Missão |
Irmã Nancy Ortiz Casas, da Congregação das Filhas de Santa Maria de Guadalupe
Deus tem um plano de Amor para todos
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A Irmã Nancy Ortiz Casas nasceu a 30 de outubro de 1964, no norte do México, e é a quarta de cinco filhos. Frequentou até ao 4º ano da faculdade a licenciatura de Assistente Social, faltando um ano e meio para terminar o curso. Pertence à Congregação das Filhas de Santa Maria de Guadalupe e a sua vida tem sido dedicada à missão.

 

A sua família era cristã e, “como tantas outras, apenas de Missa dominical”. Até aos 16 anos, o seu percurso também foi assim. Nessa altura conheceu alguns jovens da Legião de Maria que visitavam o seu bairro “convidando a rezar o terço em cada casa. Só participei por curiosidade, nem sequer sabia rezar o terço; lembro-me que, na primeira vez que me pediram para orientar um mistério, eu estava atrapalhada e troquei tudo”, partilha. Nesse grupo começou a conhecer a Nossa Senhora e fez a caminhada de preparação para a promessa de Consagração a Nossa Senhora. Tal como a maior parte das raparigas da sua idade, também ela tinha namorado. Ao partilhar com uma amiga o curso que tinha escolhido, Assistência Social, a sua amiga colocou a hipótese de serem ambas freiras. “Imediatamente lhe respondi que, se ela quisesse, poderia ir; eu não iria. Eu tinha grandes sonhos para a minha vida: tirar a licenciatura, trabalhar, casar-me… Entretanto, veio o padre Justo Javier Treviño para a minha paróquia. Quando nos conhecemos, ele perguntou-me o que andava eu a estudar. Quando lhe respondi, ele perguntou-me se eu sabia que as trabalhadoras sociais também podiam ser freiras. Eu disse-lhe: ‘As outras sim. Eu nunca’. Depois, cada vez que me encontrava, perguntava se eu queria ser freira. Foi ali que comecei a dar por mim a pensar no assunto”, partilha.

Uns meses depois, conheceu uma das Irmãs da Congregação (a Irmã Mila) a que hoje pertence, as Filhas de Santa Maria de Guadalupe (FSMG) que se apresentou e disse que “estava ali a ver se levava alguém com ela para o convento. Pensei logo com os meus botões que estava tudo bem, desde que não fosse eu.” Iniciaram “uma linda relação de amizade” e começou a ir muitas vezes a casa dela. Depois, a convite dessa irmã, começou a ir aos retiros vocacionais, “não por pensar em ser freira, mas porque gostava de estar com esta minha amiga. Mas, com tudo isto, começava a chegar o momento de eu ter de escolher o meu caminho. A um dos retiros vocacionais foi um cardeal que tinha vindo de Roma. Começou a perguntar a algumas raparigas se queriam ser freiras. E adivinhem a quem ele dirigiu o olhar enquanto fazia esta pergunta? Sim, a mim. E eu simplesmente ri, sem responder nada”, partilha. Um dia, percebeu que afinal também queria ser freira.

 

Uma vida em missão

A 12 de julho de 1984 deu a notícia aos seus pais de que ia entrar na congregação, que reagiram com imensa surpresa. Após algumas reticências de ambos e após expor as suas razões ouviu finalmente ‘Bem, pelo que vejo, já decidiste. Se é assim, vai’. Comunicou de imediato à Irmã que informou “com alegria” a congregação. No dia seguinte, após uma festa, contou ao seu namorado: “Ele ficou muito surpreendido, perguntou como era possível e quase chorou.” Entrou no Postulantado a 12 de agosto desse mesmo ano. Após professar, partiu em missão para Angola a 27 de fevereiro de 1989. “Foi uma experiência linda, mas ao mesmo tempo um pouco difícil. Antes de ir, recebi alguma formação, inclusive, lições de língua portuguesa, que eu desconhecia completamente. Estava destinada a ser professora numa creche, coisa por mim nunca imaginada. Também colaborei na catequese, com grupos de jovens, etc. Gostei muito da experiência e aprendi muito com ela”.

Em setembro de 1991 a sua mãe adoeceu e teve de voltar para o México para a acompanhar de perto, com visitas semanais. Numa das semanas que não foi, por estar num retiro vocacional, a sua mãe faleceu. “São os caminhos de Deus. Fui para casa muito triste e até algo revoltada com Deus por não ter estado ao lado da minha mãe na hora da sua partida. Pensava comigo mesma: ‘Já não tenho mãe’. Quando estava nestes pensamentos, vi uma medalha de Nossa Senhora e pensei que, a partir dali, Ela é que seria a minha mãe. Passados uns meses, e apesar de eu ter dito à minha mãe que já não voltaria a Angola, pediram-me para voltar àquela missão”, conta.

Partiu em setembro de 1992. Pouco depois, recomeçava a terrível guerra civil. “Ao chegar, apesar de pensar que voltaria para a creche, pediram-me para assumir o cargo de secretária executiva da Cáritas Diocesana de Cuanza Sul. Sentia que não estava muito preparada para aquele trabalho e por isso toda eu tremia. Felizmente, Deus enviou-me alguns anjos que me ajudaram a orientar o barco. Entre eles, o Pe. Vítor Mira. Quando chegou para fazer a sua experiência missionária, em fevereiro de 1993, eu pensei que aquele padre jovem estava maluco: como era possível que agora, com a guerra a recomeçar, ele viesse fazer uma experiência missionária… Com os acordos de paz de Lusaca, em novembro de 1994, registou-se uma melhoria do ambiente geral e foi possível passar a projetos já com algum cariz de desenvolvimento: comida por trabalho, pequenos projetos de formação de mulheres, agricultura, saúde, entre outros. Esse trabalho só foi possível graças ao apoio de várias ONG´S junto das quais sempre merecemos a maior confiança. Foi uma experiência única, indescritível: ir visitar zonas onde havia tensão militar; levar comida a missionários que estavam isolados havia mais de dois anos e trazê-los de volta ao mundo (como aconteceu no apoio à martirizada Kibala); ter de lidar com militares cujo comportamento podia ser algo imprevisível e passar por eles para apoiar as zonas isoladas; noutras alturas andar a pedir para me venderem alguma comida e são os militares que me vendem uma caixa grande de latas com chouriço, porque não havia peixe nem mais nada que comer; comprar e gerir toneladas de alimentos com os perigos constantes de roubos, desvios e outras perdas… Uma experiência única! Quando em julho de 1996 nos sucederam na Caritas angolanos naturais daquela diocese, entregámos as pastas com a sensação de missão cumprida”, partilha.

Em 1995, a congregação abriu uma casa na Diocese de Leiria-Fátima, mais concretamente na Marinha Grande, com a Irmã Nancy a chegar em 1998. “Comecei a acompanhar algumas atividades da diocese e, em 1999, participei na fundação do Grupo Missionário Ondjoyetu, onde têm passado muitos jovens, uns em idade, outros em espírito. Esta participação tem transformado as suas vidas ao mesmo tempo que lhes tem permitido dar um grande testemunho de entrega nas diversas áreas: saúde, agricultura, construção, promoção humana, evangelização direta, etc.”, refere.

Sobre a sua vida de missão, conta: “Sempre acreditei que Deus tinha e tem um PLANO DE AMOR para todos e para mim também; tinha de encontrá-lo, abraçá-lo, amá-lo e segui-lo, sempre com espírito de Fé e Amor, de entrega ao Irmão, sem distinção de raça, de cor, porque Deus está nele e nele devo amá-Lo”.

texto por Catarina António, FEC | Fundação Fé e Cooperação
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