DOMINGO XXXIII COMUM Ano B
“Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece:
nem os Anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai.”
Mc 13, 32
O fim da vida, do mundo, das coisas assusta-nos. A consciência de finitude, de perdas sucessivas, da morte como fim, mas também de uma esperança ainda, é descrita de forma poética num belíssimo conto de Sophia de Mello Breyner Andresen que tem por título “A viagem”. O mundo não é eterno. Esta vida terminará. Mas não caminhamos para o caos nem para o vazio. A esperança da mulher que chama no meio da noite já recebeu resposta. Jesus diz-nos que tudo está nas mãos de Deus, e que o Filho do Homem virá com o mundo novo pela mão. Porque tem de ser tão dolorosa a existência humana para tantos, porque custa tanto o despojamento de tudo o que amamos, porque é preciso tanto sofrimento são algumas das perguntas que levo para Lhe fazer!
A insistência de Jesus nos evangelhos para que os discípulos “não tenham medo” parece contrastar com as imagens dos discursos sobre o fim dos tempos. Não faz previsões de profeta alucinado nem apelos ao medo ou ao desespero. Fala de transformação, do mundo novo e pleno, já não dominado pelo mal nem por luzeiros inconstantes, mas onde brilha a luz eterna que Ele é. Convida à confiança e à esperança, a estar atento e a vigiar, não por medo, mas para estar pronto para o encontro, vivendo já o dinamismo da eternidade que é o amor. Diz que tudo passará, mas as suas palavras não passarão.
A esperança da vida eterna não desvaloriza esta vida, mas potencia-a. Compromete as forças de todos para o bem, para o desenvolvimento da dignidade humana, e começa, já e aqui, o mundo novo e belo recriado pelo amor em abundância. Não está sempre a acontecer o fim do “mundo que morre” e o nascimento “daquele que é para sempre” quando amamos incondicionalmente? Jesus fala da figueira, a última árvore a encher-se de folhas, anunciando a primavera, a renovação da natureza que conduzirá o tempo ao verão, a estação dos frutos e da luz abundante. Precisamos de uma renovada atenção aos sinais dos tempos: os da desgraça que se manifesta de formas novas e tão antigas, e reclamam um renovado anúncio do Evangelho, e os da graça, que trabalha por dentro dos corações e das vontades de todos os construtores da justiça e da paz.
Não saber o dia nem a hora convida a dar valor ao tempo. A viver em atitude de primavera, alimentando os pequenos sinais da vida que serão frutos. Caminhamos para Deus, e Ele vem ao nosso encontro. Será um encontro de amor e não de temor. Ainda que vacilem as pernas e o coração pareça rebentar de tão grande surpresa, lembro as palavras de S. João da Cruz: “No entardecer da vida, seremos julgados pelo Amor!”
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