Lisboa |
50 anos da criação da Paróquia da Sagrada Família da Pontinha
“Fazer chegar a Mensagem a todos”
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“Ser Evangelho no mundo” é a razão de existirem as paróquias, lembrou o Cardeal-Patriarca de Lisboa na celebração que assinalou os 50 anos da criação da paróquia da Pontinha. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, o pároco, frei José Morais, aponta os principais desafios pastorais desta paróquia da Vigararia Lisboa V que procura um modelo paroquial que vá para além do “contexto geográfico”.

 

“Tenho a certeza que, ao longo de 50 anos, muita gente construída e reconstruída pelo Evangelho de Cristo, pela sua Palavra, pela força dos seus sacramentos, continuou a fazer Evangelho, aqui, nesta paróquia da Pontinha”, observou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, na celebração que assinalou os 50 anos de criação desta paróquia da Vigararia Lisboa V. “Ser Evangelho no mundo” é a razão para que existem as paróquias, acrescentou.

Na Missa celebrada no último Domingo, 27 de junho, no espaço adjacente à capela de Santo António, no bairro do Casal do Rato, D. Manuel Clemente destacou ainda o final do episódio evangélico da cura da filha de Jairo – lido na celebração – que mostra a “atenção global” que Jesus tem a tudo, ao pedir para dar de comer à menina que estava a morrer, depois de a curar e de lhe dizer «Talita Kum», que significa: «Menina, Eu te ordeno: Levanta-te». “Aqui, nestes 50 anos da paróquia da Pontinha, bem como em cada comunidade cristã, é isto que acontece e é isto só que deve acontecer, ou seja, tudo o que Jesus disse e fez diretamente enquanto andou neste mundo, agora, ressuscitado, quer fazer através daqueles que recebem o seu Espírito, para continuar a acontecer. E acontece! Nem sempre é o que vem nas notícias, mas aquilo que acontece de bonito em todas as comunidades cristãs espalhadas por esse mundo é exatamente o que nós acabámos de ouvir. Tantas comunidades onde, pela vida dos cristãos e cristãs que lá estão, gente em quem o Espírito de Jesus Cristo trabalha, existe esta atenção aos outros, uma atenção a tudo”, apontou. “Deus não desiste do mundo, com Cristo está sempre connosco, o Espírito de Cristo revive nos cristãos, as comunidades cristãs são Evangelho no mundo”, resumiu.

 

Chegar a todos

Apesar dos “50 anos de caminhada”, há ainda “muito caminho a fazer”, como atesta o ‘slogan’ da imagem de divulgação da efeméride e sublinha o atual pároco da Pontinha, frei José Morais. “Há sempre um desafio grande que é o de fazer chegar a Mensagem a todos e não só àqueles que estão afastados e adormecidos na fé”, aponta este sacerdote franciscano, que está nesta paróquia desde 2016. A partir do retrato da população, feito ao Jornal VOZ DA VERDADE, o frei José Morais garante que a maioria das pessoas que ali habitam “são religiosas” e isso fica demonstrado, anualmente, na procissão das velas, “sempre muito participada”, que se realiza no mês de maio. “Na peregrinação anual a Fátima, a paróquia tem levado cerca de 15 autocarros. Depois, lá em Fátima, costumávamos fazer a Via-Sacra, com a participação de mais de 600 pessoas. E também existe um grupo de peregrinos a pé, que já chegaram a ser 80”. Este responsável acredita, por isso, que “as pessoas estão atentas e recetivas a estas iniciativas”, mas deseja “meios” para que estas ações “não sejam apenas algo pontual e episódico, mas que tenham continuidade”. “Tudo isto é um desafio, é um sinal de que há muito caminho a fazer”, garante.

