Domingo |
À procura da Palavra
Por nós e para nós?
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DOMINGO XXVI COMUM Ano B

“Quem não é contra nós é por nós.”

Mc 9, 40

 

Ainda bem que Deus não cobra à humanidade os “direitos de autor” de tudo o que é bom, belo e verdadeiro. Pelo contrário, fez-nos co-criadores de todos os milagres da vida, cuidadores daqueles que não dependem de nós e responsáveis por aqueles que só nós podemos fazer. Por isso, ninguém tem a exclusividade do bem, e em todos a sua graça pode actuar. Porquê então a tendência gananciosa e invejosa quando nos julgamos “donos dos milagres”, “proprietários da verdade”, “únicos criadores de bem e de beleza”?


É maravilhoso descobrirmos a beleza e a bondade onde e em quem menos se espera. Creio que Deus nos pede um coração de criança por isso mesmo. É preciso libertarmo-nos dos preconceitos que distorcem a realidade, da privatização do bem e do belo “só para nós e para os nossos”, do exclusivo da salvação. As fronteiras e as exclusões são obra dos homens e não de Deus. Com Jesus, o estrangeiro e o estranho, não é um perigo ou uma ameaça: é uma oportunidade. A derrubar muros, a partilhar dons, a abrir a mesa fraterna da comunhão. Seremos nós a colocar limites ao abraço de Deus? Conhecemos a medida dos seus braços e a surpresa da sua generosidade?


Imagino o sorriso de Jesus diante da queixa do discípulo João. Sem o repreender, alarga-lhe o coração e o pensamento. Não há limites para o amor de Deus se manifestar. E até o céu envolve o mundo num simples copo de água dado por amor. Se as mãos, os pés, e os olhos, que simbolizam o agir humano, podem fazer o bem, grave é não fazê-lo, e pior ainda, é usá-los para o mal. Jesus não quer que os cortemos ou arranquemos, pois bem falta nos fazem, mas os libertemos para a sua vocação essencial: fazer, caminhar e ver, ao modo de Jesus. Que eles criem, desenvolvam, reconheçam, partilhem os milagres que são de todos e para todos. Os ricos, denunciados pelo apóstolo Tiago, ao quererem o bem só para si, excluem-se da comunhão e da festa, e o resultado é a traça e a podridão. Esse é o maior escândalo: podiam fazer tanto bem, mas o egoísmo e a ganância torna-os artífices do mal. E não corremos o risco de ser um pouco “ricos” assim?


O que faltou a João e aos discípulos foi a alegria de ver o bem realizado por outros. Reclamaram uma posse, uma exclusividade, um direito que Deus não dá a ninguém, porque é de todos. E a alegria torna-se um critério da vida renovada de Jesus. A alegria dos milagres alheios, do crescimento de quem quer que seja, da saúde e da paz que outros alcançam, dos dons que se partilham generosamente, das obras boas e belas que são feitas. E para que a alegria seja plena são precisas as mãos, os pés e os olhos de todos!

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