Com o aproximar do Natal, a Cáritas em Portugal volta a estar novamente na rua com a já tradicional Campanha 10 Milhões de Estrelas - Um Gesto Pela Paz. Ao propor aos cristãos e ao público em geral a aquisição de uma vela em forma de estrela, branca ou vermelha, a Cáritas apela à celebração e promoção da paz, e convida à participação na resolução de problemáticas sociais e ambientais.
Sem a colaboração de milhares de pessoas e de um número significativo de instituições e empresas, a Cáritas seria incapaz, por si só, de responder prontamente a necessidades urgentes. Antigas e novas situações de total vulnerabilidade fazem repetidamente lembrar os efeitos de uma recente crise económico-financeira e o contexto de crise sanitária em que ainda nos encontramos, passados já dois anos. Não haverá paz sem justiça, e a justiça não será possível em territórios massacrados e consumidos pela violência, seja ela humana ou ambiental. É urgente uma outra forma de estar na vida, inclusiva de todos e amiga da terra.
Desde a sua génese em Portugal, a Campanha, nascida no interior da Cáritas francesa (Secours Catholique), já apoiou 15 projetos internacionais e 3 nacionais. Na sua 19ª edição, propõe-se apoiar em 65% a ação socio caritativa desenvolvida pelas Cáritas Diocesanas, e atenuar, com os restantes 35%, os efeitos sobre a vida das alterações climáticas nos países lusófonos.
No passado dia 12 de novembro, por ocasião do Dia Mundial dos Pobres (14 de novembro), o Papa Francisco encontrou-se em Assis com 500 pessoas de toda a Europa, em situação de pobreza. Não poderia ser de outra forma. Na verdade, seria contraditória qualquer celebração do Dia Mundial dos Pobres, que não tivesse por programa estar com quem está numa situação de extrema necessidade, para precisamente lhe poder assegurar sobretudo que não haverá descanso até que as dificuldades se vençam, e a inclusão, que repõe dignidade e o acesso a direitos e deveres de cidadania, seja verdadeiramente real, efetiva e duradoira.
E é sobre esta real e diária proximidade da Rede Cáritas do Patriarcado de Lisboa com quem, estando perto ou vindo de longe, vive com fome, sem casa, sem trabalho, doente e abandonado, que campanhas como a 10 Milhões de Estrelas e outras se pensam, se confiam e realizam com a cooperação de milhares de mulheres e homens de boa vontade.
“No passado mês de Junho, um cidadão do Bangladesh, sinalizado pelo CLAIM Cascais, foi encaminhado para a Cáritas Paroquial de Oeiras, que o apoiou com cabazes de alimentos durante 3 meses. Entretanto, conseguiu trabalho num restaurante. Primeiro a lavar pratos, e depois na cozinha. Desde Setembro que não necessita do apoio alimentar da Cáritas, mas como só comunicava em inglês, continua a vir à paróquia para frequentar as aulas de português, lecionadas por uma voluntária. É uma pessoa muito educada e muito agradecida.”
Caritas Paroquial de Oeiras
“O senhor Rodrigo é doente oncológico e vive na zona dos Fetais, Camarate, com a sua esposa, Laurinda, que está com uma depressão crónica há mais de 20 anos. Viemos a saber da sua situação durante a primeira vaga da pandemia: sem comida em casa, sem possibilidade de comprar medicamentos e pagar a renda de casa. Viviam da caridade de alguns vizinhos e dos senhorios, que sempre lhes deram muito apoio. O senhor Rodrigo estava a fazer quimioterapia no Hospital de Santa Maria; ia e vinha a pé (cerca de 8 km), por não poder comprar o bilhete para os transportes.
Viviam numa situação de completo desespero, chegando ele a pensar terminar a própria vida. Quando o visito, diz-me, com emoção, que Deus colocou uns anjos na sua vida. A situação está agora melhor, uma vez que, entretanto, começou a receber a sua pequena reforma, pela qual estava à espera há mais de dois anos. Continuamos a visitá-lo, pois continua a ter muita necessidade de apoio espiritual.”
Missionários Combonianos, Fetais (Camarate)
“Estávamos em 2015, quando uma voz rouca, solicitando ajuda pontual, chegou aos Samaritanos. A ajuda mantém-se ainda hoje. Trata-se de um doente oncológico, de um homem só e sem família. Com um cancro na garganta, o seu grande sonho é o de poder vir a comer bacalhau com batatas, um desejo que poderá ser difícil de realizar. A pessoa que o atende no grupo dos Samaritanos é a sua tia, para quem o seu sobrinho é um verdadeiro exemplo de serenidade.”
Cáritas Paroquial da Falagueira (Grupo Samaritanos)
“Gosta do seu trabalho como auxiliar em residências para idosos. Durante a pandemia, nunca parou. Viu morrer muita gente. Com a redução do número de utentes nas instituições, tem sido obrigada a andar de lar em lar.
Separada, com cinco filhos, entre os dezoito e os três anos, cada um com tutela diferenciada. Uns vivem com os pais, outros com os avós. Cada vez que consegue juntar os filhos, é uma grande festa.
Com doença mental severa, é cuidadosamente acompanhada pelos serviços de saúde de proximidade e centrais. Agora, foi preciso parar para recuperar - baixa médica não remunerada. O carro também parou e o dinheiro para a reparação é curto (400¤). Renda e luz em atraso. Sem rendimentos, o que fazer?
A Cáritas Paroquial assegurou a reparação do carro. Vive numa zona isolada, numa modesta casa partilhada, a quilómetros de tudo. Falta o combustível, depois são as despesas com os medicamentos e a alimentação. Mas o mais importante, tem sido o acompanhamento regular.
De momento, faz umas horas em limpezas. Fica mais animada e entusiasmada, quando consegue levantar a cabeça para visitar os filhos e cuidar do seu pátio. Ali, tem o cantinho dos brinquedos, a imponente laranjeira, a estrelícia e uma grande variedade de plantas aromáticas, que crescem quase espontaneamente. Dentro de dias, espera ter um novo emprego. Quer melhorar a casa. É preciso que tenha as melhores condições para receber as crianças.
Chama-nos anjos. Somos apenas cristãos empenhados, testemunhas de que Deus nunca desiste de nós. Em tudo, Deus seja louvado!”
Cáritas Interparoquial de Óbidos
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