Lisboa |
‘Caminhada em Família pela Paz’ reúne 1500 pessoas
“Deus não desiste e nós também não”
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Confissões, adoração, Eucaristia e oração. Tudo ao ar livre, na zona ribeirinha da Póvoa de Santa Iria. Assim foi a ‘Caminhada em Família pela Paz’, organizada pelas paróquias do Forte da Casa e da Póvoa de Santa Iria, que reuniu mais de mil pessoas. Uma iniciativa que vai na sua terceira edição e que contou, este ano, com a participação do Cardeal-Patriarca de Lisboa.

 

“Que bom que é estarmos aqui, neste final de tarde. O dia foi muito bonito, muito bem passado, sobretudo nesta parte da tarde, com a caminhada que juntou tanta gente destas duas freguesias, do Forte da Casa e da Póvoa de Santa Iria, com tempo para a adoração eucarística, com tempo para o sacramento da reconciliação e, agora, para esta celebração, que já é uma celebração de Pentecostes”, começou por manifestar D. Manuel Clemente, no início da celebração da Eucaristia, na zona ribeirinha da Póvoa de Santa Iria, bem junto ao Rio Tejo.

No final da tarde do passado sábado, 19 de maio, foram centenas as famílias que quiseram participar na ‘Caminhada em Família pela Paz’, uma iniciativa das paróquias do Forte da Casa e da Póvoa de Santa Iria que, este ano, convidou à oração pela Síria. O Cardeal-Patriarca saudou “todos aqueles que, com os padres, levaram por diante esta iniciativa” que, “de ano para ano, vai crescendo” e “vai unindo estas populações em torno de Deus, que é aquilo que, no fundo, nos une a todos”.

 

Evangelização indireta

Eram 16h00 quando, da igreja do Forte da Casa, teve início a caminhada rumo à festa. Meia hora mais tarde, da igreja da Póvoa de Santa Iria, saía um novo grupo de famílias, também de mochila verde às costas, com as palavras ‘Caminhada em Família pela Paz 2018’. A cerca de 200 metros da zona ribeirinha da Póvoa de Santa Iria, aconteceu o encontro dos dois grupos e a chegada, em conjunto, ao local onde iriam passar o resto da tarde. O pároco de ambas as paróquias, padre Igor Oliveira, considera que esta é uma iniciativa de evangelização. “Muita gente que não tem nada a ver com as paróquias, que não tem qualquer prática religiosa, ao ver-nos e ao passar na zona ribeirinha, parou e ficou. Acabou por ser uma evangelização indireta para quem passava por ali”, considera este sacerdote dehoniano, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Para o padre Igor, esta iniciativa tem sido “muito importante” para as paróquias do Forte da Casa e da Póvoa de Santa Iria. “Tem aproximado pessoas que não estão muito ativas na Igreja, mas que, ao verem este tipo de dinamismos e de atividades, começam a aproximar-se mais. Esta é uma zona muito complicada, em que o comunismo está muito enraizado, e as pessoas ainda têm muito o ‘pé atrás’… Tenho paroquianos que moram na Póvoa, mas que vão à igreja da Portela ou do Parque das Nações e não têm qualquer tipo de vínculo do ponto de vista paroquial”, lamenta.

 

Rezar

Também para os cristãos, a ‘Caminhada em Família pela Paz’ ajuda a uma aproximação aos sacramentos, refere o sacerdote. “As confissões, por serem ao ar livre, acabam por criar uma envolvência diferente. Tive a possibilidade de falar com algumas pessoas que se confessaram e é engraçado porque, muitas delas, pelo facto de ser fora do ambiente habitual, sentem-se mais interpeladas. Pessoas que não se confessavam há cinco anos, há dez anos, mas que a própria envolvência permitiu que elas se aproximassem da reconciliação”, destaca.

