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“Rezo e rezamos todos juntos: a ti Senhor a glória, a nós a vergonha”
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O Papa Francisco exprimiu tristeza pelos abusos sexuais em França. Na semana em que pediu à COP 26 “respostas eficazes” à crise ecológica, o Papa manifestou-se “muito triste” com a violência no Equador e encontrou-se com o movimento ‘Fé e Luz’. Intenção de oração para este mês de outubro evoca o papel de cada batizado na evangelização.

 

1. Vergonha. Foi o sentimento expresso pelo Papa Francisco, na audiência-geral de quarta-feira, no Vaticano, a propósito dos abusos sexuais levados a cabo por membros da Igreja Católica de França. A Conferência Episcopal e a Conferência dos Religiosos e Religiosas francesas receberam o relatório da comissão independente sobre os abusos sexuais na Igreja, encarregada de avaliar a extensão do fenómeno de agressão e violência sexual cometidas contra menores, desde 1950, e houve 216 mil vítimas de abuso sexual de menores, entre 1950 e 2020. “O resultado, infelizmente, inclui números consideráveis. Desejo expressar às vítimas a minha tristeza e dor pelos traumas que sofreram. E também a minha vergonha, a nossa vergonha, a minha vergonha pela demasiada longa incapacidade da Igreja em colocá-las no centro das suas preocupações, assegurando-lhes a minha oração”, manifestou Francisco, no encontro na Sala Paulo VI, no dia 6 de outubro. “Rezo e rezamos todos juntos: a ti Senhor a glória, a nós a vergonha. Este é o momento da vergonha. Encorajo os bispos e vocês, queridos irmãos, que vieram aqui para compartilhar este momento...”, acrescentou.

O Papa pediu aos bispos e religiosos franceses para que semelhantes dramas não se repitam, e lamentou que a Igreja não tenha dado a devida importância ao assunto. “Exprimo a minha proximidade e apoio paternal aos sacerdotes da França face a esta difícil provação, que é dura, mas saudável, e convido os católicos franceses a assumirem as suas responsabilidades, para garantir que a Igreja seja uma casa segura para todos”, apelou.

No encontro público semanal, o Papa falou ainda da liberdade cristã que, segundo explicou, é fundada sobre dois pilares fundamentais: a graça do Senhor Jesus e a verdade. “A verdade deve inquietar-nos, voltemos a esta palavra muito, muito cristã: inquietude. Sabemos que existem cristãos que nunca, nunca se inquietam: vivem sempre o mesmo, não há movimento nos seus corações, não há inquietude”, frisou Francisco, realçando que “a inquietude é o sinal de que o Espírito Santo está a trabalhar dentro de nós e a liberdade é uma liberdade ativa, com a graça do Espírito Santo”.

 

2. O Papa Francisco espera que a próxima Cimeira do Clima, marcada para novembro, em Glasgow, encontre “respostas eficazes” à crise ecológica e de valores, e dê “uma esperança concreta às gerações futuras”. A mensagem foi deixada durante o encontro ‘Fé e Ciência: rumo à COP 26’, que decorreu no Vaticano, a 4 de outubro, por iniciativa das embaixadas de Itália e Grã-Bretanha na Santa Sé. Lembrando que no mundo “tudo está interligado”, Francisco sublinhou que “não se pode agir sozinho”, é fundamental o empenho de todos e cada um para combater a atual “cultura o descarte” e as “sementes dos conflitos: ganância, indiferença, ignorância, medo, injustiça, insegurança e violência”.

Para o Papa, o desafio de cuidar da Casa Comum tem de ser enfrentado a vários níveis, e com o contributo das várias religiões. “Gostaria de assinalar, em particular, dois deles: o nível do exemplo e da ação, e o da educação. Em ambos os níveis, nós, inspirados pelas nossas crenças e tradições espirituais, podemos oferecer contribuições importantes”, assinalou, no encontro que reuniu 33 líderes religiosos e sete cientistas, que assinaram um apelo conjunto para travar as alterações climáticas. O apelo, dirigido aos participantes da Cimeira de Glasgow, foi entregue a Alok Kumar Sharma, presidente designado da COP 26, e a Luigi Di Maio, o ministro italiano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional.

O Papa Francisco já manifestou a intenção de participar na conferência mundial sobre alterações climáticas, que vai ser organizada pela ONU entre 31 de outubro e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.

 

3. O Papa Francisco manifestou tristeza face à “terrível explosão de violência” ocorrida numa prisão do Equador, pedindo a ajuda de quem lá trabalha para tornar mais humana a vida nas prisões. “Fiquei muito triste com o que se passou, há dias, no cárcere de Guayaquil, no Ecuador: uma terrível explosão de violência, entre os presos pertencentes a bandos rivais, provocou mais de cem mortos e numerosos feridos. Rezo por eles e pelas suas famílias”, disse o Papa, após a recitação do Angelus, no Domingo, 3 de outubro. “Que Deus nos ajude a curar as chagas do crime que escraviza os mais pobres. E ajude os que trabalham todos os dias para tornar mais humana a vida nas prisões”, completou, voltando também a apelar ao “dom da paz” na “amada terra do Myanmar”.

 

4. O Papa Francisco recebeu em audiência o movimento ‘Fé e Luz’. “A vossa profecia hoje é ainda mais importante, para combater a cultura do descarte e recordar a todos que a diversidade é uma riqueza e que nunca se deve tornar motivo de exclusão e de discriminação”, disse Francisco, à delegação do movimento, na Sala Clementina, a 2 de outubro. O Papa encorajou os membros do ‘Fé e Luz’ a avançarem, “com a força do Espírito Santo”, com a sua presença “acolhedora”, no contexto dos que na sua pequenez e fragilidade são esquecidos e excluídos, na Igreja e no mundo. “Que as vossas comunidades sejam sempre lugares de encontro, promoção humana e de festa para todos os que ainda se sentem marginalizados e abandonados; E um sinal de esperança, para que ninguém se feche em si mesmo, na tristeza e no desespero”, desejou, nos 50 anos do ‘Fé e Luz’.

 

5. O Papa divulgou a sua intenção de oração para outubro, o tradicional ‘mês missionário’ na Igreja, desafiando os católicos a um “testemunho de vida” que anuncie a fé aos outros. “Rezemos para que cada batizado participe na evangelização e que cada batizado esteja disponível para a missão através do seu testemunho de vida. E que este testemunho de vida tenha o sabor do Evangelho”, referiu Francisco, num vídeo publicado através da Rede Mundial de Oração do Papa. No mês em que começa o percurso do Sínodo dos Bispos 2021-2023 e se celebra o Dia Mundial das Missões, o Papa pediu que os batizados sejam “discípulos missionários”. “Basta estarmos disponíveis ao seu chamamento e vivermos unidos ao Senhor nas coisas mais quotidianas: no trabalho, nos encontros, nas ocupações diárias, nas casualidades de cada dia, deixando-nos sempre guiar pelo Espírito Santo”, precisou, realçando que esta missão não é “fazer proselitismo”, mas se baseia no “encontro entre as pessoas”.

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