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“Todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico”
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O Papa Francisco publicou a sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, que se assinala a 1 de janeiro, propondo três caminhos “para a construção duma paz duradoura”. Na semana em que considerou que a violência contra as mulheres é “quase satânica”, o Papa aconselhou a não ficar afundado na tristeza e aprovou a criação da Fundação ‘Fratelli Tutti’. Foi ainda noticiado que João Paulo I vai ser beatificado em 2022.

 

1. Na Mensagem para o Dia Mundial da Paz, a 1 de janeiro, o Papa Francisco lamenta que, “infelizmente”, ainda hoje o caminho da paz permaneça “arredio da vida real de tantos homens e mulheres e consequentemente da família humana”. “Apesar dos múltiplos esforços visando um diálogo construtivo entre as nações, aumenta o ruído ensurdecedor de guerras e conflitos, ao mesmo tempo que ganham espaço doenças de proporções pandémicas, pioram os efeitos das alterações climáticas e da degradação ambiental, agrava-se o drama da fome e da sede e continua a predominar um modelo económico mais baseado no individualismo do que na partilha solidária”, lamenta o Papa, sublinhando que “todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico, partindo do próprio coração e das relações em família, passando pela sociedade e o meio ambiente, até chegar às relações entre os povos e entre os Estados”.

No documento, publicado pelo Vaticano no dia 21 de dezembro, Francisco propõe três caminhos “para a construção duma paz duradoura”. “Primeiro, o diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados. Depois, a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim, o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana”, elenca o Papa, realçando tratar-se de “três elementos imprescindíveis para tornar «possível a criação dum pacto social», sem o qual se revela inconsistente todo o projeto de paz”.

No texto, o Papa alerta que, num mundo ainda fustigado pela pandemia, o caminho para ultrapassar “a indiferença egoísta e o protesto violento” é o do “diálogo”, concretamente “o diálogo entre as gerações”. “A crise sanitária atual fez crescer, em todos, o sentido da solidão e o isolar-se em si mesmos. Às solidões dos idosos veio juntar-se, nos jovens, o sentido de impotência e a falta duma noção compartilhada de futuro. Esta crise é, sem dúvida, aflitiva, mas nela é possível expressar-se também o melhor das pessoas”, garantiu Francisco.

 

2. O Papa descreveu a violência doméstica dos homens contra as mulheres como “quase satânica”. O comentário surgiu durante um programa transmitido no passado Domingo à noite, 19 de dezembro, na rede italiana TG5, no qual falou com três mulheres e um homem, todos com antecedentes difíceis. “É quase satânico, porque se aproveitam de uma pessoa que não se pode defender, que só pode tentar bloquear os golpes”, frisou Francisco, respondendo a uma pergunta de uma vítima de violência doméstica chamada Giovanna. “É muito humilhante”, acrescentou. Segundo dados das autoridades italianas, divulgados no mês de novembro, decorrem diariamente cerca de 90 episódios de violência contra as mulheres em Itália e 62% são casos de violência doméstica.

No seguimento do tema da violência doméstica, o Papa lamentou também a violência contra as crianças. “É humilhante quando um pai ou uma mãe bate na cara de uma criança, já é muito humilhante. Digo sempre que nunca se deve esbofetear uma criança na cara, porque, como sempre, tira a dignidade”, considerou.

 

3. O Papa Francisco aconselhou a não ficar afundado na tristeza e a descarregar em Deus os “pensamentos negativos”. “Aprendamos com Nossa Senhora esta maneira de reagir: levantarmo-nos, especialmente quando as dificuldades correm o risco de nos esmagar; levantarmo-nos para não permanecermos enterrados nos problemas, afundados na autocomiseração e numa tristeza que paralisa. Mas porquê levantar? Porque Deus é grande e está pronto a levantar-nos se lhe estendemos a mão”, lembrou, durante a oração do Angelus do passado Domingo, 19 de dezembro. “Descarreguemos n’Ele os pensamentos negativos, os medos que bloqueiam todos os momentos e nos impedem de seguir em frente. E depois, façamos como Maria: olhemos à nossa volta e procuremos alguém a quem possamos ajudar. Há algum idoso a quem eu possa fazer alguma companhia, um serviço, uma gentileza, um telefonema? Ao ajudar os outros, ajudamos nós mesmos a superar as dificuldades”, destacou o Papa, na janela do apartamento pontifício, convidando, assim, os fiéis a prepararem o Natal com gestos de ajuda e atenção aos mais necessitados.

 

4.  O Papa aprovou a criação da Fundação ‘Fratelli Tutti’, que visa promover o diálogo com culturas e outras religiões, a partir da encíclica assinada por Francisco em 2020. O novo organismo “de religião e culto” nasceu dentro da ‘Fábrica de São Pedro’, cujo presidente, o cardeal Mauro Gambetti, vai dirigir a fundação. “O objetivo é criar, em volta da Basílica de São Pedro e do abraço das Colunas de Bernini, iniciativas ligadas à espiritualidade, arte, educação e diálogo com o mundo”, escreveu Francisco. Os objetivos da entidade estão definidos no artigo 3.º dos seus estatutos, com fins de “solidariedade, formação e difusão da arte, particularmente da arte sacra”.

A fundação quer ainda ajudar os turistas que passam por São Pedro, através de itinerários espirituais, culturais e artísticos, e “favorecer a fraternidade e a amizade social entre Igrejas, diferentes religiões e entre crentes e não crentes”.

 

5. O Papa João Paulo I deve ser beatificado até ao final do ano de 2022, revelou o presidente da Câmara de Belluno, a terra natal de Albino Luciani, que foi eleito Papa em 1978. O autarca Roberto Padrin foi recebido por Francisco, em audiência, tendo-lhe comunicado que o povo de Belluno espera ansiosamente pela beatificação de João Paulo I. Segundo Padrin, o Papa garantiu-lhe que o processo está bem encaminhado. “O Papa Francisco confirmou-me que a proclamação terá lugar em 2022, depois do verão. A data exata está por definir, mas a cerimónia terá lugar em Roma”, anunciou, citado pela imprensa italiana.

Um milagre reconhecido em outubro, que envolveu a cura inexplicável de uma menina de 11 anos com uma doença terminal, abriu caminho para a beatificação de Luciani, o ‘Papa do sorriso’, que teve um curto pontificado de 33 dias, entre agosto e setembro de 1978.

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