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Escola de Pais – III
Educar com liberdade
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O que é que permite, a alguém que educa, aceitar a liberdade do outro? Como é que se pode confiar, quando se observa que o outro é vulnerável, não está ainda maduro e corre muitos riscos quando exposto ao mundo?

Antes de mais, uma personalidade adulta só se forma enfrentando, por si própria, os diferentes desafios da vida, com responsabilidade nas suas escolhas. É preciso pôr os filhos em contacto com o ambiente humano, na sua diversidade, e favorecer um encontro pessoal e progressivamente autónomo com a realidade que os rodeia. Aquilo a que vulgarmente se chama ‘dar liberdade aos filhos’ é o âmago da educação, o ponto de verificação de tudo o que se fez até aí e a possibilidade de eles se fortalecerem, mesmo que através de algumas quedas, como acontece com todos nós.

O ponto fulcral está na natureza humana, que traz uma marca que é comum aos filhos e aos pais. Na adolescência, a necessidade de afirmação por oposição e o fascínio pelos estilos do tempo, que comportam em geral alguma ruptura com o passado, tendem a cavar um fosso cultural entre as duas gerações, que é mais aparente do que real. Há uma linguagem de gostos, instrumentos, hábitos e preferências dos mais novos que os mais velhos não dominam. E os mais novos sentem-se impotentes e incompetentes, mesmo que o não admitam, diante da capacidade, da autonomia e do saber fazer dos mais velhos. Parecem dois mundos. Mas a chave da comunicação está na origem. O coração de uns e outros é feito com a mesma sede de plenitude que nem as inovações do presente, nem as conquistas do passado chegam para satisfazer. Por isso, o ponto não é tanto o que se deixa fazer e quando, mas como se ajuda a descobrir e fortalecer um coração verdadeiramente humano. Por isso, em toda a educação, mas especialmente na adolescência, educa-se sobretudo caminhando para o ideal e dando testemunho.

A única atitude educativa razoável é uma humildade diante do mistério do Ser, de Deus que fez e faz os filhos e os pais, que os ama mais do que pode um coração humano. A educação é talvez o compromisso mais humano que existe. Requer, portanto, uma posição humilde nas tentativas. Educar faz-se por tentativas de aproximação ao outro e à meta. Tentativas que umas vezes são mais defensivas, dominadas pelo medo, tentando proteger o filho dos embates da vida, e outras vezes são mais temerárias, deixando os filhos avançarem à mercê dos seus instintos, sem um critério. É preciso um robustecimento constante e vigilante da pessoa dos pais e educadores porque tudo se joga na sua fidelidade àquilo que propõem aos filhos. No fim, é isso que é decisivo e recordado.

texto por Madalena Fontoura

 

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Embarcar juntos numa bela aventura

Quando formamos uma família e recebemos de Deus o dom dos filhos, damo-nos conta de que a tarefa educativa é uma grande e belíssima missão que nos convoca e implica para toda a vida. Delineamos prioridades: desejamos que os nossos filhos sejam felizes, que conheçam a realidade, que cresçam de forma integral, que desenvolvam os dons que receberam, mas sobretudo, que sejam santos, que a sua vida se cumpra, ou seja, que cada um descubra a vontade de Deus para a sua vida. Para isso, procuramos os melhores colaboradores para a nossa missão, antes de mais na família, na Igreja e na escola.

Uma das grandes “fatias de tempo” que requer a nossa atenção na tarefa educativa é a do tempo livre dos nossos filhos e, em geral, da nossa família. A presença dominante das novas tecnologias, nos dias de hoje, traz-nos vários dilemas educativos. O tempo de exposição aos ecrãs variados e os conteúdos (de qualidade bastante variável) a que as crianças podem aceder apenas à distância de um clic são alvo de bastante discussão. Se na idade adulta e com a respetiva maturidade associada se podem identificar várias vantagens num bom uso das tecnologias, na infância os efeitos da sua utilização suscitam-nos várias questões.

Na primeira etapa das suas vidas, os nossos filhos têm uma curiosidade natural cujo principal motor é o contacto com a realidade e a interação com os outros (primeiro com aqueles com quem têm uma relação afetiva mais forte e, com o tempo, com uma comunidade que se vai alargando progressivamente).

Muitas são as possibilidades de viver momentos ricos e felizes em família. Vou deter-me numa das formas sobre as quais, nos últimos anos, tenho lido bastante e arriscado experimentar na primeira pessoa as suas vantagens, por ter este gosto especial. Refiro-me aos momentos de leitura de histórias em voz alta, em família, ou seja, momentos em que a família se reúne, em torno de um belo livro e o lemos e discutimos em conjunto.

Um dia, a partir de uma sugestão de uma amiga, encontrei comunidades de famílias católicas com este gosto em comum. Dedicam-se a escolher bons livros, fazem sessões de leitura em família e partilham as suas experiências e descobertas. Procuram livros bem escritos e que contenham dentro um desafio ao crescimento humano de quem os lê. Fiquei muito impressionada com a riqueza e profundidade desta experiência. Comecei a acompanhá-la mais de perto, a colher das suas sugestões literárias e a dar ainda mais importância a estes momentos em nossa casa e ao bem que deles vinha.

