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Roma
“O grito da terra e o grito dos pobres não aguentam mais”
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O Papa Francisco desafiou os católicos a celebrar uma Semana Laudato Si’, em maio próximo. O estado de saúde do Papa foi notícia, o encontro ‘Economia de Francisco’ foi adiado para novembro e o Papa criticou o “excitamento da transgressão” e recordou que as pessoas são “pó amado por Deus”.

 

1. O Papa desafiou os católicos de todo o mundo a celebrar uma Semana Laudato Si’, de 16 a 24 de maio, para assinalar o 5.º aniversário da encíclica ecológica e social inspirada na figura de São Francisco de Assis. “Que tipo de mundo queremos deixar para aqueles que nos sucedem, as crianças que estão crescendo? Motivado por essa pergunta, gostaria de convidá-los a participar na Semana Laudato Si’”, referiu Francisco, num vídeo divulgado, pelo Vaticano, no passado dia 3 de março.

O Papa renovou o seu “apelo urgente” por uma resposta à crise ecológica. “O grito da terra e o grito dos pobres não aguentam mais. Cuidemos da criação, dom do nosso bom Deus criador. Celebremos juntos a Semana Laudato Si’. Que Deus os abençoe e não se esqueçam de rezar por mim”, conclui a mensagem.

A Semana Laudato Si’ tem o apoio do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, com o Movimento Católico Global pelo Clima e o Renova+, e destina-se a paróquias, comunidades religiosas, dioceses, escolas e outras instituições católicas.

Refira-se que Francisco decidiu, simbolicamente, assinalar o quinto aniversário da encíclica Laudato Si’, no dia 24 de maio, visitando a ‘Terra dei Fuochi’, perto de Nápoles, no sul de Itália, local onde incêndios e resíduos tóxicos poluíram o meio ambiente, com graves danos para a população local.

 

2. O porta-voz do Vaticano revelou, no passado dia 3, que o Papa está a recuperar da constipação, “sem sintomas atribuíveis a outras patologias”. Segundo Matteo Bruni, Francisco “celebra diariamente a Santa Missa e segue os exercícios espirituais” a partir o seu quarto. Recorde-se que o Papa cancelou a sua presença no retiro anual de Quaresma, com os seus colaboradores mais diretos, que decorre até sexta-feira na localidade de Ariccia, nos arredores de Roma.

Nesta quarta-feira, dia 4 de março, não se realizou a tradicional audiência-geral, não por causa da saúde do Papa, mas porque o evento semanal tinha sido cancelado devido ao retiro quaresmal.

 

3. A organização do evento ‘Economia de Francisco’, convocado pelo Papa para a cidade italiana de Assis, anunciou que o encontro vai ser adiado para dia 21 de novembro. A iniciativa deveria decorrer de 26 a 28 de março, mas o impacto da epidemia do COVID-19, a nova estirpe do coronavírus, tornou impossível a reunião de mais de dois mil jovens com menos de 35 anos, provenientes de 115 países, incluindo Portugal.

O encontro é organizado pela Diocese de Assis, pelo Instituto Seráfico, pelo Município de Assis e pela Economia de Comunhão, em colaboração com as famílias franciscanas e o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, da Santa Sé.

 

4. Na reflexão sobre o Evangelho do Domingo I da Quaresma, sobre as tentações de Jesus no deserto, o Papa criticou o “excitamento da transgressão”, que não passa de uma ilusão. “Também hoje Satanás irrompe na vida das pessoas para as tentar com as suas propostas tentadoras; misturando a sua voz com as outras que procuram domesticar a consciência. De tantos lados chegam mensagens que convidam a ‘deixar-se tentar’ e experimentar o excitamento da transgressão. A experiência de Jesus ensina-nos que a tentação é a tentativa de percorrer caminhos alternativos aos de Deus, caminhos que dão a sensação da autossuficiência, do gozo da vida como um fim em si mesmo. Mas isto é uma ilusão. Rapidamente compreendemos que quanto mais nos afastamos de Deus, mais indefesos nos sentimos face aos problemas da existência”, alertou Francisco, durante oração do Angelus, no passado dia 1 de março.

No final da sua intervenção, o Papa revelou que não iria participar no habitual retiro de Quaresma. “Peço-vos que recordem, nas vossas orações, a Cúria Romana que vai começar esta noite os seus exercícios espirituais”, pediu. “Infelizmente, a constipação impede-me de participar este ano, seguirei as meditações daqui. Uno-me espiritualmente à Cúria e a todas as pessoas que estão a viver momentos de oração, fazendo exercícios espirituais em casa”, acrescentou.

 

5. O Papa Francisco lembrou a todos homens que, por mais sucesso que tenham na vida, um dia vão morrer e tornar-se pó. Mas fez uma ressalva. “Somos um bocado de pó no universo. Mas somos o pó amado por Deus”, observou o Papa, na homilia da Missa de Quarta-feira de Cinzas, em Roma, a 26 de fevereiro, celebração em que os católicos recebem, na cabeça, as cinzas, como sinal de arrependimento dos seus pecados. “O pó sobre a cabeça faz-nos ter os pés assentes na terra: recorda-nos que viemos da terra e, à terra, voltaremos; isto é, somos débeis, frágeis, mortais. Somos um bocado de pó no universo. Mas somos o pó amado por Deus. Amorosamente o Senhor recolheu nas suas mãos o nosso pó e, nele, insuflou o seu sopro de vida. Por isso, somos um pó precioso, destinado a viver para sempre. Somos a terra sobre a qual Deus estendeu o seu céu, o pó que contém os seus sonhos. Somos a esperança de Deus, o seu tesouro, a sua glória”, frisou.

O Papa considerou ainda que “a cinza, que recebemos na testa, abala os pensamentos que temos na cabeça” e obriga-nos a reconsiderar as nossas prioridades. “Se vivo só para arrecadar algum dinheiro e divertir-me, procurar um certo prestígio, fazer carreira, então estou a viver de pó. Se julgo má a vida, só porque não sou tido suficientemente em consideração, ou não recebo dos outros o que acho merecer, estou ainda com o olhar no pó. Não estamos no mundo para isso. Valemos muito mais, vivemos para muito mais: para realizar o sonho de Deus, para amar”, afirmou Francisco.

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