Liturgia |
Os Padres da Igreja ao ritmo da Liturgia
«Que é o homem para que Vos lembreis dele, o filho do homem para dele Vos ocupardes?»
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«Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que está para vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará». (Jo 16, 13-15)

 

Santo Hilário, bispo e doutor da Igreja no séc. IV, que, elevado à sede episcopal de Poitiers, na Aquitânia, região da actual França, defendeu energicamente a fé nicena sobre a Trindade e sobre a divindade de Cristo, no tempo do imperador Constâncio, adepto da heresia ariana, sendo por isso relegado quatro anos para a Frígia. No seu Tratado sobre a Trindade (II, 1; VIII, 13-16; XII, 57), afirmou:

O Senhor mandou baptizar em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, isto é, na profissão de fé no Criador, no Filho Unigénito e no que é chamado Dom de Deus. Um só é o Criador de todas as coisas, porque um só é Deus Pai, de quem tudo procede; um só é o Filho Unigénito, Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem tudo foi feito, e um só é o Espírito, que a todos nos foi dado…

Se é verdade que o Verbo Se fez carne e que na ceia do Senhor recebemos o Verbo feito carne, como se poderá negar que permaneça naturalmente em nós Aquele que, ao nascer como homem, não só assumiu a natureza da nossa carne como coisa inseparável de Si, mas também uniu a sua natureza humana à sua natureza eterna no sacramento em que nos dá a comunhão do seu Corpo? Deste modo, todos somos um só, porque o Pai está em Cristo e Cristo está em nós. Ele está, portanto, em nós pela sua Carne e nós estamos n'Ele, já que, por Ele, o que nós somos está em Deus. Em que medida estamos n'Ele pelo sacramento da comunhão da Carne e do Sangue, Cristo o afirma ao dizer: Este mundo já não Me vê; mas vós Me vereis, porque Eu vivo e vós vivereis, porque Eu estou no meu Pai e vós em Mim e Eu em vós. Se com estas palavras Ele pretendia significar apenas uma unidade de vontade, porque estabeleceu o Senhor uma certa gradação e ordem na realização de tal unidade? Fê-lo para que acreditássemos que Ele está no Pai pela natureza divina e que nós estamos n'Ele pelo seu nascimento corporal e que, além disso, Ele está também em nós pelo mistério do sacramento. Assim nos é ensinada a unidade perfeita, estabelecida por meio do único Mediador: nós permanecemos em união com Cristo, que é inseparável do Pai; e Ele, sendo inseparável do Pai, permanece em união connosco. Assim temos acesso à unidade com o Pai. Porque, se Cristo está naturalmente no Pai pelo nascimento, e se nós estamos naturalmente em Cristo, então também nós estamos naturalmente no Pai… Esta é, portanto, a fonte da nossa vida: Cristo, pela sua carne habita em nós, seres carnais, para que nós vivamos por Ele como Ele vive pelo Pai…

Fazei, Senhor, com que eu me mantenha sempre fiel ao que professei no símbolo da minha regeneração, quando fui baptizado no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Que eu Vos adore, ó Pai, e juntamente convosco e com o vosso Filho, que eu mereça o vosso Espírito Santo, que procede de Vós mediante o vosso Unigénito..., que é bendito nos séculos dos séculos. Amen.

(PL 10, 48-49; CPL 433; SCh 443.448.462; Antologia Litúrgica 1437a-k).


Foto:

Eucaristia, séc. III

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