Nós temos, no Patriarcado de Lisboa, mais de sete mil catequistas. É, por isso, o maior corpo organizado da pastoral. Padres somos à volta de 300, temos muita gente que trabalha na pastoral sócio caritativa, na liturgia, mas o maior corpo organizado para a pastoral é, sem dúvida, os catequistas”, começou por referir D. Manuel Clemente, no início da sua conferência, na igreja da Benedita, reconhecendo, de seguida, que a catequese é uma missão “muito exigente”. “É um trabalho que todas as semanas vos leva a preparar os momentos de catequese, depois a estar presentes, a acompanhar crianças, adolescentes, jovens e também adultos, no caso da catequese de adultos. Enfim, é um trabalho muito exigente, por isso eu prezo muito este encontro anual”, acrescentou.

Reforçando a ideia de que “os catequistas têm uma colaboração indispensável na atividade primeiríssima da Igreja, que é o anúncio de Jesus Cristo”, o Cardeal-Patriarca destacou os 50 mil catequistas que há no país e que considerou “um número muito expressivo”. “É muita gente que, todas as semanas, exerce este serviço e, com muita dedicação, e com certeza com muita e boa consequência na vida das pessoas e na transmissão do Evangelho de Cristo”, enalteceu D. Manuel Clemente. “Os catequistas estão na primeira linha da evangelização! Isto deve ser reconhecido, agradecido e valorizado. Muito obrigado, catequistas da Diocese de Lisboa!”, agradeceu o Cardeal-Patriarca, na Assembleia Diocesana de Catequistas, na Benedita, perante os aplausos dos mais de 700 catequistas presentes.

 

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Alegria do encontro

No final da celebração eucarística conclusiva da Assembleia Diocesana de Catequistas, o diretor do Sector da Catequese do Patriarcado de Lisboa destacou “a presença de catequistas de todas as 17 vigararias da diocese”. “Nós não somos apenas catequistas da nossa paróquia, do nosso lugar, do nosso grupo, mas somos catequistas da Igreja, ao serviço da missão que, em primeiro lugar, o Senhor confia ao nosso Bispo e da qual nós somos colaboradores. Por isso, uma palavra de agradecimento e de motivação a todos aqueles que estiveram aqui, neste dia, a todos os que nos acompanharam através dos meios de comunicação e a todos aqueles que irão receber aquilo que nós aqui vivemos”, frisou o padre Tiago Neto, convidando ainda os catequistas ao encontro com Cristo: “Não nos esqueçamos, sempre, que o fundamental para toda a catequese e para cada catequista, como nos recordam os nossos Bispos, é o encontro vivo com o Senhor. A alegria do encontro com Jesus Cristo marca também o nosso encontro com os outros”.

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