Lisboa |
25º Acampamento Regional de Lisboa (ACAREG) reuniu 2700 escuteiros
Um lugar onde Deus habita
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Foram dias de atividades, convívio, diversão, serviço e oração. O 25º Acampamento Regional de Lisboa, que reuniu 2700 escuteiros da diocese, ficou também marcado pela apresentação da futura capela no Centro de Atividades Escutistas de Ferreira do Zêzere.

 

Joana Vaz, de 16 anos, é escuteira há seis e tinha participado no último ACAREG, em 2014. Este ano, lá estava de novo esta jovem, de mochila às costas, preparada para uma semana de atividades no Centro de Atividades Escutistas de Ferreira do Zêzere (CAEFZ), entre 29 de julho e 4 de agosto. “Gostei muito da edição anterior, por todas as atividades, não só no campo, mas também nas vilas lá perto”, descreve Joana, ao Jornal VOZ DA VERDADE. Esta jovem pertence ao Agrupamento 1243 – Bobadela, do CNE – Corpo Nacional de Escutas, que foi um dos mais representado no 25º Acampamento Regional de Lisboa, com cerca de 100 elementos das quatro seções: Lobitos (6 aos 10 anos), Exploradores (10 aos 14 anos), Pioneiros (14 aos 18 anos) e Caminheiros (18 aos 22 anos). Da atividade deste ano, Joana destaca “o dia das atividades náuticas, que era o dia da mobilidade e dos transportes”.

Joana diz que sempre foi “incentivada pelos pais” a participar nas atividades dos escuteiros e destaca a importância deste movimento para a missão da Igreja de chegar aos jovens. “Os escuteiros transparecem a alegria da Igreja e a juventude mostra o rosto jovem da Igreja”, garante Joana Vaz.

 

Um estreante marcado pelo serviço

Foi também o Agrupamento 1243 – Bobadela do CNE que, por estar à entrada do CAEFZ, ‘recebeu’ o Cardeal-Patriarca de Lisboa aquando da sua visita ao campo escutista, no passado dia 30 de julho. Cumprimentando cada um com a canhota escutista, D. Manuel Clemente passou todo este dia entre os escuteiros, tirou selfies e fotos de grupo, conheceu o campo e celebrou a Eucaristia, ao final da tarde.

André Nunes, de 20 anos, pertence também a este agrupamento, mas, ao contrário de Joana, nunca tinha participado num ACAREG. “Este foi o primeiro acampamento regional em que participei! Foi uma oportunidade de fazer um acampamento onde poderia conviver com outros agrupamentos e ter uma vivência, se calhar, diferente. Foi isso que me motivou, juntamente com os meus colegas de clã, a ir nesta aventura”, explica este jovem Caminheiro, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

Da semana passada no Centro de Atividades Escutistas de Ferreira do Zêzere, André destaca o trabalho de voluntariado. “O melhor dia foi, sem dúvida, o dia do serviço, em que pudemos partilhar com outros clãs esta vivência, coisa que, por vezes, em região não o conseguimos fazer. Foi muito bom, porque acabámos por ir a uma instituição onde estivemos com crianças, com idosos e onde fizemos serviço como pintar paredes e conseguimos colorir a instituição, que precisava de ajuda. Foi um dia muito completo e cheio, em que fomos muito bem recebidos”, conta.

Escuteiro há cinco anos, este jovem da Paróquia da Bobadela considera que “os jovens trazem uma alegria diferente e nova à sociedade e àquilo que a Igreja transparece”. “A Igreja não são só idosos, é também as crianças e a juventude, e nestes dias de ACAREG conseguimos transparecer um pouco isso mesmo. É importante tentarmos melhorar o nosso interior, como pessoas, mas mostrar também que nós conseguimos seguir os ideais de Deus e ir junto a Ele, através da sua Palavra”, refere André Nunes.

 

Mudar a sociedade

O 25º Acampamento Regional de Lisboa teve como tema ‘(Re) Criar a Cidade’ e o balanço, segundo o assistente regional de Lisboa do CNE, padre Jorge Sobreiro, é “muito positivo”. “Apanhámos uma semana de muito calor, mas foi muito bom, muito positivo, foi ótimo. O imaginário correu muito bem, com a recriação da pólis, da cidade. O Papa Francisco está sempre a dizer que nós não estamos numa época mudanças, estamos numa mudança de época – e o que esteve também por trás deste imaginário foi um pouco este mote do Papa. Procurámos ajudar os nossos escuteiros a perceberem que, já que estamos nessa mudança de época, há que recriar a cidade e, com isso, eles perceberem que podem mudar a sociedade”, assegura este sacerdote, ao Jornal VOZ DA VERDADE.

 

Identidade

O ACAREG deste ano ficou marcado pela apresentação de um sonho antigo da Região de Lisboa e mesmo de todo o ‘mundo escutista’ da diocese: a construção de uma capela no Centro de Atividades Escutistas de Ferreira do Zêzere. Aquando da sua visita ao acampamento regional, no passado dia 30 de julho, o Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, inteirou-se do projeto, saudando e incentivando a iniciativa que, segundo o assistente regional, promove a identidade do escutismo católico. “Porquê uma capela num campo escutista? Porque faz parte da nossa identidade! Um campo escutista do CNE não é apenas um lugar para fazer atividades escutistas, para fazer acampamentos; é um lugar onde Deus habita e onde os escuteiros católicos podem fazer uma experiência de Deus”, sublinha o padre Jorge. “É verdade que precisamos de casas de apoio, é verdade que precisamos de sanitários, mas para marcar a nossa identidade também precisamos de uma capela, que seja um lugar onde Deus habita de uma forma especial e onde os escuteiros católicos se possam encontrar com Cristo”, acrescenta.

