Lisboa |
Abertura da Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras
“Cada paróquia é um nó desta rede”
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa pediu às 13 paróquias que compõem a Vigararia de Oeiras para “aproveitarem” a Visita Pastoral para “compartilhar, refletir e aprofundar aquilo que vai acontecendo em termos de evangelização neste território”. Na abertura da Visita Pastoral a esta vigararia, em Porto Salvo, D. Manuel Clemente destacou a oportunidade do tema desta iniciativa: ‘Fazer da Igreja uma rede de relações fraternas’.

 

“A minha alegria, compartilhada pelos meus colegas [Bispos], de estarmos aqui a dar início à Visita Pastoral”. Foi com estas palavras que o Cardeal-Patriarca de Lisboa ‘inaugurou’ a Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras. No salão paroquial de Porto Salvo, na tarde do passado Domingo, 5 de janeiro, teve lugar o encontro com os párocos e os membros dos Conselhos Pastorais Paroquiais e Conselhos Económicos das 13 paróquias da vigararia, com D. Manuel Clemente a destacar o tema da Visita Pastoral, ‘Fazer da Igreja uma rede de relações fraternas’. “Esta expressão é transversal em toda a Constituição Sinodal de Lisboa. Uma rede é um conjunto de fios que estão articulados, em nós. São esses nós que depois unem os fios e fazem uma rede. Estava a ouvir estas 13 paróquias e estava a ver esses nós. Cada uma das nossas paróquias é um nó desta rede. Para que as coisas não se dispersem, para que as coisas se conjuguem”, apontou.

Antes da intervenção do Cardeal-Patriarca, cada uma das 13 paróquias da Vigararia de Oeiras apresentou, de forma breve, em cerca de cinco minutos, a sua comunidade cristã, num momento que D. Manuel Clemente considerou “uma oportunidade única”. “Alguma vez tinham tido ocasião, durante uma hora, de ouvir o que acontece nas outras paróquias da vigararia?”, questionou. “Isto é fazer rede”, garantiu.

 

Realidade permanente

No início do seu discurso, o Cardeal-Patriarca de Lisboa tinha explicado a evolução que as Visitas Pastorais sofreram nas últimas décadas. “A expressão ‘Visita Pastoral’ corre hoje uma realidade muito distinta do tempo em que as ditas Visitas Pastorais começaram. Antigamente, eram uma ocasião, em que aparecia algum Bispo, nalgum sítio, geralmente para resolver problemas judiciais, ver se as igrejas tinham teto, crismar… Hoje em dia, as Visitas Pastorais são permanentes e quer eu, quer os meus colegas, todos os dias, andamos em Visita Pastoral neste vasto território da Diocese de Lisboa, que começa aqui e vai até lá acima, a Alcobaça, vem da Azambuja até ao mar. Praticamente todos os dias, quer em termos presenciais físicos, quer em termos presenciais mediáticos, estamos na diocese inteira”, explicou, sublinhando que, “por isso, a Visita Pastoral, hoje, não tem aquele cunho que tinha antes, porque é efetivamente uma realidade permanente”.

Para D. Manuel Clemente, “continua a ter interesse fazer, de vez em quando, algo assim mais expresso, e fazê-lo por vigararia”. “Vamos aproveitar esta ocasião para compartilhar, refletir e aprofundar aquilo que vai acontecendo em termos de evangelização neste território”, desejou.

 

O retrato social da Vigararia de Oeiras

O vigário de Oeiras garante que é “uma alegria” a sua vigararia receber a Visita Pastoral, que teve início no passado dia 5 de janeiro e vai terminar a 28 de março, em Nova Oeiras. “Já estou na vigararia há 23 anos e, portanto, pelo menos desde essa altura que não tínhamos Visita Pastoral. Por isso, é com alegria que vamos iniciar este encontro”, apontou o padre José Luís Costa, na sessão de abertura da Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras.  No salão paroquial de Porto Salvo, este sacerdote, que é pároco de Paço de Arcos, começou por enumerar as 13 paróquias que constituem a Vigararia de Oeiras: Cristo-Rei de Algés, Nossa Senhora do Cabo de Linda-a-Velha, Nossa Senhora da Conceição da Outurela, Nossa Senhora das Dores de Laveiras-Caxias, Nossa Senhora do Porto Salvo, Nossa Senhora da Purificação de Oeiras, Santo António de Nova Oeiras, São Julião e Santa Bárbara de São Julião da Barra, São Miguel de Queijas, São Romão de Carnaxide, São Pedro de Barcarena, Senhor Jesus dos Aflitos da Cruz Quebrada e Senhor Jesus dos Navegantes de Paço de Arcos. “Esta Visita Pastoral é recebida, por todos nós, como um dom que Deus faz à sua Igreja”, acrescentou.

