Doutrina social |
Terceiro aniversário da publicação da encíclica Laudato si’
Criar rede para cuidar da Casa Comum
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Assinalando o terceiro aniversário da publicação da encíclica Laudato si’(LS), a Santa Sé promoveu nos dias 5 e 6 de Julho, o Simpósio “Salvar a nossa casa comum e o futuro da vida na terra” com o desejo de criar uma verdadeira rede de pessoas apaixonadas por esta causa.


O significado da Laudato si’

Promovido pelo Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano integral, este Simpósio aponta para a tomada de consciência sobre a responsabilidade de todos pela casa comum; uma caminhada que o Papa chama movimento ecológico mundial, “que já percorreu um longo caminho, enriquecido pelo esforço de muitas organizações da sociedade civil… Graças a tanta dedicação, as questões ambientais têm estado cada vez mais presentes na agenda pública e tornaram-se um convite permanente a pensar a longo prazo” (LS 166).

Francisco reconhece essa dedicação e propõe caminhar em conjunto, apresentando aos seus irmãos cristãos ainda outras razões para mais profundamente se deixarem motivar para uma conversão ecológica.

 

O que se tem feito na Igreja

Como na sociedade civil também na Igreja muitas iniciativas têm surgido. No entanto muito mais poderia ter sido feito: não é fácil passar de uma espiritualidade desencarnada para uma visão espiritual global. Mas, se todos deveriam estar apaixonados por esta causa, por maior razão deveria estar o que professa que “O Senhor se alegra sobre as suas obras” (Sl 104), que “ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela existe” (Dt 10,14) e que sabe que a legislação bíblica propõe ao ser humano várias normas relativas não só às outras pessoas, mas também aos restantes seres vivos, como bem o explicita o nº 68 da LS.

Realço a iniciativa “Cuidar da Casa Comum”, que, entre nós, nasceu no âmbito da Fundação Betânia, mas que depressa se transformou numa rede de variadas entidades, com o objetivo de dar a conhecer e aprofundar os ensinamentos da encíclica, e ainda de dinamizar grupos de cristãos no sentido de uma conversão ecológica, de uma espiritualidade onde a nossa relação com a terra ocupa um lugar relevante. Propõe a criação em vários espaços, nomeadamente nas paróquias, de “focos de conversão ecológica”, ou seja, pequenos grupos de 5 a 10 pessoas, onde se estudam as questões ambientais físicas, mas também sociais, levando a um ecodiagnóstico e a uma ecologia integral.

 

O nosso Planeta

A nossa terra torna-se insignificante no conjunto do Universo, mas é aí que nós vivemos, é esse o espaço que nos é entregue para uma gestão responsável e global: ficar-se nos limites da Paróquia, Diocese ou País corresponde a uma visão míope e mesquinha do mundo. Abertos aos desafios que se colocam noutros espaços, estaremos mais habilitados para aceitar os que batem à nossa porta e que já se fazem sentir nos incêndios, na falta de água e na desertificação do interior. Lá encontraremos oportunidades para identificar agressões à casa de todos e injustiças gritantes, por vezes encobertas sob a capa de investimentos, progresso e até melhoria de condições de vida das populações.

Ainda recentemente a Global Witness acusava uma empresa, detida por três irmãos portugueses, como responsável pela desflorestação ilegal e sistemática da floresta congolesa destruindo habitats de espécies ameaçadas e lançando para a atmosfera milhões de toneladas de gases com efeito de estufa. Aos habitantes locais não chega qualquer benefício dos chorudos lucros obtidos que, asseguram os ativistas, são geridos em paraísos fiscais.

Idêntica agressão e danos se praticam com o abate da floresta tropical de Sumatra, na Indonésia, para dar lugar à plantação de palmeiras para delas extrair a baixo custo o óleo que vai servir as multinacionais Pepsico, Unilever e Nestlé.

São exemplos entre muitos outros que continuam a corroer a humanidade. No passado domingo dia 15, no Público, Fr. Bento Domingos recordava D. Pedro Casaldáliga, que passou a sua vida de missionário e de bispo a defender os mais desprotegidos, nomeadamente os que eram escorraçados das suas terras no Mato Grosso, agora ocupadas por grandes produtores de soja e a utilização dos seus produtos químicos. Nem os seus noventa anos nem a doença que ele chama “irmão Parkinson” fizeram esmorecer a convicção de que a salvação diz respeito à pessoa toda e a tudo o que lhe diz respeito, como é a casa comum. É um profeta que denuncia a idolatria do lucro e a miopia de só ver o seu interesse. Bem precisamos desse testemunho.

texto pelo padre Valentim Gonçalves, CJP-CIRP
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