Lisboa |
Ordenações Diaconais
Para um “Advento pleno” é necessária uma “vigilância pronta”
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No primeiro Domingo do Avento, o Cardeal-Patriarca de Lisboa ordenou três novos diáconos, com vista ao sacerdócio. No Mosteiro dos Jerónimos, D. Manuel Clemente pediu “vigilância” aos ordinandos e convidou os cristãos a “viverem” e “serem” Advento para os outros.

 

“Vigiai!”. Esta foi a “palavra de ordem” com que o Cardeal-Patriarca de Lisboa iniciou a homilia na celebração de ordenação de três diáconos, no passado Domingo, 2 de dezembro, no Mosteiro dos Jerónimos. No primeiro Domingo do Advento, D. Manuel Clemente pediu “vigilância” aos novos ministros ordenados. “É neles e através deles que o Senhor continuará a dizer: «Eu estou no meio de vós como aquele que serve» – como um “diácono” na letra evangélica”, referiu o Cardeal-Patriarca.

Na Igreja de Santa Maria de Belém, D. Manuel Clemente também alertou os cristãos para estarem vigilantes, no tempo de Advento que agora se inicia. “Viver como quem realmente O espera, impele-nos ao seu encontro, descobre-lhe a presença, sobretudo onde mais se aproxima e nos reclama: na Palavra em que ressoa, no sacramento em que se oferece, nos outros em que nos pede o que precisa, para nos dar muito mais”, como num “movimento mútuo” suscitado por Deus.

 

Boa nova

Viver em Advento e sê-lo autenticamente tem sido o repto de todos os cristãos, desde “as primeiras gerações”, defendeu o Cardeal-Patriarca de Lisboa. A partir das leituras proclamadas na celebração, em especial no Evangelho que apresenta a “Boa Nova” com “imagens do fim”, D. Manuel Clemente refletiu sobre como é possível considerar uma “Boa Nova” um “cenário de coisas graves, que mais provocariam medo do que esperança”. A primeira das razões é o facto de Jesus “insistir naquilo de que já devíamos estar certos”. “O mundo, este mundo como o vemos e vivemos, é uma realidade magnífica, mas também frágil, caduca e perecível. Não tem a consistência garantida, nem a perenidade que só a Deus pertence. Foi criado diferente do seu Autor, como única possibilidade de existirmos distintos de Deus, ainda que para Deus. Conserva as marcas da autoria divina que o sustenta, mas também as nossas, que tantas vezes o desfiguram e destroem”, referiu.

O segundo motivo desafia os cristãos a “viver já pascalmente o Advento”. “Se correspondermos positivamente, se nos convertemos e mudarmos as coisas, poderemos soerguer-nos e levantar a cabeça, libertando-nos com Ele na cruz deste mundo (...). Venha o que vier e aconteça o que acontecer, Ele está connosco e continuará a fazer Páscoa. Connosco e para os outros. Nele, Verbo divino que em tudo ressoa, n’Ele Verbo divino em quem tudo se refaz”, garantiu o Cardeal-Patriarca, sublinhando que para um “Advento pleno” é necessária uma “vigilância pronta, que desperta o mundo que levamos connosco”. “Desperta-o para o que na verdade importa. Para distinguirmos o que vale do que não vale, o que persiste do que decai e desaparece”, observou D. Manuel Clemente, na celebração das Ordenações Diaconais de três alunos do Seminário dos Olivais, no passado Domingo, 2 de dezembro.

 

Essencial da vida

“Concentrar-se no essencial da vida e no substancial das coisas” é a ideia chave para “viver o Advento”, garantiu o Cardeal-Patriarca. “Para nós cristãos, tudo se concentra numa relação pessoal absoluta, como a podemos e devemos ter com Cristo. Resumindo a nossa vida com as palavras de Paulo, quando já vivia em Advento: «Para nós, um só é Deus, o Pai, de quem tudo procede e para quem nós somos, e um só é o Senhor Jesus Cristo, por meio do qual tudo existe e mediante o qual nós existimos» (1 Cor 8, 6)”, apontou D. Manuel Clemente, lembrando as vezes que esta relação profunda é repetida no Credo. “«Creio em um só Senhor Jesus Cristo … consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas … Também por nós foi crucificado … Ressuscitou ao terceiro dia ... De novo há de vir em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim … E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir». Do princípio ao fim, um completo Advento. Advento da vida, que recebemos em Cristo; e da vida eterna, revivendo-Lhe a Páscoa”.

No entanto, na caminhada até ao Natal, o Cardeal-Patriarca alertou que “pelo meio está a Cruz, nossa e alheia”. “Viver em Advento é sê-lo para os outros, que são sinais de Cristo, que nos toca e reclama. Repetindo a sua proximidade em relação a quem mais sofra fragilidades e ruínas. A cor litúrgica do Advento induz-nos à conversão, que se traduz em caridade, sentida e praticada”, garantiu o Cardeal-Patriarca de Lisboa, sublinhando que Jesus “continuará a ‘nascer’ no lugar que encontrar”. “Há dois mil anos só pôde ser num presépio, pois «não havia lugar na hospedaria» (Lc 2, 7). Preparemos-lhe agora um lugar melhor, no nosso coração e na nossa vida”, convidou.

 

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O Cardeal-Patriarca de Lisboa ordenou três novos diáconos, alunos do Seminário Maior de Cristo Rei, nos Olivais, com vista ao sacerdócio. Da esquerda para a direita: diácono Miguel Romão Rodrigues, da Paróquia da Amadora; diácono Tiago Ferreira Roque, da Paróquia de Ponte do Rol; e diácono Jacob Jojo Kadaviparambil George, da Paróquia de Santo António, em Kannamaly, na Diocese de Cochim, Índia.


texto por Filipe Teixeira; fotos por Luís Moreira
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