 

Continuar a trabalhar no projeto

Quem vê o projeto da futura capela do CAEFZ pode entender que faz lembrar a Capela de Nossa Senhora de Fátima situada no campo nacional de atividades escutistas, em Idanha-a-Nova, inaugurada no verão de 2017 e que recentemente recebeu o prémio internacional Architizer A+Awards (prémio de melhor arquitetura do ano). O padre Jorge Sobreiro, contudo, diz que o “projeto é ligeiramente diferente”. “A capela da Idanha é uma tenda canadiana nivelada; a nossa são duas tendas canadianas que não são desniveladas, mas em que uma é mais alta que a outra – a do altar mor é mais alta –, mas os projetos são, em tudo, idênticos. Ou seja, são ambas abertas dos dois lados, sendo possível celebrar a Eucaristia para dentro e para fora da capela”, explica.

Depois de avanços e recuos, desta vez o projeto de construção de uma capela no Centro de Atividades Escutistas de Ferreira do Zêzere vai mesmo avançar e até já há uma data desejada para a inauguração. “Nós tínhamos o projeto de uma capela, cujo valor tinha sido aprovado em conselho regional, mas que não chegava para a construção. Não foi possível, nessa altura, mas o projeto não foi abandonado e vamos continuar a trabalhar nele para tentar construir a capela até à Páscoa do próximo ano para que, assim, as atividades do próximo verão já possam ter uma capela”, aponta o assistente regional de Lisboa do CNE, padre Jorge Sobreiro.

 

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“Construir a cidade pela solidariedade e partilha”

Na Missa de abertura do 25º Acampamento Regional de Lisboa, o Bispo Auxiliar D. Joaquim Mendes convidou os escuteiros que a construírem a cidade através da condivisão. “Jesus disse aos discípulos para mandarem sentar as pessoas. Recebeu os pães e os peixes do rapazito, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, que comeram quanto quiseram, e mandou recolher o que sobrou. A ação de Jesus reclama a nossa atenção, diz-nos que a solução das fomes não está tanto no vender e no comprar, mas no condividir. É por aqui que nós temos de construir a cidade: pela solidariedade, pela partilha. É admirável a coragem e a generosidade deste rapazito que prescinde do que tem para o pôr à disposição de Jesus. Serieis capazes de fazer o mesmo? A ação de Jesus diz-nos que a solução passa por cada um disponibilizar os pães e os peixes que tem, poucos ou muitos; a solução passa, não pela defesa egoísta do que é meu, mas pela coragem de prescindir do que temos, pela generosidade, pelo partilhar, pelo dar”, apontou o prelado, na Missa campal no Centro de Atividades Escutistas de Ferreira do Zêzere.

Nesta celebração no primeiro dia do ACAREG, a 29 de julho, D. Joaquim Mendes destacou depois o “código de conduta cristão indispensável” que “deve regular as relações pessoais de uns com os outros” e que foi lembrado por São Paulo, na segunda leitura da Missa. “Esse código consiste na humildade, na mansidão, na paciência, na compreensão, na aceitação recíproca e na caridade. Só assim é possível construir a cidade na paz e na unidade, e resolver os problemas das fomes, também as do pão”, observou o Bispo Auxiliar, perante quase três milhares de escuteiros.

D. Joaquim Mendes, que passou o dia entre os ‘escutas’, a visitar este Centro de Atividades Escutistas da diocese, salientou ainda que ser escuteiro “não é apenas dar uma mão para a construção da cidade, mas dar tudo, tudo, para que a cidade se transforme e seja habitável, haja espaço para todos; seja um lugar para todos poderem ser felizes e realizar o sonho de Deus, que é o de uma cidade onde todos possam crescer e viver numa ecologia integral”. “Ser Escuteiro é empenhar-se para transformar o mundo, e deixá-lo um pouco melhor do que ele está, como dizia BP [Baden-Powell, fundador do escutismo]. Ser Escuteiro é dar tudo, tudo para construir a cidade ao estilo de Deus: uma cidade onde habita a justiça, a fraternidade e a paz; onde haja ‘um só corpo e um só Espírito’, debaixo da paternidade de Deus, Pai de todos, e que nos faz irmãos uns dos outros”, terminou o Bispo Auxiliar de Lisboa.

Depois da celebração, teve lugar o jantar e a noite terminou com a cerimónia de abertura do ACAREG, que além dos habituais discursos teve também diversas atuações culturais e musicais, num espetáculo de luz, cor e movimento. 

 

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Igreja preocupa-se com o escutismo

Além do Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, e do Bispo Auxiliar D. Joaquim Mendes, também D. Nuno Brás esteve presente no Centro de Atividades Escutistas de Ferreira do Zêzere para o 25º Acampamento Regional de Lisboa. “Convidámos os Bispos todos a estarem presentes no ACAREG”, frisa ao Jornal VOZ DA VERDADE o assistente regional, padre Jorge Sobreiro. “É verdade que não tiveram muito contacto com os miúdos, porque andámos a mostrar o campo – o D. Nuno foi ainda quem teve mais contacto porque andou na pista de obstáculos –, mas a presença deles, para nós, é muito importante porque é sinal que a Igreja se preocupa com o escutismo e quer fazer caminho com o escutismo”, acrescenta o sacerdote.

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos Diogo Paiva Brandão e CNE Região de Lisboa
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