 

Desafio para todos

O decreto de criação da paróquia, assinado a 28 de junho de 1971, pelo Cardeal Cerejeira, foi lido no início da celebração do último Domingo e identificava, naquela zona, então pertencente à paróquia de Odivelas, “um agregado homogéneo” em crescimento. Ao longo dos anos, esta “porção do povo de Deus” foi alimentando o ‘sonho’ da construção de uma nova igreja paroquial com maior capacidade e mais “central” do que a atual. Com o tempo e com impasses burocráticos, o terreno da nova igreja foi sendo “empurrado para a periferia” e, atualmente, a paróquia “não dispõe dos meios para construir uma igreja”, reconhece frei José Morais. A construção de novos acessos rodoviários, feita ao longo dos anos, e a consequente facilidade na mobilidade das pessoas, acrescentou ao ‘sonho’ uma necessidade ser repensado tendo em conta um novo modelo de paróquia, marcado pela mobilidade. “Por exemplo, há muita gente que vai à Missa a Alfornelos porque, depois de aberta uma avenida, para muitos dos que vivem numa das zonas mais populosas da Pontinha, a igreja de Alfornelos fica a 300 metros e o caminho não é tão inclinado como para a igreja paroquial da Pontinha. E acontece o mesmo com a igreja de São Lourenço de Carnide”, indica. “Hoje em dia, nas cidades, as pessoas frequentam a igreja que lhes fica ‘mais à mão’ ou que tem o padre com que se identificam. Há a possibilidade de escolha. A nova igreja é um desafio para todos. Agora, falta o concretizar, o saber como e de acordo com um novo modelo de paróquia, que não é apenas o contexto geográfico. É um desafio pastoral que se coloca”, assegura o pároco da Pontinha.

 

Paróquia de vocações

Desde a sua criação, há meio século, que a Paróquia da Sagrada Família da Pontinha foi confiada ao cuidado dos sacerdotes da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos). Ao longo dos anos, foram cinco os pontinhenses que se sentiram chamados a seguir a vida consagrada, e quase todos na família franciscana: o padre frei Luís Oliveira, o padre frei Sérgio Góis (ordenado sacerdote no ano passado), o padre Mário Campos e a irmã Maria Teresa Ramos. “Presença e testemunho” são os ‘ingredientes’ destas vocações, garante frei José Morais, que nestes 50 anos da criação da paróquia pretende apresentar o testemunho de cada uma destas vocações. “Algo a ser levado a cabo, ao longo do ano, serão alguns encontros onde as vocações da paróquia possam dar o seu testemunho”, revela.

Na condução da paróquia, frei José Morais tem a apoiá-lo “mais permanentemente” o frei José Silvestre. Ao encargo destes sacerdotes, e sempre com o apoio de outros confrades que pertencem à comunidade franciscana do Seminário da Luz, estão seis comunidades ou lugares: Pontinha, Santa Maria, Santo Elói, São José, Santo António e São Pedro. O ritmo do trabalho deste último ano, devido à pandemia, obrigou a várias mudanças no funcionamento da paróquia, começando, desde logo, por “um maior número de utentes assistidos pelo apoio domiciliário do centro social”, devido ao confinamento, mas “não se registou um aumento significativo de pedidos de ajuda alimentar” que, na paróquia da Pontinha, são geridos pelo ‘Grupo de Ação Social’, “constituído por voluntários e que, juntamente com a distribuição de roupas, ajudam cerca de 40 famílias”.

Nas diferentes realidades pastorais, a pandemia “provocou um abrandamento do ritmo” das atividades, mas não apagou a esperança de voltar à assiduidade anterior, com a catequese a ter aproximadamente 400 crianças ou o grupo de jovens com cerca de 30, que, desde o início da retoma das eucaristias, depois dos confinamentos, tem sido uma “ajuda preciosa” para garantir o acolhimento e o cumprimento das orientações sanitárias nas celebrações. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, frei José Morais salienta ainda a “sintonia” da pastoral juvenil com as propostas diocesanas e da vigararia e, mais concretamente, com a mobilização na preparação da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.

 

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Padre frei António Francisco Marques: o primeiro pároco, que foi bispo

O primeiro pároco da Pontinha, em 1971, foi o padre frei António Francisco Marques, que acumulou, então, com a paróquia de Carnide, onde estava há quase 20 anos. Este sacerdote esteve apenas um ano como pároco da Pontinha, tendo sido eleito, em 1972, provincial dos Franciscanos e, em 1975, foi nomeado como primeiro bispo da Diocese de Santarém, onde esteve até à data da sua morte, em 1997, aos 70 anos.

texto e fotos por Filipe Teixeira
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