Domingo |
À procura da Palavra
A primeira pergunta
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DOMINGO X COMUM Ano B

“Jesus respondeu-lhes:

«Quem é minha Mãe e meus irmãos?».”

Mc 3, 33

 

Temos uma relação difícil com as perguntas, não é verdade? Incomodam, desmontam o que parecia tão arrumadinho, desinstalam, levantam o pó, abalam os alicerces, procuram ir mais fundo e mais longe. Transformámos o milagre de ensinar na anestesia de adormecer as perguntas. Catalogámos como pecado as dúvidas e as perguntas sobre a fé. Não gostamos de ser questionados.  Mas são elas que nos fazem avançar e crescer, e ser amigos da verdade e do gosto de saber. Delicio-me com as perguntas de Jesus, tantas vezes como resposta, outras como provocação, sempre a levar-nos mais além do imediato, a não endurecer a mente ou o coração, a recusar as meias-verdades e os julgamentos fáceis, a sair do medo ou da autossuficiência.

 

Deus, depois de tudo criar pela sua palavra, pelas mãos que moldaram o primeiro homem e dele fizeram a primeira mulher, pelo sopro para dar vida, a primeira frase que sai dos seus lábios, dirigida aos dois, é uma pergunta: “Onde estás?” A primeira pergunta, grito e súplica, que não deixa de ecoar pelos tempos fora e chega a cada um de nós, tantas vezes, sem sabermos “onde” estamos, assustados pelo medo, a vergonha ou a culpa. Deus-à-procura-de-nós, porque não nos abandona nem nos deixa nas mortes que nos afastam d’Ele, mas, cheio do amor que nos fez livres, desejando que acabemos o nosso “jogo das escondidas” em que perde quem não se deixa encontrar. O encontro com a verdade dolorosa de termos escolhido o mal, dói. Mas possibilita o renascimento, a alegria do perdão, a escolha da vida. O que importa não é tanto saber “onde” estamos, mas “com quem” estamos, “com quem” queremos estar, e ir, e viver, e sonhar.


Jesus é procurado pelos seus familiares, incomodados com os que diziam que ele estava louco, “fora de si”, e pelos estudiosos das Escrituras, que julgam os seus milagres e curas como frutos   de um pacto com o demónio. É fácil proclamar “anátemas” que assustam a multidão, sem reconhecer que são estúpidos. É o modo de agir dos fundamentalistas, menos preocupados com a força do argumento, e mais com o argumento da força. Como aquele orador que escrevia ao lado de uma frase do discurso: “Aqui, gritar, pois o argumento é fraco!” Jesus desmascara-os com uma pergunta: “Como pode Satanás expulsar Satanás?” Como pode o mal produzir bem? Aos seus familiares, Jesus pergunta: “Quem é minha Mãe e meus irmãos?”. E, apontando os que o escutam apresenta a família nova dos que procuram viver a vontade de Deus. Os laços familiares, demasiadas vezes “nós” que aprisionam e dominam, marcados pelo sangue e pela terra, pela rivalidade e ambição, precisam abrir-se aos laços da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. E claro que a sua Mãe vive desde sempre a vontade de Deus e na cruz recebe-nos a todos como filhos. Falta só a minha pergunta: “Que família escolhemos viver?

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