Lisboa |
Ordenação de 14 diáconos, nos Jerónimos
Intensificar “no coração e na prática” a “atitude de serviço”
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Nas Ordenações Diaconais, o Cardeal-Patriarca de Lisboa convidou os 14 novos diáconos (oito diocesanos e seis religiosos) a um “serviço humilde, total e desprendido de si”. No Domingo I do Advento, 28 de novembro, na Igreja de Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos, D. Manuel Clemente destacou ainda que o diaconado “é o sacramento do serviço”.

 

“Caríssimos ordinandos: Recebereis o diaconado, que é o sacramento do serviço, configurando-vos deste modo a Cristo que disse de si mesmo estar no meio de nós como um servidor. Um grau do sacramento da Ordem que a qualifica no seu conjunto e à própria Igreja como serviço mútuo e ao mundo. Não haveria melhor maneira de começar o ministério ordenado senão exatamente por aqui, pelo serviço humilde, total e desprendido de si, para glória de Deus e bem de todos”, salientou o Cardeal-Patriarca.

Num Mosteiro dos Jerónimos repleto de fiéis, “nesta feliz celebração de Advento e Ordenação de um número tão expressivo de diáconos, rumo ao sacerdócio secular e regular”, D. Manuel Clemente deixou ainda, aos ordinandos, o convite a intensificarem a “atitude de serviço” em “função dos outros”. “Mesmo no vosso caso, que vos destinais ao presbiterado, vivei o tempo e a graça do diaconado intensificando no coração e na prática a atitude de serviço, disponíveis e prontos para o que for mais necessário em função dos outros. Como o próprio Jesus nos ensinou a estar e sabendo que Ele próprio vos espera em cada um, com especial referência àqueles com quem se identificará no seu último Advento: «Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino – hoje diria também imigrante ou refugiado – e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo»”, exemplificou, citando o Evangelho de São Mateus.

 

“Graças são encargos”

Nesta celebração foram ordenados diácono, com vista ao sacerdócio, sete alunos do Seminário Maior de Cristo Rei dos Olivais (Afonso Sousa, Diogo Tomás, Fábio Alexandre, Lourenço Lino e Pedro Sousa, de paróquias do Patriarcado de Lisboa; e ainda Ben Maliekal, da Diocese de Cochim, e Sujith Jayadevan, da Diocese de Trivandrum, ambas da Índia) e um aluno do Seminário ‘Redemptoris Mater’, em Caneças (Ángel Azcurra, da Argentina). Além destes oito candidatos da diocese, foram também ordenados diácono seis candidatos de congregações religiosas, nomeadamente três da Ordem Franciscana (Márcio Carreira, Paulo Jorge Faria e Sérgio Pinheiro), dois da Congregação dos Missionários do Verbo Divino (Emmanuel Danso Abeam e Fabian Cofie) e um dos Missionários da Consolata (Augusto Faustino). A todos eles, D. Manuel Clemente acentuou a importância da atitude de serviço a que são chamados no ministério diaconal. “Caríssimos, a isso vos conduzirá a graça que ides receber, sem esquecer que graças são encargos, pois não as recebemos para ficarem em nós, mas para com elas servirmos os outros. Neste momento tão belo e celebrativo tudo isto vos parecerá claro e conclusivo. Mas, para que assim continue a ser e o Advento de Cristo vos determine sempre, não esqueçais a advertência do Evangelho de há pouco: «Vigiai e orai em todo o tempo, para terdes a força de vos livrar de tudo o que vai acontecer e poderdes estar firmes na presença do Filho do homem». Convosco e por vós rezaremos também nós todos!”, assegurou o Cardeal-Patriarca, dirigindo-se de forma particular aos ordinandos.