O padre José Luís apresentou, depois, diversos dados estatísticos, referentes a 2018, revelando que “existem, na vigararia, residentes, 175.721 almas, distribuídas por 46 quilómetros quadrados de área, ou seja, 3.830 habitantes por cada quilómetro quadrado”. “Se andarmos durante meia hora, conseguimos encontrar à volta de 12 mil pessoas”, exemplificou. Segundo o sacerdote, de 47 anos, “27.237 destes habitantes têm menos de 15 anos, 105.959 estão na chamada idade ativa, entre os 15 e os 65 anos, e os restantes 42.525 têm mais de 65 anos”. Além disso, acrescentou, “9.836 habitantes desta vigararia são cidadãos estrangeiros, com estatuto legal de residência”, enquanto sobre os “ilegais” disse não ter dados disponíveis. Em 2018, na Vigararia de Oeiras, “nasceram 1.637 crianças”. “Nesse ano, foram batizadas nas nossas paróquias, 728 pessoas”, referiu. “Faleceram 1.631 pessoas, sendo que 1.220 foram acompanhadas, no seu passamento, nos espaços fúnebres das nossas paróquias”, acrescentou. Sobre casamentos, o padre José Luís revelou que “foram contraídos 459 matrimónios”. “Destes, 80 nas nossas igrejas paroquiais”, apontou, referindo que “foram também formalizados 340 divórcios”. “Existem, no espaço geográfico da nossa vigararia, 86.639 alojamentos familiares, o valor mensal do ganho dos trabalhadores por conta de outrem, neste concelho em que estamos situados, é de 1.698,90¤, estando, no entanto, 4.375 habitantes desempregados e 1.850 em situações de rendimento social de inserção. Por outro lado, licenciaram-se, no espaço desta vigararia, 1.240 habitantes”, terminou.

 

Desafio para as paróquias

Vigário de Oeiras desde setembro de 2018, o padre José Luís Costa sublinhou que, perante estes dados, “facilmente percebemos que a comunidade civil em que estamos inseridos é abençoada, não só pela sua geografia, mas também pelos recursos sociais, financeiros e intelectuais que dispõe”. “No entanto, não deixa de viver grandes desafios, apesar de o seu per capita médio ser o segundo [maior] do país”, assinalou. Precisamente sobre os desafios, em especial os da Igreja, o sacerdote destacou que “a proximidade geográfica da grande cidade tende, permanentemente, a minimizar as identidades locais”. Por outro lado, “a permanente ameaça da transformação dos seus bairros em dormitórios anónimos” é algo com que as paróquias se deparam. Este sacerdote frisou ainda o “profundo desenraizamento social de uma parte apreciável dos seus habitantes, já que não são originários desta terra”, bem como “a precarização cada vez maior das relações familiares”, o “envelhecimento progressivo da população” e a “dificuldade de aquisição de morada familiar pelas gerações mais novas”. Finalmente, o padre José Luís apontou que “a relatividade religiosa, a sua privatização, fenómeno que acompanha todo o movimento cultural do espaço europeu, está também presente de uma forma clara e evidente no seio da nossa comunidade humana”.

 

Uma rede de relações fraternas

‘Fazer da Igreja uma rede de relações fraternas’ é o tema da Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras. “Os párocos desta vigararia entenderam legendar esta Visita Pastoral com o objetivo que foi discernido no Sínodo Diocesano de 2016 e que se tornou o desafio transversal da aplicação dos três programas diocesanos que as nossas comunidades paroquiais realizaram no último triénio”, explicou o vigário, referindo de seguida os objetivos pastorais para os próximos três meses de Visita Pastoral. “Queremos aprender a sermos mais fiéis a Cristo, a sabermos exprimir na nossa vivência eclesial o amor e a comunhão que nos identificam, a experimentar mais profundamente a universalidade da Igreja, a construir uma identidade missionária mais agregadora nas nossas comunidades, a reaprender e a exercitar uma nova evangelização, no ardor, no método, na linguagem”, desejou o padre José Luís Costa, na sessão de abertura da Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras, agora iniciada e que vai decorrer até finais de março.

 

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Alterações ao programa da Visita Pastoral

O programa da Visita Pastoral à Vigararia de Oeiras sofreu alguns ajustes, não só em termos de data de visita às paróquias como também num encontro vicarial. Assim, a visita à Paróquia de Carnaxide, por D. Daniel Henriques, Bispo Auxiliar de Lisboa, já não decorrerá de 21 a 26 de janeiro, mas, previsivelmente, de 18 a 23 de fevereiro, data em que iria decorrer a visita à Paróquia de Queijas, que deverá, assim, ter lugar nas primeiras semanas de março. Já o encontro vicarial do Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, com a Liturgia, inicialmente agendado para dia 17 de janeiro, foi adiado para o dia 6 de março, sexta-feira, mantendo-se o horário (21h30) e o local (Paróquia de Linda-a-Velha).

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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