Lisboa |
Ordenação de Diáconos, na Sé Patriarcal de Lisboa
Preencher “pela certeza” do Advento de Cristo
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O Cardeal-Patriarca de Lisboa destacou aos cinco novos diáconos que o serviço atual é “assegurar a quem esteja só, doente, ou mais atingido pelas atuais circunstâncias, que pode contar com a presença de Cristo”. Na Sé, D. Manuel Clemente garantiu ainda que “não há realidade que o Advento de Cristo não possa alcançar e salvar”.

 

“Não deixemos que qualquer ‘noite’ nos reduza a expetativa, pessoal, social ou eclesial que seja. Nós sabemos e faremos saber que não há realidade que o Advento de Cristo não possa alcançar e salvar. Deixemo-nos preencher também por esta certeza, para que de nós chegue a muitos e por nós se apresse. Há hoje tanta urgência a reclamá-la…”, apontou o Cardeal-Patriarca, na Ordenação de Diáconos, na Sé de Lisboa, convidando ainda a ler as “palavras fortes” da Conferência Episcopal Portuguesa na Mensagem para o Advento: “«O Deus que vem não vem mudar as situações. Vem mudar os corações. E são os nossos corações mudados que podem mudar as situações. […] Sim, porque a resposta de Deus hoje somos nós. […] O Deus do Advento vem para o meio desta pandemia, pega na nossa mão, muda o nosso coração e envia-nos a mudar a situação»”.

Nesta celebração no Domingo I do Advento, dia 29 de novembro, D. Manuel Clemente destacou a “atitude” que o Advento “nos aviva”. “A palavra que hoje mais ressoa é: ‘Vigiai!’ Alude aos antigos vigias, de olhos fixos na escuridão e até raiar o sol. Mas indica sobretudo a atitude que este tempo litúrgico nos aviva, muito para além da gramática comum. Vigiamos, porque a noite é densa e anoitece-nos também. Mas quem vigia adivinha a aurora e assim se confirma – a si e aos outros”, apontou, reforçando que “a casa deste mundo tem realmente um Senhor, que a ganhou ao preço da sua própria vida”. “Partiu donde estava para voltar agora e em qualquer circunstância. À tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou já de manhãzinha; como nos correr o tempo ou o estado de alma, Ele advém. E o que mais nos toca é sabê-lo assim e despertar a todos”, frisou.

 

A base essencial de tudo o mais

Inicialmente marcada para a tarde do mesmo dia, na Igreja de Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos, a celebração foi antecipada para a manhã deste Domingo, na Sé, devido às medidas sanitárias. “Em Domingo de Advento e de Ordenação de Diáconos, aqui estamos, como assembleia celebrante, corpo eclesial de escuta, louvor e missão. E em ação de graças, sempre e apesar da pandemia, lembrando especialmente os que mais sofrem, por si ou pelos seus. Ação de graças por não estarmos sós, mas sempre acompanhados pelo Senhor que veio, vem e há de vir, na sequência total do seu Advento”, garantiu D. Manuel Clemente, no início da sua homilia, na celebração onde ordenou cinco novos diáconos, com vista ao sacerdócio. “Aqui escutámos a Palavra que ilumina, aqui celebramos o sacramento que alimenta e em tudo recebemos o serviço do Senhor Jesus, assim mesmo apresentado: «Eu estou no meio de vós como um diácono» (cf Lc 22, 27). O Advento de Jesus traduz-se desse modo, como presença certa e cuidadosa, Bom Samaritano da humanidade inteira. É certo que vos destinais ao presbiterado, caríssimos ordinandos, mas o tempo de diáconos não se reduz a uma etapa. É a base essencial de tudo o mais, unindo-vos sacramentalmente a Cristo servo. E o serviço é muito especialmente esse mesmo, de assegurar a quem esteja só, doente, ou mais atingido pelas atuais circunstâncias, que pode contar com a presença de Cristo, que por vós lhe advém”, alertou.

