Cáritas de Lisboa |
Em 2020, a CDL recebeu 265 667€ em donativos e distribuiu 573 415€ em ajudas
No reforçar dos apoios, para que ninguém fique para trás
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Ainda que “estar ou ir de férias” tenha perdido, com a pandemia, a “normalidade” a que estávamos habituados, para as organizações, como a Cáritas Diocesana de Lisboa (CDL), este período do ano, com os abrandamentos que lhes são inerentes, irá continuar a ser sempre um bom momento de paragem e de avaliação dos primeiros sete meses de um qualquer ano. Estando a ser divulgado, e ao ficar disponível no nosso site, para consulta online, também o Relatório de Atividades CDL de 2020, com os seus resultados, torna oportuno e relevante à vida do Patriarcado este balanço.

Em 2020, a CDL recebeu 265 667¤ em donativos e distribuiu 573 415¤ em ajudas. Como seria de esperar (sendo possível) de uma instituição que intervém, enquanto organismo oficial da Igreja, a partir de uma opção preferencial pelos pobres - esforçando-se, além do mais em contexto de pandemia, por não deixar ninguém para trás - a CDL reforçou a sua ajuda aos grupos que constituem e operacionalizam a ação socio caritativa das paróquias, e colaborou com organizações sólidas e eficientes no que fazem de bem, movidas também pelas fortes convicções cristãs de grande número dos seus voluntários. A atribuição de um pré-definido e aberto orçamento de 700 mil euros, cuja execução resultou, no final do ano, num saldo negativo de 504 862¤ (em evidente contraste com o saldo positivo de 57 077¤ de 2019), é expressão real desta opção por quem, no território do Patriarcado, se viu numa situação de vulnerabilidade agravada ou empobrecer pela primeira vez.

E este redobrado esforço tem continuado, mantendo-se em dinâmica execução, em 2021.

 

O impacto negativo da pandemia na vida de muitas famílias, a viver no território da nossa diocese, não tem sido apenas tragicamente visível no número de pedidos de ajuda que chegam ao nosso Gabinete de Ação Social (GAS), mas é o próprio GAS que alerta para o invisível aumento de situações de preocupante carência de bens fundamentais, com epifania “marcada” para um futuro muito próximo. Os apelos a uma maior cooperação com a nossa missão, pela via do donativo em dinheiro, feitos sobretudo durante a Semana Nacional Cáritas, foram bem-sucedidos - um retorno de elevada generosidade por parte de quem em nós confia e vive de forma empática a frágil situação de muitos de nós. Mas a sua insuficiência, infelizmente, permanece, face aos atuais e crescentes pedidos de ajuda.         

 

Avanços e retrocessos têm feito o jornal diário mundial de combate à pandemia. As continuas variações e as dúvidas quanto à eficiência de estratégias de combate, impedem que se possa perspetivar o fim desta desgastante luta.

O Papa Francisco, na sua mais recente encíclica, Fratelli Tutti, denuncia o facto de não termos aprendido, com a crise de 2007-8, a arrepiar caminho e a viver de uma outra maneira. Nesta sua observação, e sem que nos sintamos pessimistas em relação ao futuro, não será difícil de antever a resistência à mudança colocada já hoje pela pandemia. Ainda que este generalizado mau-estar-atual não resulte de uma nova perturbação económico-financeira, a verdade é que os seus efeitos têm um peso enorme na sustentabilidade de quem já estava em situação de pobreza e exclusão social, não estando a servir de aprendizagem, infelizmente, no nosso aqui e agora, que não podemos continuar a deixar de prevenir o empobrecimento e a desigualdade, e de saber que a sua resolução exige de nós soluções que respondam eficazmente às privações, sarem feridas físicas e mentais e proporcionem a autonomia de uma vida pelos próprios pés.

E é precisamente porque não se faz depender do que se aprende e do que, com coragem, até se consegue mudar, como nação ou como mundo, que a CDL continua a responder à fome, que o Papa chama de criminosa, à eminente perda de habitação, à interrupção do pagamento das faturas da eletricidade, do gás, da água, à comparticipação individual na aquisição de medicamentos necessários e de outros bens fundamentais à saúde, à regularização e integração de pessoas indocumentadas e a um bem-estar-mínimo. De forma direta, mas maioritariamente em articulação com agentes socio caritativos no terreno, tem sido sua missão diária a capacitação, dinamização e mobilização de grupos paroquiais de ação social (GPAS), entre eles, as várias Cáritas Paroquiais e as Conferências Vicentinas do Patriarcado, a par de centros sociais e de algumas organizações parceiras.

Em todo este processo, a distribuição de Tickets Restaurant, mesmo quando recebemos em donativo alimentos para distribuição, continua a ser uma excelente prática, não só no suprir de carências alimentares, mas na defesa e promoção da dignidade humana, ao evitar que alguém se sinta observado, humilhado. Em 2020, 80 mil euros gastos na sua aquisição chegaram a 11 500 pessoas.

Também o “Apoio Caritas Lisboa”, criado no seguimento do que de bom o Projeto Igreja Solidária do Patriarcado tinha conseguido, face aos efeitos da anterior crise, se tem revelado de extrema importância na resposta sobretudo aos pedidos de ajuda que chegam das paróquias, e que em 2020 tiveram um custo de 115 350 mil euros.

A articulação com forças no terreno tem sido de tal ordem crucial, que parte da nossa atividade se tem centrado no incentivar à criação de Caritas Paroquias onde ainda não existem ou onde a ação social acontece mais espontânea e informalmente. Constituir-se como Cáritas e fazer parte desta rede, à luz da Doutrina Social da Igreja, tem sido o desafio deixado em diversas reuniões de vigararia e a outros níveis, e a sementeira tem estado a dar os seus frutos.

Em subsidiariedade e em parceria com outras instituições, evitando sobrepor-se ou repetir-se, a CDL tem procurado apoiar serviços que já existem em áreas fundamentais. O ano passado celebrou um protocolo de cooperação com a Souma, apoiou, entre outros, o Banco Alimentar, a Refood e a ação social desenvolvida por autarquias e juntas de freguesia da diocese. Este ano, o recente acordo de parceria com a Loja Dona Ajuda da associação Boa Vizinhança Santo António é igualmente exemplo de uma Caridade que não só se abre na direção de todos, independentemente das suas identidades, proveniências, crenças, mas que se torna ainda mais próxima, eficaz e duradoira através do bem fazer de outras organizações.

Esta a dinâmica conferida, a Caridade que transparece do agir desta primeira metade de 2021, e o caminho que vamos continuar a concretizar, num esforço que tem plena consciência dos seus limites, e que, por essa mesma razão, entende ultrapassá-los, com renovados apelos à solidariedade do publico em geral, e abrindo-se, sempre mais, à colaboração com outras forças sociais, para que ninguém fique, de facto, para trás, ninguém se perca, e todos possam viver dignamente e em segurança, pois só o Ser Humano, a Criação no seu todo, são critério absoluto para toda e qualquer mudança.

 

Consulte o Relatório de Atividades CDL 2020 em: www.caritaslisboa.pt

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