O Papa Francisco convidou a fazer o Presépio, “imagem artesanal de paz”. Na semana em que terminou com o segredo pontifício para casos de abuso sexual, o Papa celebrou 83 anos e 50 de ordenação sacerdotal, abençoou imagens do Menino Jesus e publicou a Mensagem para o Dia Mundial da Paz.
1. O Papa Francisco pediu que a celebração do Natal seja acompanhada pela construção do Presépio, para recordar a centralidade da figura de Jesus. “O Presépio é mais atual do que nunca, num momento em que todos os dias se fabricam no mundo tantas armas e tantas imagens violentas, que entram nos olhos e nos corações. O Presépio, pelo contrário, é uma imagem artesanal de paz, e por isso é um Evangelho vivo”, referiu, durante a audiência-geral de quarta-feira, 18 de dezembro, na Ala Paulo VI, perante milhares de pessoas. Na última audiência pública semanal de 2019, o Papa recordou que, no passado dia 1, tinha assinado a carta apostólica ‘Sinal Admirável’, sobre o significado e o valor do Presépio. “É importante fazer um pequeno presépio sempre, porque nos recorda que Deus veio até nós, nasceu entre nós, acompanha-nos e fez-se homem como nós. Na vida de todos os dias, já não estamos sós. Ele habita no meio de nós. Não muda magicamente as coisas, mas, se o acolhermos, todas as coisas podem mudar”, afirmou, deixando votos de que a presença do Presépio em cada casa “seja ocasião para convidar Jesus a entrar na nossa vida”. “Fazer o Presépio é celebrar a proximidade de Deus: é redescobrir que Deus é real, concreto, vivo e palpitante. Não é um senhor distante ou um juiz desapegado, mas é Amor humilde, que desceu até nós”, acrescentou.
O Papa desafiou ainda a “contemplar” o mistério do nascimento de Jesus, num mundo em pressa constante, para recordar a “importância de parar”. “Se Jesus habita a vida, ela renasce. E se a vida renasce, é verdadeiramente Natal. Feliz Natal a todos”, desejou.
2. O Papa aboliu o segredo pontifício para os casos de violência sexual, abuso de menores e pedo-pornografia. A decisão foi tomada no dia 4 deste mês e anunciada esta terça-feira, 17 de dezembro. A partir de agora, as denúncias, testemunhos e documentos processuais sobre casos deste tipo, conservados nos arquivos e departamentos da Santa Sé e nas dioceses, podem ser fornecidos a magistrados dos respetivos países, sempre que solicitados, no respeito dos respetivos ordenamentos jurídicos. A nova instrução, adianta o Vaticano, especifica que “as informações devem ser tratadas de modo a garantir a segurança, a integridade e a confidencialidade”, conforme estabelecido no Código de Direito Canónico para tutelar “o bom nome, a imagem e a privacidade” das pessoas envolvidas. O Papa determina que “não pode ser imposto algum vínculo de silêncio” às vítimas e às testemunhas.
A decisão é acompanhada por outro decreto, que altera a norma relativa ao crime de pornografia infantil – inserido na categoria de ‘delicta graviora’, os crimes mais graves, no Direito Canónico –, à posse e difusão de imagens pornográficas, fazendo agora referência a menores de 18 anos de idade, em vez dos 14 anos, como acontecia.
Estas alterações não significam que toda a documentação dos processos passe para o domínio público, mas é facilitada a colaboração com o Estado e outras entidades que agora têm direito de acesso a esses documentos.
3. Francisco comemorou 83 anos. Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, a 17 de dezembro de 1936. Quatro dias antes, no dia 13, o Papa tinha celebrado 50 anos de ordenação sacerdotal e inaugurou a nova sede internacional da ‘Scholas Ocurrentes’, um projeto que criou para a promoção de um novo modelo de educação global. A cerimónia decorreu no Palácio de São Calisto, com a presença de vários jovens estudantes e de colaboradores da fundação pontifícia, entre eles a fadista Cuca Roseta, embaixadora das Scholas em Portugal. Durante mais de uma hora, Francisco esteve em ligação via internet com jovens de várias partes do mundo, acompanhando a inauguração do novo espaço do projeto educativo em Los Angeles, no Estados Unidos da América. Na breve mensagem que deixou aos jovens, o Papa desafiou-os a “deixar sair o que têm dentro”, em grupo, com a ajuda dos outros, “fazendo caminho, fazendo história”. O trabalho da fundação, explicou, visa ajudar os jovens a “expressar-se”, com “poesia”. “Poesia é, como diz a etimologia da palavra, criatividade. O homem, a mulher, ou são criativos ou permanecem crianças, pequenos”, acrescentou.
4. O Papa Francisco abençoou, no Vaticano, centenas de imagens do Menino Jesus, levadas pelas crianças de Roma, pedindo que a celebração do Natal inclua uma maior atenção aos mais necessitados. “O Menino que está no Presépio tem o rosto dos nossos irmãos e irmãs mais necessitados, dos pobres que são os privilegiados deste mistério e, muitas vezes, os que melhor conseguem reconhecer a presença de Deus no meio de nós”, declarou, na manhã do passado dia 15 de dezembro. A bênção dos ‘Bambinelli’ acontece no III Domingo do Advento, por iniciativa do Centro dos Oratórios Romanos, das paróquias e famílias da capital italiana. “Saúdo cada um de vós, queridos meninos, que vieram com as imagens do Menino Jesus para o vosso Presépio. Levantai as imagens, levantai as imagens: abençoo-as de coração. O Presépio é como um Evangelho vivo”, disse o Papa.
5. A paz como caminho de esperança implica “Diálogo, Reconciliação e Conversão ecológica”. É o apelo do Papa na mensagem divulgada para o Dia Mundial da Paz de 2020. Francisco recorda que não se pode “manter a estabilidade no mundo através do medo”, nem do equilíbrio instável, “pendente do abismo nuclear e fechado dentro dos muros da indiferença”. Referindo-se à recente experiência vivida em Hiroshima e Nagasáqui e ao testemunho dos sobreviventes “que mantêm viva a chama da consciência coletiva, testemunhando às sucessivas gerações o horror daquilo que aconteceu”, o Papa Francisco pede maior diálogo e vontade política “sem exclusões, nem manipulações” e um maior “respeito pela casa comum, pelo bem comum e pela natureza”, para se alcançar uma “conversão ecológica”. Esta conversão, “com sobriedade e partilha”, deve ser entendida “de maneira integral, como uma transformação das relações que mantemos com as nossas irmãs e irmãos, com os outros seres vivos, com a criação na sua riquíssima variedade, com o Criador”, escreve o Papa.
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