Fazer perguntas é bom, e só quem não ama a verdade é que não gosta de questionar e ser questionado. A arte de ensinar não será porventura arte de suscitar perguntas? Dizia a escritora Clarice Lispector: “Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever.” E Albert Einstein: “O importante é não deixar de fazer perguntas”. Que interessa o acumular de conhecimentos se não nos leva ao desejo de procurar os segredos maiores do universo, e o próprio sentido da vida? Desejo acreditar que os educadores do nosso tempo (e não somos todos nós, também?) preferem estimular nos outros o maravilhoso exercício de pensar e de questionar, mais do que a necessidade “burocrática” de “debitar conhecimentos” que se memorizam e esquecem após um exame.
No primeiro livro da Bíblia, Deus começa o diálogo com o homem com uma pergunta: “Onde estás?”(Gn 3, 9). E a primeira frase que os evangelhos nos relatam de Jesus é também uma pergunta: a José e Maria, no templo entre os doutores: “Porque me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?” Lc 2, 39). Encanta-me este modo de Deus se revelar, em relação viva com a humanidade, perguntando e respondendo, abrindo os corações humanos a novas perguntas. Jesus será mestre na arte de devolver muitas questões, não por recusar-se a responder mas estimulando a procura e valorizando o conhecimento. Ao contrário dos fariseus e doutores da Lei que “tudo sabem” Ele fica sedento da sabedoria dos pobres e dos simples, o único terreno onde a semente da sua palavra pode germinar.
A pergunta feita a Jesus, sobre o pagamento do imposto a César, tem claramente intenções políticas e persecutórias. Não contavam era que a sua resposta desse origem a duas perguntas interiores: O que é de César? E o que é de Deus? E não contrapondo a política e a religião, o temporal e o espiritual, Jesus defende que são ambos terrenos de responsabilidade e compromisso. Se toda a pessoa é imagem de Deus, ela não pode ser manipulada, explorada, em suma, desumanizada, por nenhuma espécie de poder. E vivendo em comunidade somos todos corresponsáveis, com os mesmos direitos e deveres, na construção de uma mesma família humana. O dinheiro é um meio, e não um fim, para o bem maior que é a dignidade humana. O egoísmo e a ganância escravizam-nos; só o amor nos pode fazer irmãos.
E haverá algo que não pertença a Deus? Mas como administra Ele esse seu domínio? Confiando e confiando-nos a vida, a inteligência para a multiplicar, e o coração para a bem administrar. Talvez a pergunta seguinte seja a mais importante: no fundo, de quem somos nós? De ninguém? Do dinheiro do poder e das coisas que acumulamos? Simplesmente de nós próprios, na tentação idolátrica de nos endeusarmos? De todos e de tudo o que amamos, e de Deus se nos abrimos ao seu amor? Que bom podermos perguntar e acreditar que Deus ama as nossas perguntas!
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