18.11.2018
Papa |
Roma
“Não podemos falsificar a verdade nas nossas relações”
O Papa Francisco refletiu sobre o oitavo mandamento. Na semana em que convidou três mil pessoas pobres para almoçar, o Papa enviou uma mensagem aos religiosos espanhóis e foi anunciada a visita papal a Marrocos. Francisco assinalou ainda o centenário do Armistício.
1. O Papa Francisco convidou os cristãos a darem “testemunho da verdade” com as suas vidas. “O oitavo mandamento da Lei de Deus – Não levantar falsos testemunhos contra o teu próximo – ensina que não podemos falsificar a verdade nas nossas relações com os outros. De facto, a comunicação, que vai além das meras palavras, é acima de tudo um modo de manifestar o amor. Por isso, dizer a verdade é muito mais do que ser sincero ou exato com as palavras. Jesus, quando interrogado por Pilatos, disse que veio a este mundo para dar testemunho da verdade. Deu tal testemunho com a sua paixão e morte, manifestando-nos a verdade de Deus Pai e do seu amor misericordioso e fiel. Desse modo, também nós, os cristãos, devemos dar testemunho da verdade com as nossas vidas, de tal modo que cada ação que realizemos manifeste a verdade de que Deus é Pai e que nos ama com amor infinito”, apontou o Papa, na catequese durante a audiência-geral de quarta-feira, 14 de novembro, que contou com a participação de uma delegação da Nazaré, que entregou a Francisco uma imagem de Nossa Senhora da Nazaré. A iniciativa surge da intenção do presidente da Câmara Municipal da Nazaré, Walter Chicharro, em prover o culto de Nossa Senhora da Nazaré a Património Imaterial e Cultural da Humanidade (Unesco). “O processo, que ainda está em fase de preparação, quer ressaltar a importância que teve o culto mariano de Nossa Senhora da Nazaré na gênese da evangelização e propagação do mesmo em várias partes do mundo”, refere uma nota do pároco da Nazaré e reitor do santuário, padre Paolo Lagatta, enviada ao Jornal VOZ DA VERDADE. A delegação levou três imagens de Nossa Senhora da Nazaré em barro, realizadas por uma artista local, Teresa Brito, sendo que uma ficou para o Papa e as outras duas, após terem sido benzidas por Francisco, vão regressar a Portugal. 2. No âmbito do II Dia Mundial dos Pobres, o Papa Francisco vai almoçar, neste Domingo, com três mil pessoas pobres. Esta iniciativa, que nasceu no final do Jubileu da Misericórdia, por vontade de Francisco, vai decorrer no auditório Paulo VI, após a Missa, na Basílica de São Pedro. Tal como aconteceu o ano passado, o Papa vai sentar-se à mesa com os pobres, num gesto que se vai repetir em refeitórios de muitas paróquias, universidades, organizações assistenciais e associações de voluntariado de Roma, que aderiram à iniciativa. O Vaticano ofereceu também, ao longo desta semana, um posto móvel de saúde, com atendimento gratuito para pessoas necessitadas, na Praça de São Pedro, incluindo consultas de medicina geral, cardiologia, infeciologia, ginecologia e obstetrícia, podologia, dermatologia, reumatologia, oftalmologia e um laboratório de análises clínicas. 3. O Papa Francisco enviou uma mensagem aos membros dos Institutos Religiosos de Espanha, pedindo atenção particular às situações de “sofrimento” e “desesperança”. “Não se trata de ser heróis nem de nos apresentarmos aos outros como modelos, mas de estar com aqueles que sofrem, acompanhar, procurar com outros caminhos alternativos, conscientes da nossa pobreza, mas também com a confiança depositada no Senhor e no seu amor sem limites”, escreveu Francisco, lembrando que a Igreja precisa de “profetas”, ou seja, “homens e mulheres de esperança”. Na mensagem dirigida à XVI Assembleia Geral da Conferência Espanhola de Religiosos, que se realizou em Madrid, com o lema ‘Dar-vos-ei um futuro repleto de esperança’, o Papa assinalou as várias dificuldades que a vida religiosa enfrenta hoje, como “a diminuição das vocações e o envelhecimento” dos membros das comunidades, os problemas económicos e os desafios da internacionalidade e da globalização, “a marginalização e a irrelevância social”. “Nenhum esforço deve ser poupado para servir e encorajar a vida consagrada espanhola, para que não lhe falte a memória agradecida nem o olhar para o futuro, porque não há dúvida de que o estado de vida religiosa, sem esconder incertezas e preocupações, está cheio de oportunidades e também de entusiasmo, paixão e consciência de que a vida consagrada hoje tem sentido”, garantiu Francisco, salientando que, no contexto atual, há necessidade de “religiosos audazes, que abram novos caminhos e uma abordagem da questão vocacional como opção fundamental cristã”. 4. O Papa vai visitar Marrocos, em março de 2019. O anúncio foi feito pelo Vaticano, no passado dia 13 de novembro. “Acolhendo o convite de sua majestade o Rei Mohammed VI e dos bispos, Sua Santidade fará uma viagem apostólica a Marrocos do dia 30 a 31 de março de 2019, visitando as cidades de Rabat e Casablanca”, refere o boletim diário da Santa Sé. A nota acrescenta que “o programa da viagem será publicado a seu tempo”. Esta será a segunda vez que um Papa visita Marrocos. A primeira foi há 33 anos, quando João Paulo II visitou Casablanca, em 1985. Antes ainda da viagem a Marrocos, Francisco vai deslocar-se ao Panamá, entre 23 e 27 de janeiro, para presidir às Jornadas Mundiais da Juventude. 5. O Papa pede que se aprenda a lição com a tragédia da I Guerra Mundial. No passado Domingo de manhã, 11 de novembro, no Vaticano, Francisco assinalou o centenário do Armistício. “A página histórica do primeiro conflito mundial é um grave aviso para que todos rejeitem a cultura da guerra e busquem todos os meios legítimos para pôr fim aos conflitos que ainda assolam muitas regiões do mundo. Parece que não aprendemos”, declarou o Papa. Depois de pedir orações pelos milhões de vítimas da “enorme tragédia” que foi a I Guerra Mundial, Francisco lançou um repto: “digamos com força: apostemos na paz, não na guerra!”. O Papa pediu ainda ao mundo para seguir o exemplo de São Martinho de Tours, que cortou em dois o seu manto para partilhá-lo com um pobre. “Que este gesto de solidariedade humana indique a todos o caminho para a construção da paz”, sublinhou.Aura Miguel, jornalista da Renascença, à conversa com Diogo Paiva Brandão
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