 

Presença de Cristo

A celebração foi concelebrada pelos Bispos Auxiliares de Lisboa D. Joaquim Mendes e D. Daniel Henriques – D. Américo Aguiar estava em Viana do Castelo a representar o Patriarcado na tomada de posse do novo bispo – e por D. António Montes Moreira, Bispo-emérito de Bragança-Miranda, franciscano, que reside na diocese, além de diversos sacerdotes, com o Cardeal-Patriarca de Lisboa a destacar a presença de Cristo em cada um dos candidatos que foi ordenado diácono. “Caríssimos ordinandos: A vossa presença aqui, para receberdes o diaconado e em ordem ao presbiterado, só se explica a esta luz, que irrompe em Advento. Se aqui estais, é porque a presença do Cristo de ontem, hoje e amanhã se tornou central nas vossas vidas, preenchendo-vos o coração e a mente. No vosso percurso vocacional, secular ou regular, Jesus Cristo tornou-se figura central e o Evangelho uma palavra viva, a interpelar-vos para um seguimento imediato e exclusivo”, observou. Neste sentido, D. Manuel Clemente convocou os agora diáconos a serem, “na Igreja de Cristo e para todos, sinais vivos da realidade do Reino do Céu”. “E assim mesmo contribuireis para que o Povo de Deus no seu todo nunca perca o horizonte último a que se destina, seja qual for a mediação do seu estado particular. Para que em vós – e também por vós em todos – se cumpra a exortação que ouvimos a São Paulo, logo no primeiro escrito cristão: «O Senhor confirme os vossos corações numa santidade irrepreensível, diante de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de Jesus, nosso Senhor, com todos os santos»”, desejou o Cardeal-Patriarca.

 

Vinda de Deus

Nas Ordenações Diaconais, que foram transmitidas em direto pelas redes sociais (Facebook e YouTube) e site do Patriarcado de Lisboa (www.patriarcado-lisboa.pt), D. Manuel Clemente tinha começado por sublinhar, no início da sua homilia, que o Advento, tempo litúrgico iniciado pela Igreja naquele Domingo, “é bem mais do que preparação para o Natal, como o que de facto chegará a 25 de dezembro”. “Antes, durante e depois dessa data, trata-se da vinda de Deus, que em Jesus nos chegou, em Jesus nos acompanha e em Jesus nos espera. Em Jesus, que veio, vem e há de vir, qualificando a nossa vida e a vida do mundo como tirocínio de fortes expetativas”, resumiu. “Se for realmente assim, reencontraremos o que somos e daremos oportunidade a Deus de nos encontrar também”, complementou, lembrando ainda que “o Advento se veste de roxo, cor da conversão à vontade de Deus, como a salvação só acontece”. “Aproveitemos a graça deste tempo abençoado, para que sobressaia a realidade que nos mantém em grande expetativa, não redutível a horizontes curtos. O que não seria real nem verdadeiro era tomarmos os dias e as coisas como tempo fechado ou objeto bastante, quando de facto o não são”, convidou.

 

 

Natal de Cristo

Para o Natal, mais do que oferecer presentes, o convite é a fazer-se presente, segundo o Cardeal-Patriarca. “Quando chegar o Natal, chegarão também os presentes, para quem os possa dar e receber. Mas sabemos bem que o valor que tenham – materialmente muito, pouco ou quase nada –, depende da presença que signifiquem, precisamente a nossa junto dos outros. Quando assim não acontece, é apenas mais uma data, mais passada do que cumprida. Apagam-se as luzes e arrumam-se as coisas, num misto de saudade do que foi e de receio de que não torne a vir”, alertou D. Manuel Clemente.

Desta forma, o desafio é celebrar “o Natal de Cristo”. “Ouve-se dizer e desejar que foi ou que há de ser ‘mais um ano’, quando ganharia em ser o tempo todo. E realmente pode ser, se for mesmo o Natal de Cristo que celebrarmos, como realidade e não como mero pretexto. Os presentes de Deus nunca se estragam e contêm em si o tempo infindo, porque o amor de Deus não passará”, garantiu o Cardeal-Patriarca de Lisboa, na celebração nos Jerónimos em que ordenou 14 novos diáconos para a Igreja.

 

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As fotografias da celebração de Ordenações estão disponíveis em www.flickr.com/patriarcadodelisboa/albums

texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
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