 

“O Advento é de Cristo”

O Cardeal-Patriarca convidou ainda os ordinandos a “demonstrar” o “realismo” do Advento de Cristo. “O vosso serviço, caríssimos ordinandos, e convosco o de nós todos, é ser Advento de Cristo e manifestação da sua presença no mundo. O Advento, que na altura foi do Natal, é agora pascal, na omnipresença do Ressuscitado. Veio, vem e virá, cabendo-nos a nós demonstrar, por palavras e obras, o realismo do seu Advento, para ser mais patente em tudo e a todos. Muito depende de nós, para que tal aconteça, desejando mais e manifestando melhor a chegada desse dia total e conclusivo”, apelou, desafiando os cristãos a verem-se também “como ativadores duma expectativa salvadora e única”. “No que a cada um diz respeito, significará viver em Advento, sem que nada nos distraia do objetivo final que é estar com Cristo em Deus, como Deus vem ao nosso encontro em Cristo”, definiu. “O mundo que integramos é uma dimensão a respeitar e a servir, para que todos possam viver e crescer, fruindo e compartilhando a criação. Mas tal só acontecerá, com verdadeira justiça para cada um, se o horizonte não se encerrar aqui, mas se alargar como Cristo o alargou e O desejarmos plenamente a Ele”, acrescentou.

D. Manuel Clemente assumiu que “manter este espírito em nós e compartilhá-lo com os outros, sobretudo os que se encerram em desejos curtos, ou as circunstâncias atingem mais pesadamente, por doença, carência ou solidão, pode ser difícil e parecer impossível, dada a nossa falta de aptidão ou coragem”. “Recordemos, porém, que o Advento é de Cristo e o poder é exclusivamente seu, mesmo quando atua em nós para chegar aos outros”, salientou.

 

“A alvorada de Cristo”

No final da homilia, nesta celebração de Ordenações que decorreu na Sé de Lisboa, o Cardeal-Patriarca desafiou a “entrever” a “alvorada de Cristo”. “Saibamos entrever, ‘embora seja noite’, a alvorada de Cristo, plena manhã do mundo. Deste mundo, que hoje dói a tantos, de horizonte cerrado por pandemias várias, físicas, mentais, ou espirituais que sejam. Deste mundo que não deixa de esperar, como em dores de parto, a revelação dos filhos de Deus. Dos que o são em Cristo, que os une a si, pessoa e missão (cf. Rm 8, 19-22). Ajude-nos a Virgem Maria, cujo sim permitiu o primeiro Advento. Sejamos com Ela o raiar da aurora de Cristo que vem”, terminou D. Manuel Clemente.

 

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No Domingo I do Advento, 29 de novembro, na Sé de Lisboa, o Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, ordenou cinco novos diáconos, com vista ao sacerdócio, sendo quatro alunos dos seminários diocesanos e um religioso. [na foto, da esquerda para a direita] Pedro Figueiredo (Seminário dos Olivais), Patrice Nikiema (Seminário ‘Redemptoris Mater’, em Caneças), João Silva (Seminário dos Olivais), D. Daniel Henriques (Bispo Auxiliar de Lisboa), D. Manuel Clemente (Cardeal-Patriarca de Lisboa), D. Américo Aguiar (Bispo Auxiliar de Lisboa), António Ribeiro de Matos (Seminário dos Olivais) e Tiago Melo (Sociedade de São Paulo - Paulistas).

 

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O Patriarcado de Lisboa transmitiu, em direto, a celebração das Ordenações de Diáconos, através do seu site, das redes sociais YouTube e Facebook e também no Meo Kanal (210021). O vídeo teve cerca de sete mil visualizações.

Fotografias: www.flickr.com/patriarcadodelisboa/albums

 

texto por Diogo Paiva Brandão; fotos por Arlindo Homem/Patriarcado de Lisboa
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