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Das plantações de chá do Sri Lanka chega-nos um pedido de ajuda
Uma casa para todos
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São apenas 53 famílias. Confundem-se com os mais pobres dos pobres. Mas ali, em Maliboda, nas montanhas cobertas de verde das plantações do famoso chá de Ceilão, todos os conhecem. São os Cristãos. Num mundo budista, numa região marcada pelo trabalho duro a que ninguém escapa, nem mulheres nem crianças, estas famílias cristãs querem fazer renascer das ruínas a velha capela, transformando-a num lugar especial onde todos se sintam em casa…

 

O chá do Ceilão é dos mais conhecidos e afamados em todo o mundo. Apesar de este país, que chegou a fazer parte do Império Português, ter mudado de nome para Sri Lanka em 1972, o chá manteve-se fiel às origens. Dificilmente se imagina todo o trabalho árduo, minucioso e pesado que ocorre desde a colheita na plantação de chá até à chávena. É um trabalho duro feito por homens e mulheres que, normalmente, pertencem aos mais pobres da sociedade. É duro e mal pago. Mais de metade dos trabalhadores de chá são mulheres. É assim no Sri Lanka e é assim em Maliboda, uma paróquia na região de Daraniyagala. É aí que vamos encontrar uma pequena comunidade cristã. São como uma pequena ilha num país essencialmente budista. Em Maliboda vivem 53 famílias católicas. Todos dependem do trabalho nas plantações de chá. A vida é dura nas montanhas. A esmagadora maioria da população é analfabeta. As casas são muito precárias, os caminhos difíceis e as crianças, quando se tornam suficientemente altas para chegar às folhas dos arbustos, quando se tornam suficientemente robustas para trabalhar, são enviadas também para as plantações. É uma vida rude, sem grandes horizontes, marcada apenas pelo trabalho que é pago ao dia, à jorna.

 

Atentados terroristas

Quando chove muito intensamente torna-se impossível a colheita das folhas de chá e as famílias ficam sem trabalho, sem salário e sem sustento. A pobreza acentua-se em Maliboda quando o tempo se torna mais agreste, quando as nuvens descarregam chuvas inclementes. A Igreja desempenha, também por isso, um papel essencial no apoio a estas famílias humildes que mal conseguem sair da miséria em que já nasceram. A Igreja Católica desenvolve, de facto, um trabalho notável nesta região. Todos são acolhidos e apoiados nas suas necessidades, independentemente de serem cristãos ou budistas ou hindus. A porta está sempre aberta. “Todos testemunham o amor de Cristo e vivem em harmonia uns com os outros”, explica o Pe. Sanjeewa Peiris, da Diocese de Ratnapura, a que pertence a Paróquia de Maliboda. O papel que a Igreja desempenha na harmonia entre comunidades é muito significativo, até porque o Sri Lanka tem vindo a registar um aumento de incidentes por parte de grupos extremistas que olham com algum desprezo e desconfiança para as minorias religiosas, nomeadamente os Cristãos. Na memória de todos estão ainda os terríveis atentados terroristas de Domingo de Páscoa de 2019, em que 267 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas na sequência de ataques suicidas de organizações radicais islâmicas em três igrejas e três hotéis na cidade de Colombo, a capital do país.

 

Antigo armazém

Por tudo isso, a pequena comunidade cristã de Maliboda anseia por ter uma capela que seja a casa comum para todos os que vivem por ali. O problema é que o edifício existente está em ruínas. Na década de 50 do século passado, a Igreja recebeu um antigo armazém da plantação de chá. Estava desocupado e por isso foi entregue à comunidade cristã que o adaptou para servir de capela. E tem sido assim desde então. Mas as fortes chuvas que impedem por vezes os trabalhos da colheita do chá também foram deixando marcas no edifício que, aos poucos, foi ficando mais e mais debilitado ao ponto de, hoje em dia, ser quase uma ruína. Há mesmo o risco de partes do edifício poderem colapsar.

 

Concretizar o sonho

A inutilização da capela tem sido particularmente sentida pela população local. Deixou de haver um espaço para a celebração da Missa, deixou de haver um lugar para as aulas de catequese, deixou de haver um espaço para as pessoas se encontraram. Todos, em Maliboda, anseiam pelo dia em que a capela volte a abrir as suas portas. Mas, para isso, são precisas muitas obras. A começar pelo telhado. São necessários também novos pilares, é preciso substituir toda a estrutura em madeira, assim como a instalação eléctrica. Além disso, o edifício, que é muito pequeno, precisa também de obras de ampliação. Para concretizarem o sonho de uma capela renovada, os Cristãos de Maliboda pediram ajuda à Fundação AIS. Todos, por ali, têm vindo a contribuir para que as obras sejam possíveis, mas são demasiado pobres para conseguirem reunir os cerca de 10 mil euros necessários para que a capela deixe de ser um edifício em ruínas e se torne na casa de oração de toda a comunidade. Num mundo budista, numa região marcada pelo trabalho duro a que ninguém escapa, nem mulheres nem crianças, estas 53 famílias cristãs querem fazer renascer a velha capela, transformando-a num lugar especial onde todos se sintam em casa… Vamos ajudar?

texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
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