Missão |
Catarina Soares, Projecto Cabo Verde
“Este projeto ajudou-me a dar valor ao que realmente tem valor!”
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Catarina Soares nasceu a 26 de dezembro de 1994, em Vila Verde (Braga). Frequenta, atualmente, o 6º ano de Medicina na Universidade do Minho e participou no Projecto Cabo Verde.


Oportunidade de crescer na fé

Nasceu numa família católica “que desde cedo me incutiu os valores da Igreja.” Foi batizada na paróquia de Vila Verde, onde ainda reside, e onde frequentou todo o percurso catequético. “Em 2016, por incentivo de uma amiga comecei a frequentar o Clube Colina, pertencente à Opus Dei, onde recebi formação e com o qual participei nas Jornadas Mundiais da Juventude, em Cracóvia. Desde então o Clube tem-me dado oportunidade de crescer na fé e também pessoalmente, com diversos tipos de formação”, partilha. Em 2016, em conjunto com outra amiga, começou a apoiar uma criança carenciada com dificuldades escolares e conta-nos que “inicialmente foi um desafio gerir o tempo, mas foi um voluntariado muito enriquecedor”. Este ano letivo abraçou um novo projeto de menor tempo que “consiste numa hora semanal de apoio ao estudo num bairro carenciado. Estou a ajudar 3 crianças do 8º ano em conjunto com outra amiga.”

 

Um brilho nos olhos inexplicável

O projeto Cabo Verde é “organizado a nível nacional e desenvolvido por estudantes universitárias e jovens profissionais.” Em 2017 integrou o grupo de 60 voluntárias que partiu para o Bairro do Fonton na Ilha de Santiago em Cabo Verde e partilha: “Durante duas semanas realizamos vários tipos de atividades com a população, desde atividades com as crianças e jovens, promoção do ambiente, cursos de culinária, empreendedorismo, informática, um curso de primeiros socorros e montamos ainda um dispensário médico. Eu em particular estive envolvida nas atividades do dispensário e nas atividades das crianças, em que coordenei os jogos das crianças mais novas, entre os 5 e os 8 anos. O dia-a-dia no bairro era sempre uma animação, eramos diariamente recebidas com o sorriso e os abraços das crianças que vinham a correr na nossa direção sempre que entrávamos no bairro. A manhã era passada entre artes, teatro, volta ao mundo, coro, hora do conto e jogos. Estar com as crianças foi das coisas que mais me marcou no projeto. A alegria com que elas vivem, o entusiamo que tinham só por um bocadinho de colo ou atenção. São incontáveis a quantidade de beijinhos, abraços e “colinho” que dei e recebi daqueles meninos. Só um bocadinho de atenção parecia que lhes mudava o dia, punha um brilho nos olhos inexplicável! Crianças que tinham pouco, mas que o pouco que tinham era para dar. Eram de uma autenticidade e generosidade inigualável! É impossível esquecer o nome daquelas crianças com quem estava quase todos os dias e às quais ganhei um carinho enorme. Foram imensos os rostos e nomes que para mim marcaram este projeto e que vão ficar sempre guardados na minha memória e no meu coração. Para além das crianças, também estive envolvida no dispensário médico, onde quatro médicas estavam a dar consultas à população. Tive a oportunidade de as auxiliar no que era necessário, fazendo um bocadinho de triagem, ajudando nas consultas e atendendo uma pessoa ou outra - sempre com as médicas como pano de fundo. Consultar os adultos também foi muito enriquecedor. Na área da saúde, dei ainda uma formação acerca do dengue e da malária, e participei noutra de suporte básico de vida. Notava-se que aquelas pessoas estavam ali para aprender e queriam levar consigo o máximo de conhecimento que lhes conseguíssemos transmitir. Também pude participar em algumas das atividades dirigidas às jovens, e foi edificador ver o empenho delas a aprender, sempre muito atentas, a absorver tudo o que tínhamos para lhes ensinar. Foi muito difícil ouvir todos os “porque é que vais embora?”, “quando é que voltas?”, “eu quero ir contigo”, principalmente porque não tinha resposta para nenhuma daquelas questões. A verdade é que eu não queria vir embora, queria voltar no dia seguinte e, se fosse para vir, queria que eles viessem todos comigo. Foi duro voltar à realidade do nosso país, onde tudo é sobrevalorizado, onde entramos num centro comercial e compramos peças que nunca vamos usar, desperdiçamos comida, tomamos a água e a luz como garantidas e não temos metade da felicidade daquelas pessoas. Este projeto ajudou-me, entre muitas outras coisas – sim, porque por mais que tente nunca vou conseguir pôr em palavras tudo o que vivi lá e tudo o que significou para mim – a ver o que é supérfluo, a “desdramatizar” e a dar valor ao que realmente tem valor. E deixou-me ainda uma certeza - eu queria voltar, “calçar as sapatilhas, deixar o sofá” e voltar a ajudar! Este ano vou voltar ao Fonton com o projeto cabo verde 2018 e mal posso esperar por voltar a ver aqueles sorrisos e ajudar aquelas pessoas!”

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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