O Papa Francisco elogiou o exemplo do diplomata português Aristides de Sousa Mendes. Na semana em que alertou que “sem idosos não há futuro”, o Papa apelou à criação de “verdadeiras correntes de solidariedade”, na Igreja e na sociedade, denunciou a “dramática situação” na Líbia e publicou a Mensagem para o IV Dia Mundial dos Pobres.
1. No final da habitual audiência geral das quartas-feiras, proferida a partir da biblioteca do Palácio Apostólico, o Papa recordou que “decorre hoje a Jornada da Consciência”, inspirada no testemunho do diplomata português Aristides de Sousa Mendes que, há 80 anos, decidiu “seguir a voz da consciência e salvou a vida de milhares de judeus e de outros perseguidos”. A opção assumida pelo diplomata português, motivou ainda Francisco a deixar um apelo ao respeito por esta liberdade, tantas vezes em risco. “Que a liberdade de consciência possa ser respeitada, sempre e em todo o lado, e que cada cristão possa dar o exemplo de coerência com uma consciência reta e iluminada pela palavra de Deus”, pediu.
Durante a audiência, no passado dia 17 de junho, o Santo Padre falou ainda do percurso de Moisés, como ponte entre Deus e o seu povo, e sublinhou que “o pastor deve ser ponte”, tal como foi o profeta. “Não se é pastor para fazer carreira, mas para servir o povo que Deus nos deu”, concluiu Francisco.
2. O Papa associou-se, a 15 de junho, à celebração do Dia Mundial de Consciencialização da Violência Contra a Pessoa Idosa, recordando o impacto da pandemia na população mais velha. “A pandemia da #COVID19 mostrou que as nossas sociedades não estão organizadas o suficiente para dar lugar aos idosos, com justo respeito pela sua dignidade e fragilidade. Onde não há cuidado com os idosos, não há futuro para os jovens”, escreveu Francisco, na sua conta da rede social Twitter (@Pontifex_pt).
Este ano, as Nações Unidas destacam a necessidade de proteger os idosos durante e depois da pandemia.
3. Na homilia da Missa do Corpo de Deus, que em Itália se celebrou no passado Domingo, 14 de junho, o Papa Francisco lembrou que a memória não é uma coisa privada, mas é fazer parte de uma história e respirar como um povo. “Sem memória desenraizamo-nos e deixamo-nos levar como folhas pelo vento. Pelo contrário, fazer memória é amarrar-se aos laços mais fortes, sentir-se parte duma história, respirar com um povo”, porque “a memória não é uma coisa privada, mas o caminho que nos une a Deus e aos outros”.
Ainda em confinamento, Francisco celebrou na Basílica de São Pedro, no Vaticano, com apenas 50 fiéis presentes. Na homilia, o Papa condenou os que se fecham e desconfiam dos outros. “As feridas, que conservamos dentro, não criam problemas só a nós, mas também aos outros. Tornam-nos medrosos e desconfiados… a princípio, fechados, mas com o passar do tempo, cínicos e indiferentes. Levam-nos a reagir aos outros com insensibilidade e arrogância, iludindo-nos de que assim podemos controlar as situações; mas enganamo-nos! Só o amor cura o medo pela raiz, e liberta dos fechamentos que aprisionam”.
Numa extensa reflexão sobre o valor da Eucaristia, o Papa recordou ainda que quem vai à Missa e comunga não pode pensar só em si. “A Eucaristia apaga em nós a fome de coisas e acende o desejo de servir. Levanta-nos do nosso estilo cómodo e sedentário de vida, lembra-nos que não somos apenas boca a saciar, mas também as mãos d’Ele para saciar o próximo”, observou.
Lembrando o contexto de pandemia, diz ser “urgente cuidar de quem tem fome de alimento e dignidade, de quem não trabalha e tem dificuldade em seguir para diante”. “E fazê-lo de modo concreto, como concreto é o Pão que Jesus nos dá. É preciso uma proximidade real. São necessárias verdadeiras correntes de solidariedade. Na Eucaristia, Jesus aproxima-Se de nós – não deixemos sozinho quem vive ao pé de nós”, apelou.
4. O Papa apelou à comunidade internacional que ajude a reatar a paz na Líbia e se preste auxílio humanitário aos milhares de refugiados e deslocados em virtude da situação naquele país. “Sigo com grande apreensão e também com dor a dramática situação na Líbia, que tem estado presente nas minhas orações, nestes últimos dias”, começou por dizer o Papa, no final da oração do Angelus, no Domingo, 14 de junho, exortando de seguida “os organismos internacionais e os que têm responsabilidades políticas e militares a relançar com convicção e determinação a busca de um caminho para pôr fim à violência e que conduza à paz, estabilidade e unidade do país”. Em seguida, rezou pelos “milhares de migrantes refugiados, requerentes de asilo e deslocados internos na Líbia”.
A situação sanitária agravou as suas já precárias condições, “tornando-os mais vulneráveis a formas de exploração e violência. Há crueldade”, advertiu o Papa. “Convido a comunidade internacional a preocupar-se com a sua condição, a identificar caminhos e fornecer meios para lhes garantir a proteção de que precisam, uma condição digna e um futuro de esperança. Todos temos responsabilidade disto, ninguém se pode considerar dispensado”, sublinhou.
5. Na Mensagem para IV Dia Mundial dos Pobres, o Papa Francisco convidou a “estender a mão” como “condição de autenticidade da fé”. “Manter o olhar voltado para o pobre é difícil, mas tão necessário para imprimir a justa direção à nossa vida pessoal e social. Não se trata de gastar muitas palavras, mas antes de comprometer concretamente a vida, impelidos pela caridade divina. Todos os anos, com o Dia Mundial dos Pobres, volto a esta realidade fundamental para a vida da Igreja, porque os pobres estão e sempre estarão connosco para nos ajudar a acolher a companhia de Cristo na existência do dia a dia”, escreveu Francisco, numa mensagem divulgada dia 13 de junho, pela Sala de Imprensa da Santa Sé. O Papa indica que o encontro com uma pessoa em condições de pobreza não pode parar de “provocar e questionar”. “Como podemos contribuir para eliminar ou pelo menos aliviar a sua marginalização e o seu sofrimento? Como podemos ajudá-la na sua pobreza espiritual?”, perguntou.
Este ano, a mensagem para este dia, a 15 de novembro, surge no contexto da pandemia da covid-19, com Francisco a evidenciar que, estes meses, mostram que “estender a mão é um sinal que apela imediatamente à proximidade, à solidariedade, ao amor” e que, apesar da “malvadez e a violência, a prepotência e a corrupção”, a vida está “tecida por atos de respeito e generosidade que não só compensam o mal, mas impelem a ultrapassá-lo permanecendo cheios de esperança”.
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