DOMINGO IV DO ADVENTO Ano C
“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
o menino exultou-lhe no seio.”
Lc 1, 41
Há muitos encontros no abraço de Maria e de Isabel. Abraço, sim, pois a arte não se cansou de o representar ao longo dos tempos. E ainda que em muitas obras apareçam Zacarias e José, são elas, a mulher-mãe-idosa e a mulher-mãe-virgem, o centro da cena. Mulheres profundamente crentes, cheias de espírito profético que nos contagiam com a alegria do Evangelho, como tantas o fizeram e fazem, ao longo da história da Igreja, às vezes esquecidas e desvalorizadas! Que saudação nova seria aquela de Maria, que fez saltar de alegria o pequeno João no seio de Isabel? O “Shalom” habitual tem o sabor da paz que Deus oferece em plenitude à humanidade. Encontram-se o desejo que a terra tem do céu, e que o céu tem da terra. Encontram-se o antigo e o novo, o caminho e a meta, a flor e o fruto, a sede e a fonte, o hoje e o amanhã!
Continuamos com sede de encontros mais verdadeiros nesta humanidade. São muito importantes as cimeiras, os debates, os esforços de diálogo, as negociações, os acordos. São necessárias as palavras mas elas precisam de saltar dos papéis e discursos, e tornarem-se grávidas de gestos, de mudanças, de vida a nascer. A esterilidade e a recusa de gerar vida prolongam no tempo a injustiça e a indiferença; isolam no egoísmo os que julgam não precisar de ninguém. É preciso humildade e abertura, alegria e comunhão para que os encontros produzam vida nova. Deus vem ao nosso encontro pelo princípio: nascendo e crescendo como nós! Quando renascemos e crescemos em cada encontro, o Natal acontece aí mesmo!
As primeiras palavras do encontro de Isabel e Maria pertencem a Isabel. Dizemo-las saborosamente em cada Avé-Maria. Palavras deslumbradas e tão cheias de alegria! De seguida, “inventa” a primeira bem-aventurança do evangelho de Lucas: “Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor.” Como se a dissesse para todos os que, ao longo dos tempos, desejamos acreditar como Maria. E podia tudo ficar ali num desejo espiritualizado! Mas Maria dá-nos o cântico do Magnificat, que, dizia um autor, “se as palavras provêm em grande parte do Antigo Testamento, a música pertence já à Nova Aliança”. E D. Helder Câmara, num hino à Virgem da Libertação, perguntava: “Que há em Ti, em tuas palavras, em tua voz, / quando anuncias no magnificat / a humilhação dos poderosos / e a elevação dos humildes, / a saciedade dos famintos / e o desabar dos ricos, / que ninguém se atreve a chamar-Te, revolucionária / nem a olhar-Te com suspeita? / Empresta-nos a tua voz e canta connosco.” São estas as “palavras grávidas”, que o encontro de Deus nos inspira a cantar, sempre em cada Natal!
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