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Roma
“A Igreja é uma tenda que acolhe todos”
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O Papa Francisco considerou que a Igreja “não é uma fortaleza”, mas “uma tenda”. Na semana em que pediu diálogo para resolver a crise no Chile, o Papa celebrou o Dia Mundial das Missões, inaugurou uma exposição sobre a Amazónia e encontrou-se com indígenas.

 

1. O Papa sublinhou que a Igreja deve ser uma “tenda” de portas abertas, que se alarga para dar espaço a todos. “A Igreja não é uma fortaleza, mas uma tenda, capaz de alargar o seu espaço e dar espaço de alargar o seu espaço, para que todos entrem, para dar acesso a todos. A Igreja ou é em saída ou não é Igreja. É uma Igreja com as portas abertas, sempre de portas abertas”, advertiu Francisco, na audiência-geral de quarta-feira, dia 23 de outubro. Na Praça de São Pedro, a intervenção do Papa evocou a experiências das primeiras comunidades cristãs, relatadas no livro bíblico dos Atos dos Apóstolos, quando o anúncio de Jesus saiu do âmbito do mundo judaico e se estendeu aos “pagãos”. “Esta novidade de abertura desencadeou uma controvérsia: alguns judeus afirmavam a necessidade da circuncisão para a salvação”, recordou. Perante uma questão teológica “muito delicada”, indicou, os primeiros discípulos encontraram “um caminho comum”, após o debate, em Jerusalém. “O método eclesial para a resolução de conflitos baseia-se sobre o diálogo, feito de escuta atenta e paciente, e no discernimento, cumprido à luz do Espírito”, acrescentou.

A poucos dias do encerramento do primeiro Sínodo especial para a Amazónia, que termina este Domingo, 27 de outubro, Francisco sustentou que “a sinodalidade é o método eclesial para refletir e debater”. “Peço ao Senhor que reforce em nós e em todos os cristãos, especialmente nos bispos e presbíteros, o desejo e a responsabilidade pela comunhão, o diálogo e o encontro com todos os irmãos, sem exceção, para manifestar a fecundidade da Igreja, chamada a ser mãe feliz de muitos filhos”, declarou.

 

2. O Papa Francisco apelou ao diálogo para resolver a crise no Chile. “Acompanho com preocupação o que está a acontecer no Chile. Faço votos de que, colocando fim às manifestações violentas, através do diálogo se trabalhe para encontrar soluções à crise e enfrentar as dificuldades que a geraram, pelo bem de toda a população”, apelou, no final da audiência geral de quarta-feira.

Recorde-se que o presidente chileno anunciou um pacote de medidas sociais para travar os protestos que duram há vários dias e já causaram 15 mortos. Sebastian Piñera prometeu um aumento de 20% na pensão mínima e o congelamento das tarifas de eletricidade, uma alteração radical face ao discurso dos últimos dias. O chefe de Estado reconheceu “uma falta de visão” e pediu “perdão” aos cidadãos.

 

3. “Eis a missão: subir ao monte e rezar por todos; descer do monte para se doar a todos”. Foi o que pediu o Papa Francisco, na homilia da Missa no Dia Mundial das Missões, celebrada no passado Domingo, 20 de outubro. Na Basílica de São Pedro, o Papa pediu que cada cristão vá ao encontro do outro. “Subir e descer. Assim, o cristão está sempre em movimento, em saída. Realmente, no Evangelho, o mandato de Jesus é ‘ide’. Todos os dias nos cruzamos com tantas pessoas, mas – podemo-nos interrogar – vamos ter com as pessoas que encontramos? Assumimos o convite de Jesus ou ocupamo-nos apenas das nossas coisas? Todos esperam algo dos outros. O cristão vai ter com os outros”, sublinhou Francisco, acrescentando que “a testemunha de Jesus nunca se sente em crédito do reconhecimento de outros, mas em dívida de amor com quem não conhece o Senhor”. “A testemunha de Jesus vai ao encontro de todos e não apenas dos seus, do seu grupinho”, alertou. Nesse sentido, a missão é uma: “Oferecer ar puro, de alta quota, a quem vive imerso na poluição do mundo; levar à terra aquela paz que nos enche de alegria, sempre que encontramos Jesus no monte, na oração; mostrar, com a vida e mesmo com palavras, que Deus ama a todos e não se cansa jamais de ninguém”.

 

4. O Papa Francisco inaugurou o Museu Etnológico ‘Anima Mundi’ e uma exposição sobre a Amazónia, nos Museus do Vaticano, afirmando que a beleza une e oferece aos povos capacidade de ultrapassar “barreiras e distâncias”. “A beleza une-nos. Ela convida-nos a viver a irmandade humana, contrariando a cultura do ressentimento, do racismo, do nacionalismo, que estão sempre à espreita. São culturas seletivas, culturas de números fechados”, afirmou o Papa, no dia 18 de outubro.

Para o Papa, toda a arte, e também as peças etnológicas, tem o mesmo valor e “é cuidada e preservada com a mesma paixão reservada às obras de arte renascentistas ou às imortais esculturas gregas e romanas, que atraem milhões de pessoas todos os anos”. “Aqui, encontra-se um espaço especial: o espaço de diálogo, de abertura para o outro, da reunião”, sublinhou, lembrando que, nos Museus do Vaticano, “milhares de obras de todo o mundo” são exibidas, e, “como obras de arte”, “entrarão em diálogo umas com as outras”. “E como as obras de arte são a expressão do espírito dos povos, a mensagem que recebemos é que devemos sempre olhar para cada cultura, para a outra, com uma mente aberta e com benevolência”, afirmou.

Os Museus do Vaticano apresentam uma exposição dedicada à Amazónia, onde se encontram “diferentes carismas” e o Papa fez votos para que o espaço “preserve a identidade específica ao longo do tempo e lembre a todos o valor da harmonia e da paz entre povos e nações”.

 

5. O Papa encontrou-se com um grupo de quarenta indígenas que estão em Roma para participar no Sínodo para a Amazónia. De acordo com o portal de notícias da Santa Sé, Vatican News, durante o encontro Francisco lembrou que o Evangelho é como uma semente que cai na terra que encontra e cresce de acordo com as características de cada terra. “Os povos recebem o anúncio de Jesus com sua própria cultura”, afirmou o Papa.

O encontro iniciou com uma saudação de representantes dos povos indígenas, que agradeceram ao Papa a convocação do Sínodo e pediram ajuda para concretizar o desejo de Francisco de garantir uma vida serena e feliz para os povos indígenas.

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