CNE Região de Lisboa |
Biografia
O Padre Jacques Sevin e a Fundação do Escutismo Católico
<<
1/
>>
Imagem

1. O Padre Jacques Sevin, S.J.

Jacques Sevin nasceu em Lille, França, a 7 de dezembro de 1882. Em 1900 entrou para o Noviciado dos jesuítas, tendo sido ordenado presbítero em 1914, na Bélgica.

Em 1913 conheceu pessoalmente Baden-Powell (B-P), fundador do Escutismo, de quem se veio a tornar amigo, bem como o Cardeal católico Francis Bourne, clérigo muito interessado pela temática e apoiante da mesma. Nessa altura, Sevin começou a estudar profundamente o Escutismo.

Em 1917 fez ensaios clandestinos de Escutismo, em Mouscron (Bélgica), e redigiu a sua mais célebre obra ‘O Escutismo’. Neste livro desenhou os princípios gerais do Escutismo Católico, na mais estrita fidelidade às intuições de B-P mas dando-lhe o complemento decisivo de uma leitura à luz do Evangelho. Em 1921 foi condecorado por B-P com a mais alta condecoração escutista: o Lobo de Prata.

Em 1924 foi chamado a Roma para aí ‘defender’ o Escutismo, tendo reunido com membros de diferentes dicastérios e, inclusive, com o Santo Padre Pio XI (várias dúvidas eram levantadas, nomeadamente uma certa suspeição derivada da origem anglicana de B-P e ainda uma certa aparência de neo-paganismo panteísta na relação entre o Escutismo e a Natureza). Depois de o escutar, o Sumo Pontífice terá afirmado: “nós só temos a desejar o crescimento da vossa obra, não apenas em quantidade, mas também em qualidade; se bem que em obras deste género a quantidade também tem a sua importância”.

Desta viagem, o Pe. Sevin extraiu, com humildade, cinco lições: firmeza nos princípios e na sua aplicação; noção mais exata da fraternidade; maior ligação às outras obras católicas; prudência; equilíbrio entre as coisas religiosas e a sua estima pelo Escutismo.

Em 1945 fundou a Congregação de Santa Cruz de Jerusalém.

Atualmente o seu processo de (eventual) beatificação encontra-se em curso.

Baden-Powell terá afirmado: “A melhor realização do meu pensamento é aquela de um jesuíta francês”, referindo-se ao Pe. Sevin (Cfr. Website dos SGdF)

 

2. O seu contributo para o Escutismo Católico

Em primeiro lugar importa referir que ainda antes de o Pe. Sevin ter desenvolvido o seu projecto, já havia grupos católicos dentro do Escutismo. O caso mais antigo conhecido é o de um grupo de Mouscron (Bélgica) que recebeu uma resposta de apreço da parte do Secretário de Estado da Santa Sé, o Cardeal Merry del Val, em resposta a uma carta que o professor Jean Corbisier endereçara ao Papa Pio X. Sua Santidade recebera com agrado as notícias constantes na carta sobre as actividades daquele grupo, dando conta da evolução do Escutismo no seio católico, e enviara da sede de Roma a sua Bênção Apostólica para o referido empreendimento (18 de Janeiro de 1913).

Em Itália, Mario Falconieri, Conde ‘di Carpegna’, viajou até Londres em 1915 onde teve contacto com B-P e com o Cardeal Bourne, com o intuito de fundar uma Associação Escutista Católica em Itália, o que aconteceu no ano seguinte.

Outros casos análogos podem ter ocorrido noutros países, ainda antes do Pe. Sevin estabelecer as bases teóricas do ‘Escutismo Católico’. Contudo, é inegável ter sido ele a figura determinante do estabelecimento das bases desta forma específica de aplicação do Escutismo: o ‘Escutismo Católico’ é, antes de tudo, verdadeiro ‘Escutismo’ que se limita a aplicar o pensamento de B-P quando se refere à importância da religião no Escutismo. Como afirmava o Pe. Sevin, “a religião é a base do Escutismo”.

Em 1920, por ocasião do Jamboree de Londres, o Pe. Sevin, o Conde Mario di Carpegna e o Professor Jean Corbisier estabeleceram as bases para o nascimento do organismo internacional de Escutismo Católico que hoje existe com o nome de ‘Conferência Internacional Católica do Escutismo’ (CICE), do qual o CNE é membro.

A interpretação que o Pe. Sevin fez da Lei do Escuta à luz do Evangelho e em referência a este, é ainda hoje modelo inspirador para a nossa reflexão.

 

3. A relação entre esse contributo e o CNE

Ao ler o livro ‘O Escutismo’ fica a sensação de estar ali plasmada a natureza do próprio CNE, a que não é alheio o facto de termos tido sempre proximidade com o Escutismo católico francês. Foi, aliás, graças à mediação dos ‘Scouts de France’ e, em especial do Pe. Sevin, que o CNE (CNS na altura) obteve a sua aprovação internacional. Efetivamente, tendo sido diretamente inspirado nos Escuteiros Católicos Italianos, o CNE foi sendo construído na linha da fidelidade aos princípios originais ingleses, iluminados pela novidade do Evangelho que o Escutismo católico francês veiculava. Esses aspectos constituem ainda hoje a matriz do CNE.

Poder-se-ia sugerir a seguinte síntese do que é o Escutismo Católico: o fim último a que se refere é o Reino dos Céus (o seu acolhimento e construção, na abertura à Graça); tem uma dimensão eminentemente comunitária de vivência da fé; insere-se na comunhão da Igreja, mediante a promoção da vocação batismal; tem no Evangelho a sua Lei suprema, que ilumina de modo novo e original a Lei do Escuta; traduz-se na vivência de uma Mística e Simbologia espirituais.

Por último, um dos grandes legados que o Pe. Sevin ofereceu ao Escutismo Católico foi a belíssima ‘Oração do Escuta’, de origem inaciana e adaptada para o Escutismo por ele, tantas vezes rezada pelos escuteiros: “Senhor Jesus ensinai-me a ser generoso, a servir-Vos como Vós o mereceis, a dar-me sem medida, a combater sem cuidar das feridas, a trabalhar sem procurar descanso, a gastar-me sem esperar outra recompensa, senão saber que faço a Vossa vontade santa. Ámen”.

 

_______________


SABIA QUE

Sabia que... nos dias 5 e 6 de março de 1929, Lisboa testemunhou a primeira visita de Baden Powell. O fundador e Chefe Mundial do Escutismo foi recebido por cerca 500 escuteiros.  Ao jornal da época, ‘As Novidades’, Baden Powell disse: “Não esperava esta receção ruidosa. A viagem tem sido excelente. O Escutismo é um movimento que triunfa.”

texto pelo Pe. Rui Silva
A OPINIÃO DE
Guilherme d'Oliveira Martins
Quando Jean Lacroix fala da força e das fraquezas da família alerta-nos para a necessidade de não considerar...
ver [+]

Tony Neves
É um título para encher os olhos e provocar apetite de leitura! Mas é verdade. Depois de ver do ar parte do Congo verde, aterrei em Brazzaville.
ver [+]

Tony Neves
O Gabão acolheu-me de braços e coração abertos, numa visita que foi estreia absoluta neste país da África central.
ver [+]

Pedro Vaz Patto
Impressiona como foi festejada a aprovação, por larga e transversal maioria de deputados e senadores,...
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES