Um terrível incêndio quase destruiu a Catedral de Notre Dame, em Paris. No meio desta tragédia, sobressaiu o gesto heróico de um sacerdote que arriscou a vida para salvar um tesouro que estava à guarda da Catedral: o Santíssimo Sacramento e a coroa que terá – acreditam os fiéis – partículas da Coroa de Espinhos usada por Jesus Cristo há dois mil anos.
Um terrível incêndio quase destruiu a Catedral de Notre Dame, em Paris. No dia 15 de Abril, o mundo sobressaltou-se com as imagens, que pareciam impossíveis, do edifício medieval tomado pelas chamas. Aos poucos, percebeu-se que algo de irremediável estava mesmo a acontecer. Graças à pronta reacção dos bombeiros, ao fim de algumas horas de combate terrível, foi possível dominar o incêndio antes que o edifício colapsasse. No entanto, são inúmeros os danos especialmente ao nível da cobertura, do pináculo, da nave, mas também em vitrais, pinturas… A verdade é que chegou mesmo a temer-se o pior. As autoridades explicaram que se terá tratado de um acidente com origem num curto-circuito que está ainda sob investigação. No entanto, têm sido tantos os casos, tantos os incidentes em Igrejas em França nos últimos tempos, que muitos olharam com alguma desconfiança e prudência para a explicação das autoridades sobre o que aconteceu no passado dia 15 de Abril.
Religião mais perseguida
Duas semanas mais tarde, quando o mundo chorava as vítimas inocentes dos atentados terroristas em Igrejas no Sri Lanka no Domingo de Páscoa, D. Manuel Clemente lembrou na Sé de Lisboa – cujas obras tiveram início 16 anos antes do arranque da construção da Catedral de Notre Dame – que o Cristianismo é a religião mais perseguida no mundo actual. Uma realidade que não pode ser ignorada. Se em Portugal a Páscoa foi celebrada livremente, em muitos outros lugares do mundo, “outros cristãos” viveram este tempo “escondidos ou entre escombros, maltratados e mal curados de feridas e desastres graves”. E o Cardeal Patriarca de Lisboa lembrou que não é preciso procurar em lugares longínquos no mapa, como o Sri Lanka, para se descobrir onde os Cristãos são vítimas de ataques. Aqui, no Velho Continente, isso é já algo comum. “Mesmo na nossa Europa, se sucedem profanações de igrejas – centenas em França no ano passado…”, alertou o Patriarca. Algumas dessas profanações, muitas vezes também incêndios, ocorreram muito recentemente, nas últimas semanas, nos últimos meses. Por isso, muitos olharam com desconfiança para o terrível incêndio que deflagrou e quase destruiu a Catedral de Notre Dame na segunda-feira dia 15 de Abril.
Missão especial
Ninguém sabe o que pensava o Padre Jean-Marc Fournier quando decidiu entrar no edifício da Catedral já tomada pelas chamas. De qualquer forma, fosse por razão acidental ou intencional, a verdade é que Notre Dame estava a arder e o Padre Fournier resolveu assumir uma missão especial: resgatar o Santíssimo Sacramento e a principal relíquia que estava à guarda desta Catedral. Que relíquia? Nem mais nem menos do que uma Coroa que terá – acreditam os fiéis – partículas da Coroa de Espinhos usada por Jesus Cristo há dois mil anos. Quem salvou esta peça única, de valor incalculável, das chamas? O Padre Jean-Marc Fournier, capelão dos Bombeiros de Paris, cuja coragem evidenciada neste dia é enaltecida já por tantos.
Caça ao código
Ele próprio explicou, aos jornalistas, o que se passou. Quando entrou na Catedral, já tomada pelas chamas e com o ambiente cheio de fumo, foi como se tivesse uma visão daquilo que “poderia ser o inferno”. A primeira dificuldade foi encontrar a pessoa que possuía o código que permitia abrir a caixa-forte na qual estava guardada a relíquia venerada pelos fiéis. Foi uma verdadeira caça ao código. O gesto do Padre Fournier é aplaudido por todos, pois ele percebeu desde o primeiro instante que havia algo de absolutamente precioso na Catedral que precisava de ser resgatado. Não teve medo, provavelmente nem pensou bem no perigo que estava a correr. De facto, na Catedral de Notre Dame, naquela segunda-feira, 15 de Abril, havia algo de único que não podia ser substituído, que não podia ser restaurado. Os vitrais, o tecto da catedral e até o pináculo, derrubados pelas chamas, vão ser reconstruídos. Ninguém tenha dúvida disso. É só uma questão de tempo. Mas o Santíssimo Sacramento e aquela coroa com as partículas da coroa de espinhos usada, segundo a tradição, por Jesus Cristo há dois mil anos não podiam ser copiados, não podiam ser clonados, não podiam ser substituídos por nenhuma outra peça. O incêndio devorou uma parte da Catedral mas, graças a este sacerdote, que realizou uma missão especial digna de um verdadeiro filme de aventuras, não tocou no mais importante. Não tocou naquilo que é eterno.
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