DOMINGO XXXIII COMUM Ano C
“Pela vossa perseverança
salvareis as vossas almas.”
Lc 21, 19
Entre todas as obras, o Templo era a “menina dos olhos” do Povo de Israel. Estava no centro da fé judaica e era sinal da presença de Deus. Ainda hoje impressiona uma oração de sábado junto ao muro que dele resta, após a destruição do ano 70, com os milhares de judeus que ali se juntam. Mas sente-se um anacronismo naquela reunião: parece que é o passado que a determina. Permanece uma memória, uma saudade, uma “lamentação”. E ao escutar o evangelho de hoje, confrontamo-nos com as palavras proféticas de Jesu: “Não ficará pedra sobre pedra”!
Perante as notícias de conflitos, crises, catástrofes, guerras, corrupção e violência, excesso e miséria, aqui e além, e também agora, as palavras de Jesus sabem ao anúncio do fim do mundo. Diante do esplendor do Templo, Jesus anuncia sobretudo que ele não é imutável, e que toda a espécie de imobilismo, da religião e das ideias, dos corações e da vida, tem sempre um fim. É o “fim de um mundo”, que já aconteceu e continuará a acontecer, especialmente quando o essencial se reduz à manutenção do passado, à repetição vazia do que aconteceu. A sede de estabilidade, de segurança, de ordem, e até a expressão, “é necessário que tudo mude para que tudo fique na mesma”, são profundamente questionados por Jesus. Ele que “não tem lugar onde reclinar a cabeça” (Lc 9, 58) não se aflige com o fim daquilo que impede a revelação do essencial. E o essencial é o amor; que não tem fim!
Não nos deixando dominar pelo medo, a promessa que Jesus faz da sua presença é uma notícia que fortalece. Perante todos os fins, Jesus pede para não nos perturbarmos, nem nos distrairmos do presente, pois é n’Aquele que permanece que importa confiar. Dizia-nos Sophia de Mello Breyner Andresen: Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio / E suportar é o tempo mais comprido. // Peço-Te que venhas e me dês a liberdade, / Que um só dos teus olhares me purifique e acabe. // Há muitas coisas que eu quero ver. // Peço-Te que sejas o presente. / Peço-Te que inundes tudo. / E que o teu reino antes do tempo venha. / E se derrame sobre a Terra / Em primavera feroz precipitado.”
Assim o nosso presente, não pode ser um mero prolongamento do passado, mas construção do futuro. Futuro que o saber popular se habituou a dizer que “a Deus pertence”, mas Deus “teima” em fazê-lo connosco. E se aos Tessalonicenses lembrava S. Paulo a importância de “trabalhar tranquilamente”, trocar a paixão de viver e o entusiasmo da esperança, pela obsessão da segurança ou o medo de arriscar, é meio-viver. Descobrir que, por entre tudo o que passa, o que permanece é o amor que vivemos e o Amor que nos dá vida, fortalece a perseverança. No nosso íntimo, na abertura ao outro, na confiança em Deus! E o medo não terá poder sobre nós!
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