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P. Manuel Barbosa, scj
D. Nuno Brás, de Lisboa para o Funchal
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Escrevo estas linhas do Funchal no dia em que D. Nuno Brás tomou posse como novo Bispo do Funchal, onde vai continuar a exercer o seu ministério episcopal. Presentes duas dezenas de bispos e numerosa assembleia de fiéis leigos vindos das comunidades da Madeira e do Porto Santo, assim como muitos padres, consagrados e consagradas. Não faltaram ainda as mais altas entidades civis, militares e académicas da Região.

Uma tomada de posse em missão, para fomentar ainda mais o anúncio do Evangelho, na Pessoa de Jesus Cristo ressuscitado. Como bem salientou logo na chegada ao aeroporto, D. Nuno quer exercer o seu ministério nestas terras como bispo e pastor, não como gestor ou político.

As celebrações foram plenas de simplicidade e proximidade, de festa e beleza. Nas palavras finais na Sé Catedral, D. Nuno saudou de modo sentido a diocese donde partiu e a diocese que o acolhe. Importa reter algumas dessas palavras.

Na gratidão aos Bispos que quiseram «mostrar como a Igreja quer viver a comunhão das várias dioceses», destacou «a presença do Senhor Cardeal Patriarca e dos Bispos Auxiliares de Lisboa, com quem partilhou nestes últimos anos o exercício do ministério episcopal: obrigado pelos ensinamentos, pela comunhão, pela amizade. E neles um agradecimento de filho à Igreja de Lisboa – agradecimento que não encontra palavras para se expressar porque seriam sempre redutoras, mas que é a certeza de ter sempre o Patriarcado no coração».

Dirigindo-se a todos os cristãos da diocese do Funchal, afirmou: «Quero estar no meio de vós como quem serve. Mas todos somos poucos no anúncio do Evangelho. Nem é o Bispo que precisa de vós. É Jesus que quer precisar de todos, porque a todos – tantos que, de facto não O conhecem – a todos Ele quer chegar».

Ao clero da diocese, fez um veemente apelo à santidade: «Não tenhamos medo de ser santos. Ousemos a santidade no exercício do nosso ministério. Cuidemos da santidade de vida dos cristãos que nos estão confiados: esse é também o nosso caminho de santidade!».

No contexto deste dia, gostaria de realçar o relevante contributo dos consagrados e consagradas na edificação desta Igreja local que recentemente celebrou 500 anos de existência, apontando a dimensão missionária da sua presença. Como mero exemplo, a congregação a que pertenço (Dehonianos) veio para a Madeira em 1947 por exigência do bispo de então. Querendo os italianos fazer de Portugal uma passagem para as missões de Moçambique, o bispo pôs como condição que fundassem um seminário no Funchal, o Colégio Missionário do Sagrado Coração. Desde então, muitos missionários daqui partiram para os Açores, Algarve, Porto, Coimbra, Aveiro e Lisboa, Moçambique, Angola, Madagáscar…

Nesta casa-mãe da Congregação, onde passei dois anos da minha juventude, estão alguns confrades madeirenses já idosos, mas plenos de vida e humor, que muito doaram e continuam a dar como discípulos missionários. Relevo o nome de dois que tiveram muita dedicação pastoral no Patriarcado de Lisboa: o Padre Manuel Martins, que construiu a paróquia de Linda-a-Velha como comunidade viva, além das grandes construções que lá existem (igreja, centro social Padre Dehon e conservatório de música), e o Padre António Jardim dos Santos, que durante muitos anos dinamizou a paróquia da Póvoa de Santa Iria na edificação da comunidade, além da reconstrução da igreja paroquial e da construção da belíssima igreja de Nossa Senhora da Paz na Quinta da Piedade.

Para todos, leigos, sacerdotes e consagrados, hoje é um dia de ação de graças pelo dom do novo Bispo a esta Diocese do Funchal como pastor do Povo de Deus que está na Madeira e no Porto Santo. D. Nuno Brás pode contar com a oração e a comunhão do povo de Deus do Patriarcado, donde partiu em missão, de Lisboa para o Funchal.


foto por Duarte Gomes/Jornal da Madeira