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Padre Stan Swamy, uma vida em favor dos mais excluídos na Índia
Amigo dos pobres
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Morreu na segunda-feira, dia 5 de Julho, numa cama do hospital da Sagrada Família em Bombaim, na Índia, depois de uma vida a lutar pelas populações tribais. O Pe. Stan Swamy morreu no hospital, mas estava preso. A enfermaria era apenas a nova cela, depois de as autoridades o terem acusado de terrorismo.

 

O Pe. Stan Swamy, jesuíta, morreu aos 84 anos de idade, depois de uma vida a lutar pelos povos tribais, pelos dalits, pelas populações ignoradas e desprezadas, pelos mais miseráveis, os que são como que invisíveis aos olhos da sociedade. O Pe. Stan foi um defensor destemido dos pobres, foi, seguramente, um sacerdote inspirador. Acusado de terrorismo pelas autoridades, apesar do reconhecimento internacional do seu trabalho como activista dos direitos humanos, nomeadamente dos povos indígenas, o Pe. Stan Swamy estava preso desde 8 de Outubro do ano passado, tendo o seu estado clínico merecido desde o primeiro momento enorme preocupação por parte de amigos e familiares.

 

Verdadeiro herói

O estado de saúde deste sacerdote jesuíta vinha a deteriorar-se nas últimas semanas, depois de ter contraído na prisão a Covid19, o que levou as autoridades a permitirem o seu internamento hospitalar a 28 de Maio, mas negando-lhe, sempre, a libertação sob fiança. Como se ele pudesse fugir, como se ele quisesse fugir. Para as autoridades era um criminoso. Para as populações tribais, que defendeu toda a vida com notável energia, era um amigo. Era o amigo. Quem o conheceu, quem privou com ele, fala de uma pessoa excepcional, de um gigante da solidariedade, de um verdadeiro herói.

 

Ajudar os invisíveis

As autoridades indianas prenderam-no tentando sufocar a sua voz, mas nunca como agora se falou tanto deste sacerdote de aspecto frágil e sorriso bondoso que se enamorou dos mais pobres dos pobres da Índia. A melhor maneira de o homenagearmos é procurar prosseguir com o seu trabalho, é procurar continuar a ajudar as populações tribais, os dalits, os que são invisíveis aos olhos da sociedade indiana. Muitos dos dalits, dos intocáveis que o Pe. Stan tem defendido ao longo de mais de 40 anos são cristãos. A sociedade indiana ignora-os como se não existissem, como se fossem invisíveis. Mas a Igreja acolhe-os. Por isso, há cada vez mais dalits a abraçaram também o Cristianismo na Índia. Quando ele foi preso, o presidente executivo internacional da Fundação AIS alertou o mundo para a situação dramática dos que procuram defender os direitos humanos na Índia, dizendo que haverá “outros casos de padres e catequistas que foram injustamente acusados com o objectivo de espalhar o medo e de os intimidar”. Para Thomas Heine-Geldern, o caso do Pe. Stan é apenas a ponta de um icebergue” da criminalização dos que defendem os direitos humanos, dos que procuram dar “melhores condições de vida”, aos dalits e às populações tribais na Índia.

Prosseguir a sua obra

A ignóbil prisão do Pe. Stan, que faleceu na segunda-feira, dia 5 de Julho, foi a maior medalha que as autoridades indianas lhe podiam ter dado. Honrar a memória do Pe. Stan é continuar com a sua obra. Para a Fundação AIS isso é indiscutível. O mundo precisa de muitos Padres Stan, pessoas cheias do desejo apenas de servir os mais pobres, os que a sociedade ignora, mesmo que, para isso, possam correr riscos, possam ser acusados das maiores mentiras, possam ser colocados atrás das grades. Ajudar os invisíveis da sociedade é a melhor maneira de dizermos “muito obrigado” ao Pe. Stan Swamy.

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