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Roma
“Nunca se insulta a mãe, o pai. Nunca. Nunca.”
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O Papa Francisco apelou à honra ao pai e à mãe. Na semana em que deu mais poder ao Sínodo dos Bispos, o Papa ofereceu milhares de crucifixos, visitou a Sicília e pediu aos bispos europeus para procurarem novos caminhos para a solidariedade.

 

1. O Papa Francisco refletiu sobre o quarto mandamento, ‘Honrar pai e mãe’, pedindo para acabarem os insultos aos pais. “Entre nós, há o hábito de dizer coisas feias, também palavrões. Por favor, nunca, nunca, nunca se insultam os pais dos outros. Nunca se insulta a mãe, o pai. Nunca. Nunca. Tomai esta decisão interna: de hoje em diante, nunca mais vou insultar a mãe ou o pai de alguém. Deram-lhe a vida, não devem ser insultados”, frisou o Papa, falando de improviso na audiência-geral de quarta-feira, 19 de setembro. Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, no Vaticano, Francisco sublinhou também a importância da reconciliação familiar. “Se te afastaste dos teus pais, faz um esforço e volta para eles. Talvez sejam velhos, mas deram-te a vida”, lembrou.

Na reflexão, o Papa sublinhou que o quarto mandamento não exige que “os pais sejam perfeitos”. “Fala-se de um ato dos filhos, que prescinde dos méritos dos pais, que mostra uma coisa extraordinária e libertadora: mesmo que nem todos os pais sejam bons e nem todas as infâncias sejam serenas, todos os filhos podem ser felizes, porque chegar a uma vida plena e feliz depende do justo reconhecimento de quem nos pôs no mundo”, observou.

 

2. A nova constituição apostólica ‘Episcopalis communio’, sobre a estrutura do Sínodo dos Bispos, alarga a sua representação e competências e prevê a possibilidade de assembleias deliberativas, cujas conclusões serão integradas no magistério ordinário. Este documento, com 27 artigos e publicado no dia 18 de setembro, revoga as normas vigentes, alargando esta estrutura por diferentes fases sinodais: a fase preparatória; a fase celebrativa; a fase de executiva da Assembleia e a Secretaria Geral. O objetivo é transformar o Sínodo de “evento” em “processo”. Fundamental, diz o documento, é a participação do povo de Deus na fase preparatória, pois “toda a Igreja é chamada a realizar um caminho sinodal”, que deve envolver diretamente as igrejas locais.

 

3. O crucifixo “não é um objeto ornamental, mas um sinal para contemplar e rezar”, lembrou o Papa, no passado Domingo, 16 de setembro, após a oração do Angelus. “Hoje, dois dias depois da festa da Santa Cruz, pensei em oferecer-vos um crucifixo. O crucifixo é sinal do amor de Deus que em Jesus deu a vida por nós. Convido-vos a acolher esta oferta e a guardá-la na vossa casa, no quarto das crianças, dos idosos, em qualquer parte, mas que se veja!”, apontou o Papa, sublinhando que a cruz “é uma oferta do Papa” e que, por isso, não tem de ser paga.

 

4. O Papa Francisco destacou, na Sicília, o sacrifício do sacerdote Giuseppe Puglisi, assassinado pela mafia há 25 anos, e garantiu aos mafiosos que não são cristãos. “Não se pode acreditar em Deus e ser mafioso, quem é mafioso não vive como cristão, porque blasfema com a vida o nome de Deus”, afirmou Francisco, na homilia da Missa em Palermo, perante dezenas de milhares de fiéis reunidos no grande espaço verde do Foro Itálico. “Hoje, precisamos de homens e mulheres de amor e não de homens ou mulheres de honra, de serviço e não de opressão, precisamos de homens e mulheres a caminhar juntos e não a usar o poder”, alertou, ainda, Francisco. “Deixem de pensar em vós e no vosso dinheiro e convertam-se ao verdadeiro Deus de Jesus Cristo”, pediu.

O Papa recordou que o padre Puglisi morreu há 25 anos, no dia em que fazia 56 anos, e que “coroou a sua vitória com um sorriso”, numa alusão ao sorriso com que o sacerdote, conhecido por tentar tirar os jovens do crime organizado, recebeu o seu assassino quando o viu chegar e lhe disse que “o esperava”. “Aquele sorriso não deixa dormir de noite o seu assassino, que diz: havia uma espécie de luz naquele sorriso”, referiu Francisco. “O padre Puglisi sabia que se arriscava, mas sabia sobretudo que o verdadeiro perigo na vida é não arriscar e viver comodamente”, adiantou, apelando aos fiéis para se esquecerem do egoísmo, seguindo o exemplo do sacerdote.

Após o almoço no centro ‘Missão de Esperança e Caridade’, com 1300 pobres, imigrantes e ex-reclusos, e a visita privada à Paróquia de São Caetano, no Bairro Brancaccio, e à casa do beato Pino Puglisi, o Papa encontrou-se com o clero, religiosos e seminaristas, na Catedral de Palermo, sublinhando que não se pode viver uma dupla moral. “Dar testemunho quer dizer fugir de toda a vida dupla, fugir da hipocrisia de que o clericalismo não está isento, seja no seminário, na vida religiosa, no sacerdócio. Não se pode viver uma dupla moral: uma para o povo de Deus e outra em casa. Quem dá testemunho de Jesus pertence sempre a Jesus e por amor a Jesus empreende uma batalha diária contra os seus próprios vícios e todos os tipos de tentações mundanas”, recordou.

No discurso inaugural, quando chegou à Sicília, na manhã do passado sábado, 15 de setembro, Francisco lembrou vários problemas daquela região, como o desemprego, exploração, migração de famílias, jogo e corrupção. “Considerar as chagas da sociedade não é uma ação pessimista, mas se queremos que a nossa fé seja concreta, devemos aprender a reconhecer nesses sofrimentos humanos as mesmas chagas do Senhor”, apontou.

 

5. O Papa Francisco enviou uma mensagem aos presidentes das Conferências Episcopais Europeias, reunidos na Polónia, apelando à solidariedade. “Encontrar sempre novos caminhos para realizar uma generosa e responsável solidariedade, identificando percursos de fraterna colaboração pastoral, no sulco dos valores espirituais, que forjaram o pensamento, a arte e a cultura da Europa”, convidou o Papa.

Reunidos em Poznan, de 13 a 16 de setembro, os prelados participantes do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), incluindo o Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, ouviram a mensagem lida pelo Núncio Apostólico na Polónia, o arcebispo Salvatore Pennacchio, onde Francisco defende um reforço da comunicação entre os bispos da Europa para impulsionar o trabalho da Igreja, “especialmente em favor dos jovens”, ajudando-os a “descobrir o contributo da fé para a unidade do continente europeu”.

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