“Congregar a família” e “motivá-las a rezar pela paz”, segundo o pároco, são os objetivos deste dia de festa. “O momento fundamental desta iniciativa são os sacramentos. Porque acabam por estar presentes o sacramento da confissão e da Eucaristia, além de outros momentos de religiosidade, como a adoração ao Santíssimo Sacramento e a oração”, frisa o padre Igor. “Não temos palestras, nem workshop’s ou outro tipo de ensinamentos. Nós pretendemos recorrer à natureza, e à própria envolvência, para mostrar também um pouco este rosto diferente da Igreja. Porque não é habitual fazer a adoração ao Santíssimo Sacramento ao ar livre, perto do rio. Queremos marcar, nesta simplicidade, a adoração, as confissões, a Eucaristia e a oração, no minuto de silêncio pela paz com a oração de São Francisco, porque entendemos que é aquela que mais se adequa ao momento”, refere o jovem sacerdote, de 29 anos, pároco desde setembro passado destas paróquias da Vigararia de Vila Franca de Xira-Azambuja, depois de dois anos como coadjutor.

 

Unidade pastoral

Este foi o terceiro ano da ‘Caminhada em Família pela Paz’ que, de ano para ano, tem crescido em participação. “Já estive reunido com a pastoral da família das paróquias e fazemos um balanço bastante positivo da iniciativa. Conseguimos superar, uma vez mais, os números do ano anterior: no primeiro ano, em 2016, projetámos 200 pessoas e ficámos maravilhados porque apareceram 500; no ano passado, pensámos em 800 pessoas e estiveram cerca de 1000; este ano, projetámos 1200 e, pelo menos, terão estado perto de 1500”, salienta o padre Igor, destacando igualmente o objetivo de, com esta atividade, “congregar as duas paróquias que, este ano, iniciaram uma unidade pastoral, com o mesmo pároco para as duas paróquias, algo que até hoje nunca tinha acontecido”.

Pela primeira vez, o Cardeal-Patriarca de Lisboa participou na ‘Caminhada em Família pela Paz’. “Foi muito positivo para todos a presença do senhor D. Manuel Clemente, em especial para os miúdos que fizeram a Profissão de Fé, que não se vão esquecer que o senhor Patriarca presidiu à celebração, num dia de uma caminhada pela paz, em família”, sublinha o pároco do Forte da Casa e da Póvoa de Santa Iria, destacando, da parte da noite, o concerto pela Banda dos Bombeiros Voluntários da Póvoa e a oração pela paz, com um minuto de silêncio pelas vítimas da Síria. “Esta iniciativa de rezar por algo é para continuar”, assegura o padre Igor, mentor desta iniciativa.

 

Levar o Evangelho

Nesta festa de famílias, o Cardeal-Patriarca começou por lembrar que “Cristo está vivo”. “Quiseram-n’O calar, mataram-n’O e Ele está vivo! Nenhum de nós, que está aqui, pensa em Jesus como se pensasse no avô ou bisavô que já morreu há muito tempo. Desses podemos ter saudades, se os conhecemos, mas com Jesus não é assim. Com Jesus temos a certeza que Ele está no meio de nós. Jesus venceu a morte e então percebemos o que é o Evangelho. A boa notícia é que Jesus venceu a morte e se Ele venceu a morte e se nós nos unirmos a Ele, também a venceremos. E vencemos o pecado, vencemos o egoísmo, vencemos o ódio, vencemos a zanga. Com Jesus, e com o mesmo Espírito que Jesus tinha, nós somos cristãos”, manifestou D. Manuel Clemente.

Bem junto ao Rio Tejo, num final de tarde solarengo, mas algo ventoso, o Cardeal-Patriarca deixou depois um convite ao anúncio. “O Pentecostes é agora, em cada um de nós. Porque este Espírito de Cristo, que nós recebemos no nosso batismo e em tudo aquilo da nossa vida cristã propriamente dita, faz-nos levar o Evangelho aqui, ou ao Forte da Casa ou à Póvoa de Santa Iria, seja onde for, porque o Espírito é o mesmo e o Evangelho acontece”, garantiu D. Manuel Clemente. “A coisa mais bonita que há no mundo é nós percebermos que com Cristo e o Espírito de Cristo o Evangelho continua a acontecer. Deus não desiste, nós também não. O Espírito é o mesmo, vamos para a frente”, desafiou.

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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