Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
A Igreja de Lisboa em papel
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Celebrámos no dia 10 de janeiro, sexta-feira, 88 anos de vida. Para já, dizemos: para o bem da imprensa de âmbito regional, queremos chegar aos 90. Depois, talvez os 100 anos. Mas, por agora, queremos chegar aos 90.

Vamos percebendo que a imprensa, de um modo geral, vai sofrendo as consequências da evolução tecnológica e, sobretudo, da imposição do digital. A leitura é, cada vez mais, fugaz; lêem-se, apenas, títulos, tantas vezes sensacionalistas, e daí tecem-se, desde logo, considerações que fazem surgir um chorrilho de comentários.  Mesmo sem ler o conteúdo, nascem comentários, mais ou menos dignos, mais ou menos respeitosos, porque afinal as redes trouxeram essa possibilidade de todos terem o seu tempo de antena sem limites. Se o tanque da aldeia era a rede social onde se falava de tudo e o lugar da comunicação sem filtro, agora, as redes sociais digitais, que estão acessíveis a todos, são o espaço utilizado para o ‘lavar da roupa suja’, no anonimato de um qualquer perfil. O que normalmente não se diz cara a cara, porque pessoalmente ainda há o mínimo de respeito pelo outro, encontra nas redes uma dita liberdade de expressão com um impacto sem medida.

Significa isto que, e já aqui o escrevi, cada vez mais vamos perdendo a capacidade de refletir por cabeça própria e deixamo-nos levar por aquilo que nos vai sendo apresentado, como informação mastigada e, tantas vezes, manipulada com intenções duvidosas. Estamos a ficar preguiçosos deixando que os outros pensem por nós, apresentando-nos informação construída e editada à medida daquilo que desejamos. Já não a procuramos, porque ela vem ter connosco. E o que nos é dado, por fórmulas e algoritmos, é o que sabem que nós queremos. É assim que pensam as redes sociais. Já pensou porque é que no seu mural na rede social, normalmente, aparecem as coisas que mais gosta, que mais procura, das quais tem mais interesse? Precisamente, porque o seu perfil foi estudado, analisado e as máquinas, que já o conhecem a partir dos seus gostos e das suas pesquisas, oferecem-lhe aquilo que sabem que lhe interessa mais. Não sente que esteja a ser condicionado na sua liberdade? As redes controlam-nos e nós damos-lhes o que elas querem, para nos alimentar cada vez mais o ego, sentirmo-nos importantes, privilegiados, porque temos a nossa informação preferida à distância de um clique ou de um escorrer do ecrã. Com tudo isto, com todos estes privilégios, deixamos de ler o que pode ser mais construtivo, deixamos de ter o nosso pensamento mais crítico sobre as coisas, e criticamos o que os outros também criticam, porque somos apanhados na rede e pela rede.

Os jornais estão a morrer. A imprensa regional vai procurando lutar pela sobrevivência e vão sendo dados passos concretos nesse sentido, até para ser mais reconhecida e dignificada. Mas, depois, a lei do comércio impõe-se e se não há rentabilidade económica num determinado projeto, o prejuízo que esse pode trazer torna-se insuportável e as decisões difíceis acabam por ter de ser tomadas. E já vamos tendo exemplos disso. Nos nossos 88 anos, somos um jornal de investimento pastoral, porque o fazemos com a missão de evangelizar e de contar a Igreja de Lisboa. Somos uma equipa pequena, mas muito generosa, a quem não posso deixar de agradecer, sobretudo aos diversos colaboradores, que nos permitem estar semanalmente junto dos leitores. Mas, ao mesmo tempo, somos um produto que também tem despesas. Por isso, ajude-nos a chegar aos 90 anos. Compre, anuncie, leia e divulgue o seu Jornal VOZ DA VERDADE, que é a Igreja de Lisboa em papel.


Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

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