Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
Liturgia: sustento do nosso caminho
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“Cerimónias é na igreja” – escutamos tantas vezes. Usa-se a expressão quando alguém se quer referir a gestos e atitudes mais ou menos vazios de sentido mas que temos que fazer “porque sim” ou “porque pertence”. Meros rituais vazios para dar estilo ou aparência a uma qualquer festa ou momento importante.

Apesar de toda a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II e do pós-Concílio, parece que, afinal, não caminhámos assim tanto – pelo menos, não caminhámos tanto quanto devíamos ou podíamos. Das “cerimónias” passámos para o “sem-cerimónias”. Do “vazio com estilo”, passámos ao “vazio sem-estilo”. Mas sempre (ou quase sempre) vazio: simples emoções, sentimentalismos. Não aprendemos a rezar como Povo de Deus. Temos dificuldade em fazer da liturgia o lugar onde Deus vem ao nosso encontro, alimenta a nossa fé e nos converte e converte a nossa vida – o lugar do sacrifício e da oração de Cristo.

É claro que estou a exagerar e a ser injusto. Reconheço. É óbvio que, antes da reforma de Paulo VI, a liturgia, tal como era proposta pela Igreja, estava longe de ser vazia e mero teatro litúrgico. É óbvio que muitos foram os santos que ali encontraram a sua vida espiritual e a fonte da sua vida com Deus e com os irmãos.

Como é óbvio que a reforma litúrgica de Paulo VI está longe de ser o “vazio sem-estilo” que alguns denunciam. Basta participar em tantas celebrações litúrgicas na nossa diocese para o perceber, mesmo com todas as falhas às rubricas que lhes possamos apontar. E não tenho dúvidas de que, também ela, está a dar alimento e a ser fonte de vida espiritual para muitos santos.

Claro que a reforma litúrgica conciliar não tem culpa dos abusos e da frivolidade de tantos que, longe de celebrar o mistério de Cristo, se celebram a si mesmos e à sua vida pequena (diante de Deus a nossa vida é sempre pequena), numa qualquer realidade que em nada se distingue de uma festa de amigos.

A liturgia perfeita só a celebraremos no Céu. Porque, ao contrário de tantas realidades que vivemos neste mundo passageiro, a liturgia não desaparece no Céu. Pelo contrário: é aí que o louvor que sempre devemos prestar a Deus é pleno e sem mancha. É o louvor dos santos.

Até lá, precisamos de caminhar sem desfalecer. Com a Igreja e por meio da liturgia, com a oração que ela nos propõe, fruto de um caminho de séculos. Como afirma o Senhor Patriarca: “A oração cristã repercute pessoal e comunitariamente em nós, por ação do Espírito, o que existe em Cristo, como Filho de Deus”. É a oração filial de Cristo que “há-de sustentar o nosso percurso na terra”.

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