Estas pessoas, como também verifico na minha família, testemunham que estes momentos têm sido verdadeiramente transformadores da sua vivência familiar: sentem que embarcam juntos em diversas aventuras, visitando novos locais, explorando o desconhecido, a partir das simples páginas de um livro. Passaram a ter expressões e piadas comuns, a encontrar semelhanças entre a vida quotidiana e o que acontecia com algumas personagens e recordar lições que tinham retirado de um livro, para ajudar a resolver problemas que viviam em determinada altura. Nasceu assim numa nova cultura familiar. Os mais novos (e arrisco dizer que também os mais velhos, que já conseguem ler sozinhos) ganharam mais gosto pela literatura, cresceram na capacidade de ouvir atentamente e em silêncio, melhoraram a sua “base de dados” vocabular, são hoje capazes de compreender e descrever melhor aquilo que veem e vivem. Escrevem melhor. Ao discutir o significado destas obras acabamos também por discutir o significado da vida. Um dos filhos de uma destas famílias dizia: “Quando ouço ler é como se estivesse a visualizar a história a cores. Quando a leio parece que a estou a ver a preto e branco.”

Ler em voz alta é como uma imagem daquilo que desejamos para a vida da nossa família - é como embarcar numa belíssima aventura, com um destino comum.

texto por Maria João Anjos 

 

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Um lugar de união

Há algum tempo atrás fiz a formação para agentes da Pastoral da Família, local onde todos partilhamos as nossas dificuldades, embora em meios diferentes e na procura de superar as mesmas como uma família unida.

E chegamos à conclusão que era por aí que deveríamos começar, pelas Famílias. Fazendo com que estas vejam a Igreja como farol que é referencia e não como facho de luz que encandeia. Acompanhando-as fortificando-as e festejando com elas.

Foi neste contexto que um dia no meu grupo de catequese, e estando no mês de maio, mês de Maria, pensei fazer algo que reunisse as famílias das minhas crianças. E assim sendo, lembrei-me da Sagrada Família. Pensei colocar nas costas do Oratório algumas perguntas em que a família parasse para pensar e a Oração da Família para que rezassem em Família.

Começou por ordem de uma lista feita a percorrer as casas das crianças, onde a Sagrada Família ficava dois dias e depois essa família teria de ir entregar a família a seguinte da lista.

Havendo dois primos no grupo cujo os pais não se falavam, pensei: e se ficassem seguidos na lista de forma a que uma fosse entregar a outra? Sou sincera, tive medo de ir piorar a situação, mas como cursilhista ajoelhei-me junto do Sacrário e pedi ao Pai do Céu para isto fosse um meio de união e não de divisão.

No final de percorrer todas as casas, a última família trouxe a Sagrada Família de volta e acabou com uma pequena partilha do momento que viveram. Pais e crianças estavam presentes.

Todos partilharam e pediram para se repetir, mas dois casos marcaram-me para a vida, o primeiro foi uma menina que partilhou, os pais estavam a separar-se e já á muito tempo não os via sem discutir, e naquele tempo estiveram em paz em família, o outro foi da família que não se falava, um dos cunhados foi entregar ao outro e os dois ali presentes muito emocionados disseram: não sei o que se passou, só sei que acabamos abraçados.

Lembrei-me de uma frase que me ficou no coração, Igreja imagem de DEUS com as duas mãos abertas uma que acolhe e outra que aponta o caminho.

Que Deus nos ajude.

 

texto por Elisabete Querido

 

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Concurso de Presépios

“O SINAL ADMIRÁVEL do Presépio, muito amado pelo povo cristão, não cessa de suscitar maravilha e enlevo. Representar o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus. De facto, o Presépio é como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do Natal, somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrirmos que nos ama tanto, que Se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele.”

Com estas palavras do Papa Francisco retiradas da sua carta apostólica “Admirabile Signum”, queremos agradecer a todas as famílias que participaram neste concurso, partilhando as expressivas imagens dos seus presépios. Estão todos de parabéns!

O júri determinou que a família Costa, de Carcavelos, é a vencedora.

“Na nossa família vivemos o tempo de Natal com muita intensidade, espiritual e socialmente falando. O presépio ocupa um lugar central em casa. Para o primeiro domingo de Advento arma-se a base do presépio. Em cima, é colocada a coroa de Advento para servir de luz para a oração que fazemos em família, à noite, durante esta época litúrgica. Até ao dia 8 de Dezembro, vamos colocando novos elementos no presépio: o fundo, a cabana, as luzes, as imagens, o musgo, as pedrinhas e um conjunto de mini cerâmicas que fazem memória da família mais alargada. Na véspera de Natal, colocamos plantas fresquinhas e, antes da Ceia, a imagem do Menino Jesus, acompanhada de uma oração. O presépio, agora completo, acompanha-nos até à Epifania. O dia das arrumações é sempre nostálgico... A imagem do Menino Jesus é a primeira a ser retirada do presépio. Faz-se uma oração, dá-se o Menino a beijar e guarda-se o mesmo num lugar de destaque. Depois do presépio desarmado, apesar de um espaço vazio em casa, os corações estão cheios de esperança no Novo Ano, pois o Menino continua a habitá-los.”

Parabéns Família Costa (Carcavelos)!

 

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Jornada de Formação de Pastoral Familiar

Tema: ‘Do Sonho à Beleza da Realidade - O Acompanhamento de casais novos e apoio à educação dos filhos’

Objetivo: uma jornada de formação para reflexão e partilha sobre a importância do acompanhamento de casais novos e no apoio à educação dos filhos, nos vários âmbitos da vida das famílias.

A quem se destina: a todos os agentes de pastoral familiar: equipas paroquiais e vicariais de pastoral da família, aos agentes de preparação para o batismo das crianças, agentes de preparação para o matrimónio, responsáveis de movimentos familiares, a todas as famílias.

Data e Local: Sábado, dia 8 de Fevereiro de 2020 no Centro Diocesano de Espiritualidade do Turcifal.

 

A inscrição tem um preço de 15¤ por pessoa, e 25¤ por casal, com almoço incluído.

Para mais informações consultar: http://familia.patriarcado-lisboa.pt

 

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