Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
Que guerra é esta, afinal?
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Quando, no Ensino Secundário, estudei a história do “Ocidente” – mas creio que o mesmo se passará em qualquer outra civilização – era inevitavelmente confrontado com longos e vários períodos de guerras. Como consequências desses tempos de lutas, eram apresentadas as inevitáveis listas: o comércio permanecia paralisado; o progresso científico e cultural era nulo (o que é compreensível: quando o mais importante é sobreviver, poucos são os que têm tempo e disponibilidade para se dedicarem às artes ou ao estudo, a não ser naquilo que contribui para a guerra e para a defesa da própria vida); e, invariavelmente, a demografia ressentia-se da instabilidade: a população diminuía porque não apenas eram muitos os que morriam nas batalhas como, também, ninguém criava filhos para servirem de soldados e morrerem daí por alguns anos.

Pelo contrário, quando os tempos eram de paz, tudo florescia e, com a segurança que estava associada ao progresso material e espiritual, a população aumentava consideravelmente. Podemos dizer que a demografia é um dos seguros indicadores da paz, tranquilidade e segurança em que vive um determinado povo.

Ora, o facto é que nunca assistimos a tempos de paz e de progresso material, técnico e cultural como nos nossos dias. Nunca ninguém, ao longo dos séculos passados e no mundo inteiro teve à sua disposição tantas possibilidades como nós. Nunca a ciência e os seus conhecimentos estiveram ao alcance e ao serviço de tantos como acontece hoje na nossa Europa. Nunca viajar pela Europa foi tão seguro e frequente. Nunca o comércio foi tão florescente. Nunca foi tão seguro viver como no mundo ocidental contemporâneo. Vivemos, verdadeiramente, um momento único na história universal, que faz inveja a qualquer outra grande civilização e a todas as épocas que nos precederam.

Mas este nosso momento único de progresso é vivido simultaneamente com um dado assustador: se, no conjunto da população europeia, somos infinitamente mais ricos que qualquer outro que nos precedeu (nunca os milionários de há séculos atrás tiveram acesso a cuidados de saúde, a casas confortáveis, a educação e cultura, e a divertimento como mesmo os mais pobres dos europeus têm hoje ao seu dispor), em termos de vida humana, existimos como se estivéssemos em guerra consecutiva e grave: a população europeia diminui no seu conjunto a um ritmo nunca vivido em tempo de paz. A esmagadora maioria dos países europeus sofre de um preocupante “inverno demográfico”, só compensado pelos constantes fluxos migratórios e pelo acréscimo populacional que eles trazem consigo.

Por isso, é caso para nos questionarmos: que guerra surda é esta em que vivemos ou em que nos fazem viver?

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