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P. Manuel Barbosa, scj
Santificação dos sacerdotes
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Na próxima sexta-feira celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, tão relevante para a Igreja e em particular para as congregações religiosas que assumem de modo especial esta espiritualidade cristã. Nesse contexto, em 2006 Bento XVI exortava os crentes a abrirem-se ao mistério de Deus e ao seu amor, deixando-se transformar por ele, e convidava-os a aprofundar a relação com o Coração de Jesus. Tudo está entrelaçado na contemplação do Coração de Jesus: conhecer, experimentar, viver e testemunhar o amor de Deus em Jesus Cristo, nele mantendo fixamente o olhar. É todo um programa de vida que jorra do coração aberto do Redentor, convidando-nos a celebrar o seu amor derramado por nós e a viver uma intimidade itinerante centrada em Jesus Cristo. Neste resumo de vida está todo o sentido desta Solenidade.

Na carta que em 25 de março de 1995 dirigiu a todos os sacerdotes por ocasião da Quinta-feira Santa, São João Paulo II propôs que esta Solenidade fosse também um Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes: «A Quinta-feira Santa, trazendo-nos de volta às origens do nosso sacerdócio, recorda-nos também o dever de lutar pela santidade, de sermos ministros da santidade para com os homens e mulheres confiados ao nosso serviço pastoral. Nessa perspetiva, a proposta feita pela Congregação para o Clero para celebrar em cada diocese um Dia para a Santificação dos Sacerdotes, por ocasião da festa do Sagrado Coração, ou noutra data mais condizente com as necessidades e costumes pastorais do lugar, parece mais apropriada. Faço esta proposta, esperando que este Dia ajude os sacerdotes a viverem na conformação cada vez mais plena ao coração do Bom Pastor».

Há dias, o cardeal Beniamino Stella, atual prefeito da Congregação para o Clero, propôs que a celebração deste Dia fosse «uma preciosa ocasião para os presbíteros fazerem memória do dom recebido, redescobrirem-no de maneira nova e partilharem as dificuldades e as alegrias do ministério pastoral». Nesse sentido, sugeriu que em cada Diocese se promovesse um tempo de meditação e partilha, se possível em ambiente de retiro com sacerdotes, das sete homilias do Papa Francisco nas Missas crismais de Quinta-feira Santa.

Vale a pena reler essas homilias. Mesmo se dirigidas particularmente aos sacerdotes, são manancial de renovação para todos. Destaco a homilia de 2014, profundo convite a viver a santificação na alegria, “ungidos com o óleo da alegria”: uma alegria que é marca da identidade cristã, da santidade, da consagração. O Papa Francisco aponta três características significativas da alegria sacerdotal: «uma alegria que nos unge (sem nos tornar untuosos, sumptuosos e presunçosos), uma alegria incorruptível e uma alegria missionária que irradia para todos. E indica-nos três irmãs que rodeiam, protegem e defendem a alegria do sacerdote: a pobreza do despojamento, do sair de si mesmo, renunciando a tantas coisas para abraçar o essencial; a fidelidade sempre nova à Igreja, mesmo na situação de pecadores em conversão; a obediência à Igreja no serviço, em união com Deus. O sacerdote é chamado a conformar alegremente o seu coração com o Coração de Cristo, o Bom Pastor que cuida com carinho e ternura das suas ovelhas. Oxalá que este Dia de Oração seja uma ocasião para reavivar o sentido da consagração, na graça do Batismo para todos e no dom do ministério para os sacerdotes, procurando transformar as infidelidades e incoerências em fidelidade e verdade do ser em Deus. É um processo contínuo, como bem sinaliza a intenção da Oração pela Santificação dos Sacerdotes, fecundamente radicada no Coração de Cristo.