
SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ Ano C
“Eles não entenderam as palavras
que Jesus lhes disse.”
Lc 2, 50
“Família” é, para algumas realidades e pessoas nelas envolvidas, uma palavra difícil de dizer. Claro que nestes dias natalícios em pleno “regresso ao ano passado… em pandemia” ficamos desolados pelas saudades dos natais sem medo, e cheios de beijos e abraços. Mas é sinal grande de responsabilidade todo o cuidarmos que tivermos com os outros (que afinal dizemos amar tanto…), pois até é benéfico para nós. É mesmo o verbo “cuidar” aquele que melhor pode descrever as alegrias e tristezas das nossas “sagradas famílias”!
Da infância de Jesus quase nada sabemos senão este momento aos 12 anos no Templo. À partida parece ser uma das muitas situações que os nossos pais também experimentaram quando nos perdemos em criança. Mas acaba por revelar-se um particular momento de descoberta e afirmação da sua natureza divina. A descoberta do “meu Pai” é estruturante na vida e missão de Jesus. No fundo, como em toda a criança, a figura do pai é a imagem da força, da confiança, da segurança para agir. O sofrimento experimentado por Maria e José é tão semelhante ao de pais e mães de todos os tempos: crescer é um processo comunitário e as surpresas dos mais novos embatem com a dificuldade de compreender dos mais velhos. É aí que cuidar também revela que há “dores”: e vamos aprendendo a ser “cuida-dores”.
As dores das famílias são muitas e variadas. Têm o nome de cada um de nós, e das muitas situações que vivemos. E creio que se Deus quis ser mesmo “Deus connosco” não foi para nos tirar o que é difícil, mas para ensinar-nos a vivê-lo com esperança e confiança. Entra aqui a realidade talvez mais dolorosa das nossas famílias: a solidão de muitos maiores, a demência e a dependência daqueles que tanto cuidaram de nós. Há um triste silêncio e indiferença para os dramas vividos “portas adentro” em que muitos se tornaram cuidadores dos seus queridos. Com pouco apoio, quase nenhuma preparação, a sós com as suas dúvidas e incapacidades, a querer dar amor sem entender o que se passa com o pai ou a mãe que já não o/a reconhecem.
Sim, há associações que fazem um trabalho espantoso; sim, é preciso dizer bem alto que todos precisamos de ajuda; e sim, se vivemos em sociedade é preciso que todos os apoios sociais cheguem ao interior de casas onde se grita em silêncio. As luzes e as alegrias dos “natais” lá fora só abrem feridas se não procurarmos os “Jesus” escondidos e sozinhos!
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