Hoje acordei com este sentimento. Não me apetece escrever. Sei que tenho um espaço para preencher, e a responsabilidade semanal é um compromisso assumido com o leitor, mas hoje não me apetece escrever. Há tanto que gostaria de dizer, mas não me apetece. O espaço que tenho reservado, o número de caracteres não chega. Teria de ser muito sucinto, e em poucas palavras não se diz tudo, porque, afinal de contas, há sempre tanto para dizer mesmo sem dizer nada.
Há perguntas que gostaria de fazer, mas faltam-me as interrogações, e as respostas parece que todos as têm. As palavras transmitem sentimentos, mas será que todos nos apercebemos do que dizemos quando escrevemos? As palavras, conjugadas numa ordem específica, às vezes até com melhor ou pior gramática, têm a força que lhes é inata. Cada palavra diz o que é, e às vezes usamos palavras sem pensar na força do que significam. Há palavras que fazem nascer, que geram vida, que alimentam, que frutificam. Há palavras que trazem o negro do que é a escuridão de um coração, que matam, que destroem.
Cada palavra usada pode ser ou não ser. Mas hoje não me apetece escrever. Não quero mostrar os sentimentos no alfabeto usado, mas procuro ordenar uma gramática concreta na vida. Posso usar mais palavras ou menos palavras, mas cada palavra usada é sempre pouco para dizer o que é o coração. Se amo, escrevo amor com cada uma das letras cheias de sentimento e de vida para dar. Se não amo, ou penso que amo, mas o meu amor é tudo menos a vida que posso dar, então escrevo amor com um coração encerrado e cheio de mim próprio, centrado no egoísmo da minha vida. O amor não é para mim, é para o outro. O amor não é para matar, é para dar vida. O amor é a vida vivida, em cada dia, em função do outro. E eu amo, verdadeiramente, dando a minha vida pelo outro. Mas hoje, não me apetece escrever.
Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
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