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Centenário do falecimento de Santa Jacinta
Ainda a Mensagem de Fátima?
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No início eram três crianças, um Anjo… e depois uma Senhora mais brilhante do que o Sol… Estávamos no primeiro quartel do século XX. Corria o ano de 1916. Francisco e Jacinta, 2 irmãozitos de 8 e 7 anos, respetivamente e uma prima, Lúcia, de 10, apascentavam o rebanho numa propriedade da família, numa parte que chamavam “o Cabeço” onde tinham descoberto um rochedo com uma caverna que lhes servia de abrigo.

Chegada a Primavera, como de costume, levaram para lá o rebanho; entretanto uma chuva miudinha começara a cair. A certa altura reparam que as árvores são agitadas por um vento forte e começam a ver caminhando em direção a elas, uma figura que, à medida que se aproximava iam distinguindo os traços faciais de um jovem de grande beleza que lhes disse: “Não temais! Sou o Anjo da Paz. Orai comigo”. De imediato ajoelhou, curvou-se até ao chão e fê-los repetir três vezes com ele “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos! Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e Vos não amam!”. Algum tempo mais tarde (talvez em Abril) brincavam no quintal da casa, quando inesperadamente a mesma figura angélica surge junto deles e lhes diz: “Que fazeis? Orai, orai muito. Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia” (….) “De tudo o que puderdes oferecei a Deus um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua Guarda, o Anjo de Portugal (…).”

A vida foi fluindo na normalidade costumada. Alguns meses mais tarde, talvez Outubro, quando chegaram à gruta, começaram a rezar, repetidamente, a oração que o Anjo lhes ensinara. Eis que uma luz os surpreende e levantando o olhar vêm o Anjo que tem na mão esquerda um cálice sobre o qual vêm uma Hóstia suspensa, de onde caiem algumas gotas de Sangue no cálice. Então o Anjo deixa o Cálice suspenso no ar e ajoelha junto dos três pequenos e fá-los repetir com ele, três vezes: “Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”. Em seguida ergueu-se e tendo tomado nas mãos o Cálice e a Hóstia, deu à Lúcia a Sagrada Hóstia e dividindo pelo Francisco e pela Jacinta o Sangue contido no Cálice, foi dizendo: “Tomai e bebei o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajada o pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus”. E prostrou-se novamente por terra repetindo com eles, por mais três vezes as mesmas orações, e… desapareceu.

Podemos, talvez, intuir que este ciclo de aparições do anjo, durante o ano de 1916, constituiu uma preparação para aquilo que viria a acontecer.

Em 13 de Maio de 1917 dá-se a primeira aparição de Nossa Senhora que lhes recomenda “Rezem o Terço todos os dias para alcançar a paz para o mundo“.

A paróquia de Fátima, que envolvia vários lugares, nomeadamente Aljustrel onde as crianças viviam, pertencia ao Patriarcado de Lisboa e, nesse contexto, o pároco de Fátima comunicou ao seu Bispo o que estava a acontecer pedindo orientações, tendo sido nomeado o Padre Manuel Nunes Formigão para investigar a veracidade das Aparições.

Saberemos nós que na aparição de Julho, Nossa Senhora lhes recomendou: “Quando rezais o Terço dizei no fim de cada mistério: «Ó meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as alminhas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem»?

Na segunda aparição (13 de Junho), no diálogo com os pastorinhos disse-lhes: “Quero que aprendam a ler!”.

Esta vontade expressa pela Senhora, que tinha assegurado que o Francisco e a Jacinta iriam brevemente para o Céu, leva-nos a pensar que não se limitava, à aprendizagem escolar, mas o seu alcance ia para além.

Sabemos, pela Sagrada Escritura, que uma mensagem, de conteúdo profético, ainda que pronunciada em contexto meramente humano, refere-se, em geral, a duas etapas de realização: uma de imediato e outra mais distante, não se limitando ao tempo e lugar onde são pronunciadas, mas estando para além desse tempo e desse lugar.

Isto leva-nos a pensar que, Nossa Senhora referir-se-ia à aprendizagem escolar, por um lado, mas, por outro a Senhora teria no seu olhar um horizonte mais vasto para além daquelas três crianças, via milhões de crentes que nos anos futuros ali haviam de passar e precisavam, de modo profético, “aprender a ler” a realidade em cada época, e os «sinais dos tempos» nos diversos acontecimentos que vão surgindo no desenrolar da história.

Vejamos. Nossa Senhora afirmou: “A Rússia converter-se-á”. Mas que significaria a palavra Rússia para três zagalitos de 10, 8 e 7 anos sem outros horizontes que não fossem os da serra d’Aire e lonjuras em redor? E os anos foram rolando e assistimos a profundas transformações no mundo: fomos testemunhas do desmoronar da U.R.S.S., do ressurgir da Fé amordaçada durante décadas, e até o que acontece hoje com o Daesh, não estava já anunciado? “Se não deixarem de ofender a Deus… virá uma guerra pior do que esta…” Sabemos nós ler estes e outros acontecimentos à luz da Fé?

“Quero que aprendam a ler?” O quê? Os acontecimentos, o quotidiano que se vive à nossa volta, com critérios de Evangelho, à luz dos ensinamentos do Magistério da Igreja, da doutrina cristã, na fidelidade a Deus e aos homens e mulheres do nosso tempo.

O Papa Bento XVI afirmou em Fátima (13 de Maio de 2010), na Homilia da Missa: «Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída. […]. O homem pode despoletar um ciclo de morte e de terror, mas não consegue interrompê-lo. Na Sagrada Escritura é frequente aparecer Deus à procura de justos para salvar a cidade humana e o mesmo fez aqui em Fátima (…). Então eram só três, cujo exemplo de vida irradiou e se multiplicou … por toda a superfície da terra (…)».

A própria Mensagem de Fátima nos desafia a irmos ao encontro das periferias, dos mais frágeis, dos menos crentes, que bem necessitam de quem lhes abra as portas da esperança, lhes desvende o sentido da vida, de toda e qualquer vida.

Frágeis eram as crianças. Porém, foram bem capazes de atos heróicos em favor dos outros, a bem da humanidade.

S. João Paulo II, na cerimónia da beatificação dos pastorinhos (13 de Maio de 2000), na sua Homilia, dirigindo-se às crianças sugeriu-lhes: «Pedi aos vossos pais e educadores que vos metam na “escola” de Nossa Senhora, para que Ela vos ensine a ser como os pastorinhos, que procuravam fazer tudo o que lhes pedia. Digo-vos que «se avança mais em pouco tempo de submissão e dependência de Maria (…). Foi assim que os pastorinhos se tornaram santos depressa».

Tendo Nossa Senhora aparecido na nossa Diocese que era e é, o coração de Portugal, não deveríamos esforçarmo-nos por conhecer bem o que a Mãe do Céu nos quis comunicar?

O Santuário de Fátima organiza, com frequência Cursos sobre a Mensagem. Procuremos adquirir as grelhas de leitura que nos permitam aprender a ler, a compreender melhor aquilo que os acontecimentos nos mostram, e mais ainda o que está oculto que é, por vezes, o mais importante.

A Senhora de Fátima espera que sejamos Seus Mensageiros levando a toda a parte a alegria de nos sabermos amados por Deus. E não esqueçamos que na «comunhão dos santos», todos e cada um de nós é responsável pelo Céu de tantos que “não crêem, nem adoram, não esperam e não amam”.

texto por Maria Arlete Silva; foto por Santuário de Fátima
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